O que mais ouço e também o que mais me acontece na vida é que
sem prévio aviso estamos nas portas de uma crise. Todo tipo de crise. Como
posso definir uma crise? Acho que é uma situação, um estado que mexe com o equilíbrio
ténue e fugaz da nossa vida. Confronta-las, muitas vezes é um problema, e
muitas vezes não sabemos como sair delas.
As crises também são benéficas, porque elas alteram nossa
rotina, muitas vezes petrificadas em comportamentos e situações e, nos obrigam
a repensar nossa existência, nossos medos e novos desafios. Sem crise, a
humanidade não teria avançado, sem crise o mundo não teria evoluído ao que é
agora, não teríamos inventado tantas coisas que hoje fazem parte do nosso dia a
dia.
Não é que desejo que as crises sejam constantes, pois ai
seria o caos. Desejo que, ao menos, muito de vez em quando, elas apareçam para
nos obrigar a crescer, a sair dessa inercia e chatice em que muitas vezes nos
encontramos.
Enfrentar uma crise e vence-la, seria como improvisar um “ato
gratuito”. Estas palavras as li na obra de Clarice Lispector em que ela dizia:”
Muitas vezes o que me salvou foi improvisar um ato gratuito. Ato gratuito, se
tem causas, são desconhecidas. E se tem consequências, são imprevisíveis.
O ato gratuito é o oposto da luta pela vida e na vida. Ele é
o oposto da nossa corrida pelo dinheiro, pelo trabalho, pelo amor, pelos
prazeres, pelos tâxis e ônibus, pela nossa vida diária enfim- que esta é toda
paga, isto é, tem o seu preço”
Ou seja, um ato gratuito seria aquele que te faz enfrentar
uma crise, que te faz tomar decisões e te faz solucionar problemas na vida. É
ai em que reside, talvez entender, em parte, o complexo milagre da vida.
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