A tribo Tuxá ocupava toda a ribeira
oeste do Rio São Francisco, já em território baiano. Estava composto por
trezentos e sessenta índios entre homens e mulheres e se dedicavam
exclusivamente à caça, a pesca e ao recolhimento de ervas medicinais que
vendiam nas cidades vizinhas. O cacique Jeritó era um sábio comandante deste
feudo e mantinha a sua autoridade a mais de vinte anos. Homem alto, de uns
sessenta anos, olhar firme e autoritário, era de fato um verdadeiro líder da
sua tribo. Quando o Pajé tinha lhe falado sobre as suas premonições respeito a
uma família do Sertão do Moxotó, Jeritó, sem pestanejar autorizou a expedição.
Sempre confiara no seu pajé e neste assunto não era diferente.
Ao ver a moça branca desmaiada nos
braços do pajé e sendo trazida as presas, percebeu que o assunto era sério.
Jabú estivera lhe contando toda a situação por mais de uma hora e o convenceu
que deviam resguardar e proteger a menina. O pajé disse a Jeritó que, era
necessário ajudar esta moça pois ela precisava e porque ele via que ela tinha
uma grande futuro, um futuro que estaria entrelaçado com a tribo, com a
história dessa nação indígena. Foi então que o cacique deu o seu consentimento
para que Alma Rocha morasse com eles o tempo que fosse necessário.
Um leve movimento das folhas de uma
grande arvore foi necessário para que Alma abrisse os olhos. Ao redor, via
somente duas mulheres indígenas que se alternavam para cuida-la. Alma não disse
absolutamente nada. As mulheres colocavam na sua cabeça folhas umedecidas por
um liquido escuro. Ela percebera que muito rápido se sentira melhor. Então, as
mulheres sorriram para ela e saíram da choupana feita de barro e com teto de
palha. Estava na casa do Pajé Jabú, e não tinha dúvidas disse. Respirou
aliviada. Procurava lembrar como tinha chegado até ali, mas a memória lhe
falhava. Tudo parecia tão longe, tudo parecia um sonho.
Pouco depois ouviu um barulho e viu o
velho amigo entrando.
- Descansou bem, menina do rio?
- Sim Pajé, obrigada por cuidar de
mim. Não sei o que seria de mim sem o Pajé.
- Minha filha, minha filha – disse o
Pajé abraçando ternamente a menina. – agora você vai descansar bem, vai se
recuperar e depois pensaremos no que faremos, está bem?
A menina assentiu com lágrimas nos
olhos. Deitou-se novamente e dormiu suavemente. Sentia-se segura, e segurança
era tudo o que ela queria no momento.
*******
Nenhum comentário:
Postar um comentário