quinta-feira, 31 de outubro de 2013

SINFONIA DE PRIMAVERA

Brisa matutina chuva deserta e seca Brios de amor e ternura No outubro de paixão, e poesia. Sons multiformes e etéreos Festa de luz e de sol nascente Festival de cores incandescentes Caleidoscópio de emoções ardentes É primavera, efêmera, no vasto infinito azul de eterna espera A fantasia mistura-se com a euforia e a esperança debruça-se na alegria Poderoso raio, sol luminoso anuncia no estalo da alvorada que é tempo de sonhos, de vagalumes e fadas.

DIA D: HOMENAGEM AO POETA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

E AGORA, SEU CARLOS? E agora, seu Carlos, Drummond e poesia? A sua obra expressa, a mais pura sabedoria Expressa a vulnerabilidade; a sua imortalidade! E agora, seu Carlos Drummond e fantasia? Sua obra reflete, a melancolia e a euforia, de nossas vidas. E agora, seu Carlos? Há muitas pedras no meio do caminho, Mas prometo que elas, não me afastarão do prazer de ler a sua poesia Que é sabedoria, da própria vida! E agora, seu Carlos? Hoje, os meus parabéns vem do coração sincero, de um apreciador singelo da sua eterna poesia!. PARABÉNS POETA!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

ALMA, A FILHA DO DESTINO CAP. II PARTE III

Fazia muito calor nessa tarde de verão quando Alma, uma rapariga bonita e bem disposta, de apenas quinze anos, debruçava-se nas águas do Moxotó com um prazer de dar inveja a qualquer ser humano. Ela, como sempre, concentrada no seu único e individual prazer de se banhar nas águas mornas do rio, não percebera que estava sendo observada a prudente distancia. Augusto Tristão tinha resolvido aproveitar a folga do sábado para dar um passeio pelas redondezas da cidade e foi parar na beira do rio. Já estava a alguns meses exercendo a medicina em Inajá e ficara conhecido em toda a região em pouco tempo. Era um medico exemplar e atendia os pacientes muito bem. A miraculosa recuperação do velho Malta era atribuída a ele, e sentiu-se muito a gosto morando naquela região. Então o destino o levou às ribeiras do Moxotó nessa tarde quente de sábado e viu a neta do seu Malta banhando-se como se fosse uma sereia encantada, saída de um livro de fadas. No começo, observou a moça com interesse e satisfação desde a trilha que levava ao rio. Como Alma não percebera a presença do médico, ele parecia estar absorvido por aquela visão. Sim, pensou, essa menina não é só bela, tem algo que gostaria de descobrir, ela parece ser uma menina especial. A imagem daquela rapariga, sereia, fada, ou simplesmente uma menina do sertão bela e atraente, o deixou no ar. Guto compreendeu que estava inevitavelmente atraído por Alma. O encanto do momento foi quebrado pela aparição de um velho índio que dirigiu-se à moça. Eles se conheciam, pensou Augusto. A moça saiu da água e conversava com o velho de forma intimista. Ela sorria e o estranho personagem parecia dar umas instruções que a menina parecia aceitar com interesse. Pouco tempo depois, o bruxo desapareceu pela trilha oposta do rio, e nesse momento, Alma percebeu sua presença. Ficou um tanto assustada. Augusto levantou a mão como cumprimento e, ela acenou com a cabeça. Depois nadou até a outra beira do rio onde se encontrava o jovem médico. - Olá, como vai o doutor? - Olá Alma, estava passeando e vi você nadando. - Sim, venho sempre aqui – disse a moça mostrando o belo sorriso – quer nadar um pouco? - Não, não – disse Augusto sorrindo também - ,não trouxe as roupas adequadas, mas se quiser, posso te acompanhar um pouco? - Claro.... – disse a moça sentando num pequeno tronco a beira do rio – Como está o meu avô? - Muito bem. Ele é forte, vai se curar logo, logo. - Graças ao doutor.. - Não, nada disso. Me chame de Augusto. - Augusto,..... – disse a moça olhando para o horizonte além do rio – bonito nome. - O seu nome que é bonito: Alma....combina com você... Alma olhou bem nos olhos dele. Por um momento, observou a profundeza da alma de Guto. Aquilo a assustou e levantou-se rapidamente. - Devo ir agora Doutor... - Augusto.. - Augusto, nos vemos por ai... - Mas, não pode ficar mais? - Devo ajudar a minha mãe na casa...desculpe...tchau... - Tchau – disse Augusto algo decepcionado. Assim acontecera este encontro, o segundo entre os dois, mas talvez o mais importante. Quando Augusto viu a moça correr pela trilha que a levava para casa, sentiu o seu coração se encher de alegria. Estava apaixonado. *******

