A celebração do segundo aniversario
do novo nome da cidade, aconteceu no dia 25 de março de 1945. Às noticias da
Europa eram alentadoras. Pelo velho radio da sala, Rubião Rocha ouvia as
noticias da guerra. Os aliados libertaram Paris no ano passado e avançavam em
direção à Alemanha onde Hitler tinha concentrado as exíguas forças do seu
exercito. Os ingleses, franceses, americanos e soviéticos, avançavam sobre
Berlim e era só questão de semanas para que terminara a segunda grande guerra.
Em Inajá, a guerra não trouxera
consequências importantes. Exceto pela produção de cana de açúcar que no Estado
que diminuiu ao longo dos anos, mas a vida das pessoas não mudou muito.
A pequena Vila do Espírito Santo
tinha se transformado no município de Inajá em 1943 graças ao contato que o
Coronel Bezerra tinha com o então governo estadual de Pernambuco.
E, como prefeito, Damásio Bezerra
organizou uma festa na pequena cidade. Ele contratou uma banda folclórica de
Recife, um pequeno circo da cidade vizinha de Arcoverde e um teatro de rua da
capital.
Uma Quermesse se instalou na praça
principal frente à Igreja do Espírito Santo, a matriz da nova cidade.
A medida que se aproximava a data da
festa, alguns visitantes chegavam a Inajá, entre eles, a família Tristão.
Desde que se encontrara com Alma
naquela tarde a beira do rio, Guto Tristão não teve mais oportunidade de
revê-la a sós. Exceto algumas visitas feitas ao velho Malta em que vira a menina
furtivamente, não trocou uma palavra mais com ela.
Augusto convidara os pais e a irmã
para conhecer a cidade no final de semana, que coincidia com a festa. Toda a
família chegou à cidade na tarde de sexta feira. O único hotel da cidade ficara
lotado de visitantes, incluindo toda a família do doutor Augusto.
A Quermesse foi inaugurada
oficialmente na noite de sexta feira, porem, só os irmãos de Alma
compareceram. Ela preferiu ficar em
casa, pois estava com dor de cabeça e queria se preparar só para o dia
seguinte.
No sábado de manhã, às 11hs, uma
Missa solene deu inicio às celebrações em Inajá. Os Rocha estavam presentes e
também os Tristão. Durante a cerimônia, o doutor Augusto não tirava os olhos de
Alma, que em algumas ocasiões retribuiu o olhar em forma tímida e algo nervosa.
Na saída da Igreja, Augusto
apresentou os pais e a irmã para o seu Rubião e para a dona Dadá Rocha.
Clemencia Tristão observou muito bem a menina tímida e bonita que estava na sua
frente. Percebeu os olhares do irmão para com ela, e considerou que a moça era
não só bonita, mas também tinha um ar angelical. Gostou dela no primeiro instante
em que a viu.
Num momento, conseguiu afasta-la da
mãe e teve uma breve conversa com a moça.
- Alma, é um lindo nome – disse
Clemencia sorrindo – e você é muito bonita.
- Obrigada, a senhorita é muito
gentil.
- Só falo a verdade. Você é daqui
mesmo, digo, de Inajá?
- Sim, nasci aqui.
- Pois o meu irmão parece gostar
muito da cidade, e também da sua família.
- Graças a ele, o meu avô melhorou
muito. Ele estava internado em Recife e o doutor Augusto cuidou dele lá. Então,
quando ele veio morar aqui, continuou cuidando dele e o meu avô está muito
melhor, graças a Deus.
- Que bom!. Espero que possamos nos
ver hoje na festa. Você vai vir?
- Claro. Já estou me preparando. E
espero que possamos nos ver novamente.
- Claro que sim. Prazer Alma, até
mais tarde.
- O prazer é todo meu.
Augusto aproximou-se da irmã e
perguntou:
- Vejo que já conheceu a beldade da
cidade!
- Sim, Alma é uma moça encantadora.
Gostei dela. Vamos nos encontrar na festa.
Augusto sorriu.
- Que bom que gostou dela, porque eu
também gosto muito!
Clemencia sorriu, e pela primeira vez
em muito tempo, viu um brilho de felicidade nos olhos do irmão mais velho.
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