Ele mal conseguia abrir os olhos quando percebeu que estava num lugar escuro e sinistro. O lugar era horrível. Nunca tinha visto nada igual. O cheiro de podridão, os latidos de outros cachorros, era um pesadelo. Com forte dor de cabeça, começava a terrível pergunta: Onde estou?, Onde está o meu dono?, onde está a minha casa, a minha caminha quente?
Percebeu que estava numa prisão canina. Ele tinha sido pego
pela carrocinha e só lembrou que corria pelas ruas escuras sem rumo após o
acontecimento horrível que tinha acontecido.
As lembranças dolorosas apareciam em intervalos sem conexão.
Primeiro, ás lágrimas de dona Elvira, tentando consola-lo, depois a multidão
que ia entrando na casa chorando. Ele estava perdido. Nunca mais vira o seu
dono, o seu melhor amigo Homero. Que
tinha acontecido com ele?, como sua vida podia mudar tanto?, como pode se
passar do paraíso ao inferno tão rápido?. Ele não entendia nada.
Depois lembrou que viu o seu dono sendo levado num carro
branco com uma cruz no meio e que fazia um barulho terrível. Depois, depois,
nunca mais.
Agora ele estava só, perdido no mundo no meio de outros cães
desgraçados, sem esperança. Há poucos minutos levaram a força um pobre cãozinho
doente e nunca mais o trouxeram. Todos diziam que o mataram e alguns cães
temiam que todos eles morreriam.
A dor de cabeça era terrível, mas o pior era a dor da saudade
do amigo Homero. Sem esperanças nesta vida, o pobre Termópilas fechou os olhos.
Em pouco tempo, começou a dormir e sonhar. Não sentiu mais nada ao redor.
Pareceu mais leve, muito leve. E sentiu uma energia que nunca tinha sentido
antes. Começou a correr pela escuridão e viu uma porta de luz aberta. Correu
até ela. Parecia ouvir a voz do seu amigo Homero que gritava: “Termópilas,
Termópilas, vem, vem”
Ele atravessou a porta de encontrou-se num imenso parque de
gramado verde, colinas suaves e brisa fresca. Perto de uma árvore, viu Homero
que abria os braços para ele. Termópilas correu tudo o que podia e sentiu o
abraço do amigo, do dono. Sua felicidade era imensa. Até que enfim tinha
encontrado o seu dono. Agora sim, agora eles brincariam e estariam juntos para
sempre.
- Meu amigo, meu querido amigo – disse Homero abraçando
Termópilas com carinho- nunca, nunca mais vou me separar de você.
Homero começou a correr pela prado verde e Termópilas, feliz,
corria atrás para alcança-lo, como sempre o fizera.
F
I M
Nenhum comentário:
Postar um comentário