domingo, 9 de novembro de 2014

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO



FELICIDADE

Felicidade não existe tentando entender a complexidade e o mistério da vida. Felicidade é ter o autoconhecimento de que a vida tem que ser vivida com muita fé e, muita esperança de que um dia, compreenderemos todo o mistério da nossa essência de ser vivos.

O MAR








É pelas manhãs muito cedo em que o mar se manifesta com seu real esplendor. As ondas brancas beijam a praia deixando no ar uma sensação de esquisita salinidade. De repente todo esse volume de agua escura, transforma-se numa enorme combinação de azul, verde e branco. As ondas tomam conta da praia, o barulho do mar se dobra em mil sons aos que tem o privilégio de estar em frente à praia.
O mar é um ser inatingível, uma coisa de outro mundo e deste mundo ao mesmo tempo. É o lugar de todos os mistérios humanos e não humanos, é um enigma da natureza, como dizia Clarice Lispector “um ser inatingível”. Olhando para o mar sinto a minha humanidade em toda sua dimensão, olhando para o mar posso sentir o vento da vida que ela me traz, posso sentir o respirar da natureza, talvez porque sejamos maior parte agua no nosso corpo. Então o sol aparece e ele muda de cor, fica mais brilhante, menos ameaçador. Agora é hora de entrar no mar e se aprofundar nas suas aguas deliciosas que limpam todos os pecados humanos e nos une à sua essência natural. Ao meio dia o mar adquire o seu maior momento de relaxamento. As ondas são mais suaves e menos barulhentas, o ruído do mar se confunde com os gritos dos banhistas, dos pescadores, dos surfistas.
Quando chega o momento mágico do pôr do sol, então o mar reveste-se de todo o seu encanto. As ondas voltam a ser altas e perigosas, mas não ameaçadoras, porque as aguas do oceano beijam a terra como se fosse um beijo de despedida. É o momento da inspiração, igual ao da manhã, em que nossos pensamentos, junto com o barulho das ondas, nos convidam a elaborar histórias de vida, a analisar o nosso presente e a sonhar com o nosso futuro.
O mar, o mais inatingível dos seres animados, fonte de inspiração e de sonhos humanos e possíveis. O encontro com o mar é o momento mais revelador de nossa humanidade.

sábado, 8 de novembro de 2014

AS CRISES NOSSAS DE CADA VIDA



O que mais ouço e também o que mais me acontece na vida é que sem prévio aviso estamos nas portas de uma crise. Todo tipo de crise. Como posso definir uma crise? Acho que é uma situação, um estado que mexe com o equilíbrio ténue e fugaz da nossa vida. Confronta-las, muitas vezes é um problema, e muitas vezes não sabemos como sair delas.
As crises também são benéficas, porque elas alteram nossa rotina, muitas vezes petrificadas em comportamentos e situações e, nos obrigam a repensar nossa existência, nossos medos e novos desafios. Sem crise, a humanidade não teria avançado, sem crise o mundo não teria evoluído ao que é agora, não teríamos inventado tantas coisas que hoje fazem parte do nosso dia a dia.
Não é que desejo que as crises sejam constantes, pois ai seria o caos. Desejo que, ao menos, muito de vez em quando, elas apareçam para nos obrigar a crescer, a sair dessa inercia e chatice em que muitas vezes nos encontramos.
Enfrentar uma crise e vence-la, seria como improvisar um “ato gratuito”. Estas palavras as li na obra de Clarice Lispector em que ela dizia:” Muitas vezes o que me salvou foi improvisar um ato gratuito. Ato gratuito, se tem causas, são desconhecidas. E se tem consequências, são imprevisíveis.
O ato gratuito é o oposto da luta pela vida e na vida. Ele é o oposto da nossa corrida pelo dinheiro, pelo trabalho, pelo amor, pelos prazeres, pelos tâxis e ônibus, pela nossa vida diária enfim- que esta é toda paga, isto é, tem o seu preço”
Ou seja, um ato gratuito seria aquele que te faz enfrentar uma crise, que te faz tomar decisões e te faz solucionar problemas na vida. É ai em que reside, talvez entender, em parte, o complexo milagre da vida.