domingo, 31 de janeiro de 2016

PENSAMENTOS DE JANEIRO





PENSAMENTOS DE JANEIRO



“Sol raivoso e chuvas torrenciais. Até no caos existe a inspiração”

“Verão em alta: dias ensolarados, noites estreladas, a esperança no novo ano adquire contornos surpreendentes”

“Janeiro. Festa do sol. Ânimo novo para o novo ano. Praia deserta, chuvas e benções. O que mais posso pedir?”

“Nem o asfalto de aço, nem o raivoso raio de sol do meio dia, nem as tempestades de janeiro abalam a minha eterna esperança”

“A vida continua seu misterioso caminho sob o sol de janeiro”


“Ao terminar Janeiro, meus passos já estão acostumados ao novo ano: que venha fevereiro e que venha mais um carnaval onde a alegria corra solta para afastar tudo o que é excessivo e supérfluo”

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

DIÁLOGO ENTRE AMIGOS

ENTRE CARNAVAIS, CRISE E OUTRAS PREOCUPAÇÕES

Tarde de sexta feira, de finais de janeiro, aproveitando que ainda não chove, mas com medo de que isso aconteça, já que as nuvens escuras parecem ameaçar a enorme avenida, Tinny e Duda encontram-se, como sempre para conversar sobre amenidades e alguns outros assuntos na Avenida Paulista.
Esta vez foi no “Boulangerie Pan de France” dentro da Reserva Cultural, com tickets nas mãos para assistir juntos o filme CAROL, com Kate Blunchet, indicada mais uma vez ao Oscar 2016. Como estavam com tempo, tomaram um saboroso café enquanto batiam um papo gostoso de amizade.
DUDA: Você leu a crítica do filme que assistiremos?
TINNY: Sim, Blanchet como sempre está soberba, segundo a crítica, o que não é nenhuma novidade porque ela é uma excelente atriz. Parece um filme interessante. Mas eu não me deixo levar pela crítica, gosto de escolher a dedo os filmes que assisto.
DUDA: Ainda bem que hoje não teve manifestação. Estou se saco cheio deste caos reinante na cidade.
TINNY: Concordo. Ouvi dizer que os estudantes vão dar uma parada pelos carnavais mas depois voltarão. Ontem, foi um fracasso. Cada vez mais estão perdendo adesão e isso porque protestam por um motivo morto, sem sentido. Imagina só, pedir transporte livre para todos. Isso é utopia. Se fossemos um país de primeiro mundo, com uma economia estável e em progresso, tudo bem, e olhe lá.
DUDA: Tem razão. É uma loucura. Às notícias diárias são deprimentes.
TINNY: A outra vez li em algum lugar uma frase em latim “In crastinum differo res severa” ou seja “deixo para amanhã os problemas sérios”, isso quer dizer que cansei de me preocupar pelas notícias de corrupção, de crise política, do nosso governo, ou melhor do nosso “desgoverno”; de como estão acabando com o país, do zika vírus que já é uma ameaça internacional, enfim, tudo isso vou esquecer de agora em diante. Não tenho controle sobre isso, não sou o único culpado, porém tenho uma porção de culpa, como todos nós.
DUDA: por que culpa? Você não votou neles!
TINNY: Sim, mas como cidadão tenho, temos, nossa porção de culpa. Nos elegemos bem ou mal esses governantes, digo nós como um todo, e temos parte de responsabilidade em tudo o que está acontecendo, é triste, mas é verdade.
DUDA: Não concordo. Acho que você, eu e muita, muita gente sabe que esse desgoverno é culpa desses políticos miseráveis. Estamos fartos disso. Por outro lado, li uma notícia de que o tríplex do Lula foi apedrejado por curiosos nesses dias após o escândalo nos jornais.
TINNY: Isso é novidade. Há pouco tempo parecia que a criatura era intocável, agora, agora a encrenca e a lama o está cercando, e isso graças as instituições. Essa gente deve....bem (disse sorrindo) já disse que não me preocuparei mais por isso. Como tudo na vida, haverá uma corrente involuntária no processo do existir que vai nos conduzir para um lugar, queiramos ou não.
DUDA: É verdade. E por falar em coisas agradáveis, o Carnaval está chegando.
TINNY: Sim, acho o Carnaval excitante. Uma verdadeira festa popular e o povo merece esquecer um pouco da crise.
DUDA: A política de pão e circo
TINNY: Sim, é o que diziam os romanos quando eram um império, mas o carnaval independe de qualquer governo, ela pertence ao povo.
DUDA: Adoro carnaval. E que bom que fevereiro está chegando.
TINNY: Que seja um mês de felizes augúrios.
DUDA: Assim seja
TINNY:  Bem,, chegou  a hora. Vamos entrar?
DUDA: Sim, vamos. Com certeza falaremos muito mais sobre o filme.

