sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SINFONIA PAULISTANA


Amanhece um novo dia na metrópole. As vezes acordo com dificuldade, como ainda preso no meu corpo adormecido. A cidade também parece acordar, algo intumescida, sumida nas névoas, ou simplesmente impávida. Mas não, a cidade não acorda, ela nunca dorme, ela só se acomoda.
Então as minhas mãos dormentes ligam o radio, como todas as manhãs e escuto a sinfonia paulistana...Uma canção que muitos detestam mas que eu amo porque traduz, em poucas palavras, o que é São Paulo.

“Começou um novo dia, já volta quem ia, o tempo é de chegar. Do metrô chego primeiro, se o tempo é dinheiro, melhor vou faturar”

Um novo dia começou. A cidade simplesmente mantém o seu ritmo de vida. Por todos os lados, um formigueiro de gente entrando e saindo dos becos, das esquinas, das estações do metrô, dos ônibus, dos carros...O transito enfurecido começa a ficar lento para agonia de muitos.

“Sempre ligeiro na rua, como quem sabe o que quer. Vai o paulista na sua, para o que der e vier”

Nas ruas da cidade, os pedestres correm, como competindo com os motoristas, porque a hora apressa e não se pode perder tempo..

“A cidade não desperta, apenas acerta a sua posição. Porque tudo se repete as sete, e as sete explode a multidão”.

A cidade acertou os ponteiros da sua posição, como um relógio perene. Olhos de todas as cores observam o horário das ruas e vão acelerando os passos. Já são sete horas. O rodízio de veículos obriga a estar no lugar necessário até as sete. Todos somos obrigados a isso. Parecemos escravos do horário. Não há como fugir dele.

“Bombas de aço levantam. Todos parecem correr. Não correm de, correm para, para São Paulo crescer”

Então começa o barulho da construção, os prédios adquirem textura segundo a luminosidade do sol. A selva de pedra se eleva. Todos estamos apostos. A cidade vibra com a efervescência das suas esquinas, das fábricas, do tráfego, da sua própria vida. Mas também há partes do corpo desta cidade que parecem anestesiadas. O parque do Ibirapuera, um oásis de paz e tranqüilidade no meio de um oceano de caos e cacofonia. Muitos corredores começam cedo os seus treinos, sem pensar no que o dia trará. Eis o refugio da mente para a crua realidade.

“Vambora, vambora, vamobora.. Olha a hora, vambora, vamobora...Vambora”

Ai, escuto o terrível momento. A hora. Quase sempre isso me obriga a levantar.

“No espigão da Paulista, são sete horas. Primavera brasileira. 15 graus.

Eis a sinfonia da realidade paulistana. Eis o começo do dia a dia, das lutas, dos ganhos e das perdas. A sinfonia da cidade é a sinfonia de milhões de vidas. É a sinfonia paulistana.

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