As águas de março
Começou o outono, uma nova estação. É um período de luz
obliqua, de silêncio e de meditação, mas também é o finzinho de março quando as
águas do verão, como diz a música, fecham um ciclo para principiar outro. No
período do outono, além das folhas secas caídas das árvores centenárias, também
existe uma sensação de que o calor do verão levou consigo, não só sua
luminosidade, senão também a sua energia. De qualquer forma, vejo a nova
estação como um novo começo de preparação e recolhimento para o que virá, e só
Deus sabe o que virá. Os confrontos políticos recentes na Ucrânia nos deixaram
surpresos, a anexão da Criméia pela Rússia, os graves conflitos de uma guerra
civil na Síria que continuam nos horrorizando, ou seja, o mundo continua
girando independente do espaço e do tempo. A vida continua oferecendo um sem
fim de possibilidades e de acontecimentos que nos deixam ansiosos e, porque não
dize-los, um tanto apreensivos. A tecnologia nos oferece uma ampla gama de
possibilidades magnificas, mas também dificultam o relacionamento humano no
sentido de que, a virtualidade é mais forte que os encontros entre amigos e
conhecidos. Quem não tem Facebook, ou Twitter ou WhatsApps, parecer estar
totalmente isolado do mundo contemporâneo. Mas isso é só a ponta do iceberg. O
mundo está mudando, é para pior. Daqui a pouco tempo, acho que uns dez anos
mais ou menos, estaremos tão viciados às maquinas que não nos preocuparemos
mais com nossos semelhantes, algo assim como no filme “HER” (Ela), onde uma
vida solitária e cheia de traumas pode ser um espaço fácil de ser preenchido
por um sistema de computador. Isso me horroriza e me assusta. Mas, por enquanto
vou aproveitando este presente da natureza que é o outono. Por enquanto vou
continuar apreciando aqueles maravilhosos entardeceres que só está estação é
capaz de oferecer. Por enquanto vou continuar vivendo, sentindo e amando, e
sobretudo fazendo parte da natureza, como um grão infinito e único.
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