domingo, 30 de março de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP. III PARTE VIII)

A tribo Tuxá ocupava toda a ribeira oeste do Rio São Francisco, já em território baiano. Estava composto por trezentos e sessenta índios entre homens e mulheres e se dedicavam exclusivamente à caça, a pesca e ao recolhimento de ervas medicinais que vendiam nas cidades vizinhas. O cacique Jeritó era um sábio comandante deste feudo e mantinha a sua autoridade a mais de vinte anos. Homem alto, de uns sessenta anos, olhar firme e autoritário, era de fato um verdadeiro líder da sua tribo. Quando o Pajé tinha lhe falado sobre as suas premonições respeito a uma família do Sertão do Moxotó, Jeritó, sem pestanejar autorizou a expedição. Sempre confiara no seu pajé e neste assunto não era diferente.
Ao ver a moça branca desmaiada nos braços do pajé e sendo trazida as presas, percebeu que o assunto era sério. Jabú estivera lhe contando toda a situação por mais de uma hora e o convenceu que deviam resguardar e proteger a menina. O pajé disse a Jeritó que, era necessário ajudar esta moça pois ela precisava e porque ele via que ela tinha uma grande futuro, um futuro que estaria entrelaçado com a tribo, com a história dessa nação indígena. Foi então que o cacique deu o seu consentimento para que Alma Rocha morasse com eles o tempo que fosse necessário.
Um leve movimento das folhas de uma grande arvore foi necessário para que Alma abrisse os olhos. Ao redor, via somente duas mulheres indígenas que se alternavam para cuida-la. Alma não disse absolutamente nada. As mulheres colocavam na sua cabeça folhas umedecidas por um liquido escuro. Ela percebera que muito rápido se sentira melhor. Então, as mulheres sorriram para ela e saíram da choupana feita de barro e com teto de palha. Estava na casa do Pajé Jabú, e não tinha dúvidas disse. Respirou aliviada. Procurava lembrar como tinha chegado até ali, mas a memória lhe falhava. Tudo parecia tão longe, tudo parecia um sonho.
Pouco depois ouviu um barulho e viu o velho amigo entrando.
- Descansou bem, menina do rio?
- Sim Pajé, obrigada por cuidar de mim. Não sei o que seria de mim sem o Pajé.
- Minha filha, minha filha – disse o Pajé abraçando ternamente a menina. – agora você vai descansar bem, vai se recuperar e depois pensaremos no que faremos, está bem?
A menina assentiu com lágrimas nos olhos. Deitou-se novamente e dormiu suavemente. Sentia-se segura, e segurança era tudo o que ela queria no momento.
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