REFLEXÕES DO COTIDIANO

O LONGO OUTUBRO DE 2013 OU A PRIMAVERA AGITADA DE NOSSAS VIDAS. Para muitos é um mês como outro qualquer que se despede nas brumas do calendário gregoriano de 2013. Para outros (e estou nesse grupo), OUTUBRO de 2013 ficará na historia da minha vida como um mês de primaveras agitadas, de conflitos singulares, de extraordinários sucessos, tanto para a minha satisfação como para minha decepção. Às manifestações de junho deixaram sequelas por todo o País. E não só digo pela aliança de Marina Silva (que não conseguiu a aprovação do seu partido Rede Sustentável e aliou-se ao PSB do governador Eduardo Campos), mas também pelas depredações e o vandalismo praticados pelo grupo chamado de “black blocks” em varias cidades. Isso gera uma mistura de comoção social e de profunda aversão à violência que se vê todos os dias a partir de protestos justos, como a dos professores em greve. Nenhum escândalo internacional adquiriu tanto interesse como a da espionagem do governo americano sobre os principais líderes europeus e do Brasil. Isso gerou uma serie de posições no alto escalão dos governos afetados que exigem dos EUA uma revisão na sua política internacional. Por outro lado, o horário verão (outro presente de Outubro) aumentou nosso sono de manhã cedo e prolongou a nossa agonia com as noticias lamentáveis sobre a invasão do grupo de ativistas em defesa dos animais a um laboratório de pesquisas cientificas em São Roque, no interior de São Paulo, resgatando quase 200 cães da raça beaggle que estavam sendo utilizados em testes cosméticos. Isso causou uma indignação geral e trouxe à discussão sobre o uso de animais para testes científicos e sobre a sua legitimidade moral. É natural que, no século XXI, um século de grandes mudanças de pensamentos como o da biodiversidade, de respeito pela natureza, de defesa dos animais, uma noticia dessas provoque uma celeuma incrível. Isso provocou em mim um pensamento íntimo sobre a crueldade no tratamento dos animais por parte de grupos específicos, sejam científicos ou não. Aqueles que não respeitam à natureza e os seres vivos que pertencem a ela, tem a alma cruel. Isto fere a minha humanidade, destrói o meu coração e me enche de apreensão respeito ao futuro e ao mundo em que vivemos. Culturalmente falando, a 37 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo fez um merecido homenagem ao diretor Stanley Kubrick e a apresentação para o público alternativo de sempre, os seus filmes mais famosos: “2001 Odisseia no espaço”, “O Iluminado”, “Laranja Mecânica”, “Spartacus”, entre outros. A Primavera de outubro, com suas luzes e sombras ficará na minha historia pessoal como um lapso de memórias furtivas, tristes, alegres, frescos amanheceres e estranhas noites. Mas isso é a vida, isso é o tempo, isso é Outubro.

PEQUENO DICIONARIO INTIMO

CELEUMA Algazarra, barulho, ruído. Chamar a atenção, alvoroço, tumulto. No mundo em que vivemos, ao invés de praticar a discrição, o silencio e a introspecção interior, preferimos a “celeuma”, para chamar a atenção sobre nos mesmos.

domingo, 13 de outubro de 2013

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.II PARTE 2)

