quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAPÍTULO VIII PARTE IV)

Quando Mariana chegou a Recife só falava de Gerônimo. Ela estava feliz e radiante com o rapaz que tinha conhecido no Rio de Janeiro e com quem tinha saído várias vezes, sempre com a discreta presença de dona Gertrudes.
Gerônimo também tinha causado boa impressão no seu José. Os dois conversavam muito sobre medicina, sobre os novos avanços da ciência (Seu José sempre foi interessado nesse assunto) e sobre a possibilidade de Gerônimo voltar ao Recife e abrir um consultório popular, uma espécie de Fundação para atender pessoas carentes. Seu José ficou muito bem impressionado sobre as atitudes “altruístas” do jovem médico.
Gerônimo não só ficou impressionado com a beleza da jovem, mas também com inteligência, sua vivacidade e sua alegria de viver. Sentiu, em poucos dias, que nunca tinha conhecido alguém assim. O seu pai iria adorar que ele se apaixonasse por uma moça de família, e além do mais de Pernambuco.
Com promessas de cartas, telefonemas e uma visita breve, os dois jovens despediram-se e Mariana com a família voltou para casa. Suas férias tinham sido aquilo que ela sempre esperou. Estava feliz por tudo.
- Tita, você precisa conhecer Gerônimo. Ele é tão meigo e agradável, tão cavalheiro – repetia Mariana pela milésima vez – eu espero me encontrar com ele em breve.
- Nossa prima, você realmente está empolgada com esse rapaz – disse a noiva experimentando o vestido – o que acha?
- Lindo, é o vestido mais lindo que vi. Espero que possa usar um parecido em breve.
E assim, a moça só falava no médico que conheceu no Rio de Janeiro, nos seus desejos de namorar, de casar, de fazer planos pro futuro.
- Mas ele é de Recife.
- Não, ele falou que é do Sertão, de Arcoverde.
- Ah – disse Clemencia olhando-se para o espelho. Arcoverde ficava perto de Inajá. Lembrou de Guto e Alma com um suspiro. A vida as vezes nos remetia ao passado sem querer.
- Por que esse suspiro?
- Não, é que lembrei de Guto. Arcoverde fica perto de Inajá. Aquele horrível lugar.
- Sim, mas acho que ele só nasceu lá, porque morou no Recife até viajar para o Rio. Acho que os pais ainda moram lá, mas ele me disse que nunca vai visita-los. São os pais que vão frequentemente ao Rio ver o filho.
- Entendi – disse Clemencia tirando o vestido para mais alguns ajustes.
- Meu Deus prima- disse Mariana sorrindo – Não posso acreditar que só falta uma semana para o seu casamento. Vejo você muito feliz.
- Sim Marianinha, estou feliz. Isso é o mais importante.
- E a lua de mel? Está tudo pronto?
- Sim, claro. Iremos a Buenos Aires, depois para Paris para a minha exposição.
- Tita, é maravilhoso que te convidaram para expor em Paris. Meu Deus, você será famosa no exterior antes de que em todo o país. Isso é simplesmente incrível.
- Sim, estou com um pouco de medo e apreensão. Paris! Meu Deus, acho que é um passo muito grande para minha carreira.
- Aqui você já é um sucesso. Mas lá, eles vão amar a sua obra, você verá. E além do mais, após a exposição na França, o tio disse que você irá expor no Rio de Janeiro?
- Sim, tudo está indo depressa demais, mas apesar da apreensão e do medo, estou feliz, além do mais tenho o apoio de Dudu, e isso é muito importante.

Clemencia Tristão estava exultante. Recebera um convite inédito para participar de uma exposição de jovens talentos latino-americanos no Palácio das Artes da França. O convite tinha vindo diretamente do Ministério da Cultura do Rio de Janeiro quando um dos jurados escolheu dois pintores brasileiros para representar o Brasil no evento. Um de Porto Alegre e outro de Recife. Clemencia Tristão foi uma das escolhidas. Com os preparativos do casamento e da exposição, a pintora não tinha muito tempo livre e contava com a ajuda de Mariana e do noivo Luiz Eduardo para continuar com todos os detalhes do casamento.

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