Às nuvens escuras foram sumindo e um efêmero raio de sol tentava brilhar neste final de tarde de verão. Parecia que não haveria chuva. Ainda bem.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAPÍTULO VIII PARTE IV)

Quando Mariana chegou a Recife só falava de Gerônimo. Ela estava feliz e radiante com o rapaz que tinha conhecido no Rio de Janeiro e com quem tinha saído várias vezes, sempre com a discreta presença de dona Gertrudes.
Gerônimo também tinha causado boa impressão no seu José. Os dois conversavam muito sobre medicina, sobre os novos avanços da ciência (Seu José sempre foi interessado nesse assunto) e sobre a possibilidade de Gerônimo voltar ao Recife e abrir um consultório popular, uma espécie de Fundação para atender pessoas carentes. Seu José ficou muito bem impressionado sobre as atitudes “altruístas” do jovem médico.
Gerônimo não só ficou impressionado com a beleza da jovem, mas também com inteligência, sua vivacidade e sua alegria de viver. Sentiu, em poucos dias, que nunca tinha conhecido alguém assim. O seu pai iria adorar que ele se apaixonasse por uma moça de família, e além do mais de Pernambuco.
Com promessas de cartas, telefonemas e uma visita breve, os dois jovens despediram-se e Mariana com a família voltou para casa. Suas férias tinham sido aquilo que ela sempre esperou. Estava feliz por tudo.
- Tita, você precisa conhecer Gerônimo. Ele é tão meigo e agradável, tão cavalheiro – repetia Mariana pela milésima vez – eu espero me encontrar com ele em breve.
- Nossa prima, você realmente está empolgada com esse rapaz – disse a noiva experimentando o vestido – o que acha?
- Lindo, é o vestido mais lindo que vi. Espero que possa usar um parecido em breve.
E assim, a moça só falava no médico que conheceu no Rio de Janeiro, nos seus desejos de namorar, de casar, de fazer planos pro futuro.
- Mas ele é de Recife.
- Não, ele falou que é do Sertão, de Arcoverde.
- Ah – disse Clemencia olhando-se para o espelho. Arcoverde ficava perto de Inajá. Lembrou de Guto e Alma com um suspiro. A vida as vezes nos remetia ao passado sem querer.
- Por que esse suspiro?
- Não, é que lembrei de Guto. Arcoverde fica perto de Inajá. Aquele horrível lugar.
- Sim, mas acho que ele só nasceu lá, porque morou no Recife até viajar para o Rio. Acho que os pais ainda moram lá, mas ele me disse que nunca vai visita-los. São os pais que vão frequentemente ao Rio ver o filho.
- Entendi – disse Clemencia tirando o vestido para mais alguns ajustes.
- Meu Deus prima- disse Mariana sorrindo – Não posso acreditar que só falta uma semana para o seu casamento. Vejo você muito feliz.
- Sim Marianinha, estou feliz. Isso é o mais importante.
- E a lua de mel? Está tudo pronto?
- Sim, claro. Iremos a Buenos Aires, depois para Paris para a minha exposição.
- Tita, é maravilhoso que te convidaram para expor em Paris. Meu Deus, você será famosa no exterior antes de que em todo o país. Isso é simplesmente incrível.
- Sim, estou com um pouco de medo e apreensão. Paris! Meu Deus, acho que é um passo muito grande para minha carreira.
- Aqui você já é um sucesso. Mas lá, eles vão amar a sua obra, você verá. E além do mais, após a exposição na França, o tio disse que você irá expor no Rio de Janeiro?
- Sim, tudo está indo depressa demais, mas apesar da apreensão e do medo, estou feliz, além do mais tenho o apoio de Dudu, e isso é muito importante.