O doutor Augusto Tristão filho chegou à Inajá numa noite de quinta-feira. Era pleno verão e o calor era insuportável. Hospedou-se no pequeno - e único – hotel da cidade: “Hotel Espírito Santo” e logo percebeu que, tanto no hotel como em qualquer outro estabelecimento de Inajá, o conforto era mínimo. Mas, pensou, ele estava ali para atender, curar e salvar pessoas, portanto, tomou banho e deitou-se exausto. Na manhã seguinte, sexta feira, acordou bem cedo. Tomou café da manhã no pequeno restaurante do hotel e foi até a prefeitura. Caminhou pela rua principal da cidade e observou que as casas eram simples, bem estilo sertão nordestino, algumas com corredor exterior, outras com largas calçadas. Viu uma pequena farmácia, uma pequena sorveteria, uma pequena igreja. Tudo era pequeno. E, na esquina da rua que levava à prefeitura, viu uma velha e grande casa em cuja parede estava escrito:: “Posto Malta”. Lembrou-se do velho Malta, seu paciente, e na volta passaria para cumprimenta-lo. Na Prefeitura, ele se apresentou a Damásio Bezerra, o prefeito. A autoridade o recebeu imediatamente no seu escritório pequeno e desajeitado, com um sorriso um tanto forçado. - Doutor Tristão, seja bem vindo. É um prazer recebê-lo em Inajá – disse indicando a cadeira para sentar-se. - O prazer é todo meu senhor Prefeito. - Esta bem instalado no hotel? - Sim, senhor, obrigado. Augusto Tristão gostava de analisar e descrever pessoas. A que estava diante dele era um homem de meia idade, calvo, alto, mais alto que ele, com bigodes e cabelos grisalhos. Devia ter uns cinquenta e cinco anos, mais ou menos, e tinha olhos escuros que lhe davam uma seriedade e austeridade notória. Raras vezes sorria, e quando o fazia parecia ser um sorriso controlado e bem dirigido. Não era espontâneo, olhava fixamente o interlocutor antes de falar, e dava a impressão que tudo o que falava era bem pensado. Isso era um traço de inteligência, mas também podemos concordar que era um traço um tanto maniqueísta. Bem, algo típico das pessoas que detinham o poder, em qualquer circunstancia. - Vou leva-lo ao hospital. As instalações não são lá essas coisas, mas prometo por tudo em ordem para o senhor. - Soube que meu antecessor faleceu há dois anos. - Sim, uma pena. O doutor Cunha foi o nosso eterno médico Foi difícil conseguir um substituto. Mas aqui esta o senhor, e espero que e acostume a Inajá. - Vou me acostumar sim, senhor. - Ótimo. Então vamos.

O HOMEM QUE RI: Uma versão light de Victor Hugo

Lembro-me muito bem quando o li. Tinha quatorze anos, e fiquei fascinado pela obra do genial escritor francés. Já tinha lido “Os Miseráveis”,no ano anterior, mas “ O Homem que Ri” me deixou impressionado por muitos motivos. Victor Hugo é na minha opinião, o escritor que mais soube escrever e descrever a desgraça humana, o destino dos menos favorecidos, a essência dos pobres, nisso, talvez se pareça um pouco com Dostoievsky mas sem a sua alma lúgubre e um tanto sombria. Nesta obra, Hugo descreve a historia de um menino desfigurado, deformado e com um destino triste e terrível. Mas a vida o leva até a alta aristocracia inglesa do século XVII e ali ele encontra a redenção. Agora, Jean Pierre Améris, diretor francés, nos apresenta uma nova versão cinematográfica de O HOMEM QUE RI, uma versão mais suave do livro de Hugo. Améris buscou o frescor contemporâneo ao contar pela terceira vez no cinema a historia triste do garoto de rosto deformado que faz com que pareça estar sempre sorrindo. O filme de Améris busca um desenho visual contemporâneo para essa historia escrita no século 19 e ambientada no 18. A atmosfera opressiva sugerida por Victor Hugo nesse extraordinário romance barroco é atenuada. As cores sugerem uma atmosfera de Tim Burton, mas, muitas vezes, esse visual se aproxima do kitsch. Se vou descrever a minha opinião sobre este filme, talvez seja a de ser um filme leve, muito leve para uma historia pesada como o chumbo. Ao invés de nos levar ao sofrimento, prefere ser ligeira e remediável. Isso não torna o filme de Améris ruim, simplesmente o deixa menor do que poderia ser.