É pelas manhãs muito cedo em que o mar se manifesta com seu
real esplendor. As ondas brancas beijam a praia deixando no ar uma sensação de
esquisita salinidade. De repente todo esse volume de agua escura, transforma-se
numa enorme combinação de azul, verde e branco. As ondas tomam conta da praia,
o barulho do mar se dobra em mil sons aos que tem o privilégio de estar em frente
à praia.
O mar é um ser inatingível, uma coisa de outro mundo e deste
mundo ao mesmo tempo. É o lugar de todos os mistérios humanos e não humanos, é
um enigma da natureza, como dizia Clarice Lispector “um ser inatingível”.
Olhando para o mar sinto a minha humanidade em toda sua dimensão, olhando para
o mar posso sentir o vento da vida que ela me traz, posso sentir o respirar da
natureza, talvez porque sejamos maior parte agua no nosso corpo. Então o sol
aparece e ele muda de cor, fica mais brilhante, menos ameaçador. Agora é hora
de entrar no mar e se aprofundar nas suas aguas deliciosas que limpam todos os
pecados humanos e nos une à sua essência natural. Ao meio dia o mar adquire o
seu maior momento de relaxamento. As ondas são mais suaves e menos barulhentas,
o ruído do mar se confunde com os gritos dos banhistas, dos pescadores, dos
surfistas.
Quando chega o momento mágico do pôr do sol, então o mar
reveste-se de todo o seu encanto. As ondas voltam a ser altas e perigosas, mas não
ameaçadoras, porque as aguas do oceano beijam a terra como se fosse um beijo de
despedida. É o momento da inspiração, igual ao da manhã, em que nossos
pensamentos, junto com o barulho das ondas, nos convidam a elaborar histórias
de vida, a analisar o nosso presente e a sonhar com o nosso futuro.
O mar, o mais inatingível dos seres animados, fonte de
inspiração e de sonhos humanos e possíveis. O encontro com o mar é o momento
mais revelador de nossa humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário