A semana que os Dupont ficaram em Clermont fora a mais fria.
Temperaturas a baixo de zero, e a nevasca era impressionante. Paul convidou
Claire para esquiar no Vale du Junôt, uma espécie de pista de esqui natural aos
redores da cidade. O convite fora feito durante o café da manhã.
- Agradeço, Paul, mas não sei esquiar.
- Isso é o de menos, eu te ensino.
- Tudo bem.
O Vale de Junôt era um grande espaço no meio de uma reserva
florestal, a mais importante de Clermont-Ferrand. Durante o verão era usado
para apresentações teatrais, shows de música e picnics. No inverno, e pela sua
localização no topo de um planalto, era uma excelente pista de esqui.
Quando Paul e Claire chegaram, não havia ninguém no lugar.
Como era o primeiro dia do ano, era natural que todo o mundo estivesse
descansando após as festas.
Paul preparou todos os materiais de esquiar e começou a
ensinar à moça. Após quase duas horas de intenso treinamento, Claire começou a
se equilibrar e a dar pequenos passeios, primeiro com o apoio de Paul, depois,
aventurou-se sozinha. Quando deu quase meio dia, Claire já tinha curtido
bastante aquele estranho esporte de deslizar na neve.
Aproveitando os dias frios, Claire e Paul voltaram para a
pista de esqui todos os dias que ela ficou no Château Royat, e foi uma
experiência maravilhosa.
- Olha, Paul, olha o que eu já posso fazer
- Você está excelente, continue, cuidado com o equilíbrio, só
isso
- Estou adorando esquiar...
E assim, os dias foram passando. Julian tinha ido embora, e
só ficaram eles para explorar todos os aposentos do Castelo e a região adjunta.
Numa dessas excursões pelo Château, entraram na ampla
biblioteca, cheia de livros, mapas e cadernos.
- Que enorme é a biblioteca – disse Claire com curiosidade e
admiração.
- Sim, temos muitos livros e enciclopédias.
Claire começou a ler a coleção dos livros, e um, em
particular, chamou a sua atenção.
- Tratado de Botânica Francesa! Interessante. Posso dar uma
olhada?
- Claro querida, fica à vontade. Vou mandar preparar um café
para nos. Já volto.
Claire folheou as páginas do livro. Era grande e volumoso,
quase uma enciclopédia. Nas páginas que ia passando, estavam as diferentes
espécies de flores, de plantas, de ervas francesas. Um capitulo a fez deter:
Flores e aromas da França. Ali ficou lendo e absorvendo essas informações tão
importantes para ela.
Paul voltou com uma bandeja de café. Enquanto ela ainda
estava de pé frente ao livro.
- Nossa, parece que você está interessada no livro mesmo –
disse ele sorrindo – aqui o seu café.
- Obrigada. Paul, você não imagina o quanto é importante este
livro. Olha as flores aromáticas do país, é maravilhoso.
Paul olhou para o livro e sorriu.
- Nossa, este livro é muito antigo. Minha mãe me deu de
presente quando eu tinha uns doze anos, nunca tive interesse em plantas e flores.
Acho que ela achava que eu iria gostar. Até gosto, mas não é a minha área. Você
gostou?
- Este livro é um tesouro Paul.
- Então é seu
- O quê?
- É seu. Considere como um presente de ano novo.
Claire não resistiu. O abraçou e deu um beijo na face.
- Obrigada, obrigada Paul, você não imagina a minha alegria.
Foi o melhor presente que já recebi. Obrigada mesmo.
Paul du Clermont ficou feliz em ver a alegria de Claire.
Tinha certeza que nesses dias ele tinha contribuído para que a moça ficasse
mais alegre e solta.
*******
Nenhum comentário:
Postar um comentário