“Amor de mãe não morre,
só muda de atmosfera”
(Rui Barbosa)
Geralmente estamos acostumados a trivializar muitos temas na
vida cotidiana. E, talvez isso seja mais do que comum, já que vivemos num
caleidoscópio incrível de emoções, sensações, racionalidade que a vida nos
provoca a cada momento. Então, pensamos que temas como o amor, a eternidade, a
sensibilidade, ficam em segundo ou terceiro plano e só o admitimos como algo
meramente ilusório e teórico. Aliás, a vida está cheia de teorias, e muito de
nós pensamos que faz parte da nossa imaginação.
Pois bem, no sábado passado, acompanhei o Renato e a Thereza,
seres humanos que fazem parte da minha vida, ao cemitério para levar flores ao
túmulo da mãe deles, que já falecera há trinta e oito anos.
Desde pequeno, fui criado a não ter medo da morte, nem de cemitérios,
nem de fantasmas. Aliás, a morte estava sempre presente como algo natural na
minha vida. Passei por funerais, velórios e visitei muitos cemitérios levando
flores aos meus seres queridos. Uma velha tradição espanhola diz que “quando
levamos flores ou velas aos mortos, as almas vem até o lugar para presenciar
esse momento”. Por isso, acho normal, quando visitamos um ser querido, levamos
flores e falamos com eles. A tradição diz que eles estão perto de nós, em outro
plano, mas escutando o que temos a lhe dizer.
O cemitério em que fui no sábado, véspera do dia das mães,
era aqueles que parece um paraíso, um jardim do Éden, um lugar onde o verde e o
colorido das flores nos convidam a meditar sobre as profundezas da vida e da
morte, algo que deveríamos fazer sempre.
Ao entrar no cemitério, nos deram – pelo dia das mães – uma
rosa, para decorar o túmulo. Então fomos até o lugar onde repousam os restos de
dona Maria Thereza, a mãe do Renato e Thereza, e eles deixaram a rosa ao lado do túmulo e rezamos. Pouco tempo depois,
fomos visitar outros túmulos de parentes e eles pensaram que deviam comprar
flores – margaridas, a preferida da mãe – já que apenas uma rosa, parecia ser
muita pouca coisa. Fomos até a floricultura, na entrada do cemitério, e eles
compraram as flores.
Voltamos até o túmulo da mãe, e para surpresa de todos, a
rosa que tinham colocado a apenas minutos atrás, estava aberta e desabrochada.
Eles, então entenderam isso como um sinal da mãe. A alma dela estava perto
deles no momento em que colocaram a flor, e ela tinha gostado.
Quantas vezes passamos nossa vida em um vazio racional e sem
sentido?; quantas vezes não acreditamos em milagres porque não vemos a vida com
os olhos do coração, só com a razão?. Certamente a vida tem um lado espiritual
que faz todo o sentido vive-la e acreditar nela. Isso faz com que a nossa
própria existência adquira um valor muito mais eterno.
Dizem que o amor é eterno, ele é o único que perdura através
de nossa morte, porque nossa alma é imortal. Então, o amor de mãe é eterno,
pois tanto os filhos que foram visitar a mãe, a amam como sempre a amaram, com
o coração, e ela, com sua alma, veio visita-los e agradece-los por terem se
lembrado dela. O amor de mãe é eterno, porque o amor é eterno. E O amor vem de Deus porque Deus é eternidade.
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