Clarice Lispector escreveu na sua obra Água Viva que “algo
está sempre por acontecer” referia-se ao leque de possibilidades que é nossa
vida para experimentar novos desafios, sensações novas e sentimentos novos.
Isso é a base da nossa existência: a experimentação e o fascínio que ela nos
traz.
Vivemos, com já disse algum tempo atrás, na invasão
tecnológica, nos tempos em que a realidade virtual está nos rodeando e
ameaçando a nossa velha forma de vida. Não que eu ache que a realidade virtual não
seja interessante, mas só como uma forma de experimentação. Ela não pode, jamais,
substituir a experiência como fonte certa de aprendizagem e de evolução. Quero
dizer que, com os avanços dos meios de comunicação, da Internet, das redes
sociais, o que importa é o tempo real e virtual quase simultâneo, e esquecemos
que também precisamos de um tempo para experimentar, apreender, analisar e
elaborar todos os fenômenos da vida para assim poder utilizá-los corretamente.
Não estou dizendo que a tecnologia nos mudou, nós precisamos
respirar e parar para pensar como lidamos com ela, e como ela pode nos ser útil
para nossa vida e para nossa evolução como seres humanos.
Hoje acordei pensando em como fazer para que a tecnologia não
atrapalhe os meus supremos instantes de meditação pessoal e de elaboração de
pensamentos. Essa volta às origens
primitivas e indispensáveis da experimentação, é vital para não perder o
milagre de aprender com qualidade.