Clemencia Tristão estava exultante. Recebera um convite inédito para participar de uma exposição de jovens talentos latino-americanos no Palácio das Artes da França. O convite tinha vindo diretamente do Ministério da Cultura do Rio de Janeiro quando um dos jurados escolheu dois pintores brasileiros para representar o Brasil no evento. Um de Porto Alegre e outro de Recife. Clemencia Tristão foi uma das escolhidas. Com os preparativos do casamento e da exposição, a pintora não tinha muito tempo livre e contava com a ajuda de Mariana e do noivo Luiz Eduardo para continuar com todos os detalhes do casamento.

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO

LITERATURA


Arte de produzir beleza e consciência. Através da beleza literária construímos uma consciência na sociedade a quem vai destinada esta arte.

ATO GRATUITO (PARTE XIV) (FINAL)

Quero falar de outro elemento que faz parte do Ato Gratuito: O perdão. O perdão é um conceito interior do ser humano que libera uma energia e dá alivio à alma humana. Com o perdão, temos a possibilidade de crescer espiritualmente e de renovar nosso senso de caridade.
O Ato Gratuito – que já falamos é aquele que faz com que a generosidade aflore – tem o perdão como atributo essencial para o crescimento interior de quem dá e de quem recebe.
Longe de nos tornar superiores, o perdão é um ato de humildade, e a humildade é parte do Ato Gratuito. Quando perdoamos, estabelecemos uma conexão superior com a divindade e trazemos na prática a forma mais pura de misericórdia. Perdoamos quando nos colocamos no lugar do outro, quando tentamos entender suas razões, quando tiramos essa magoa que ameaça tirar-nos a paz.
Mas as vezes o perdão também atua como uma força de libertação. As preocupações são deixadas de lado quando perdoamos, e também às vezes não é necessário entender muito as razoes que levaram os nossos ofensores a nos ofender. As vezes, é necessário só perdoar e esquecer.
O esquecimento é fundamental. Perdoar é esquecer o mal que nos fizeram. Quem perdoa se libera, e se sente muito mais em paz do que o outro, por tanto, não é necessário entender (às vezes) as razões da ofensa, basta perdoar e esquecer.
Perdoar, por tanto, é uma consequência do Ato Gratuito.

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO


SÃO PAULO

Arte e modernidade. Futuro também

A semana de arte moderno de 22, foi aqui, meu bem!

BALADA PARA UM AMOR IMPERFEITO (POEMA)

     

                                                                                                          (A São Paulo)

Tremeluzente e solitária
Flameia a bandeira listrada
No topo do mundo, no alto dos sonhos,
Da grande cidade.

Cidade que nunca dorme, nunca silencia
Porque o orgulho de sentir e ser paulista
Entrelaça-se com sua cacofonia
Sua eterna sinfonia

Lugar de champagne borbulhante
Passado glorioso, futuro incerto
Ruas, parques, becos misteriosos
Perigosos, inebriantes

Um amor imperfeito
É o que dedico à grande urbe que arde
Na magistral e louca pauliceia
Desvairada de Mario de Andrade



Passeios escondidos, prédios centenários
Sacadas românticas, testemunhas de sua verdade
Reina uma atmosfera de trabalho e coragem
Que muitos chamam de realidade.

Milhões de almas
Iluminam às janelas
Às estrelas brilham escondidas
Pois a própria cidade cintila

Meu amor pela cidade
Só pode ser imperfeito
Porque na imperfeição há paixão
Que contradiz todos os conceitos

Corda bamba da existência
Desconfortável ternura
Condição que não se cura
Nem com dádiva pura

Mas nesse amor descobrimos
A sua beleza madura
Seus sonhos bucólicos

E seu presente que permanece e dura.