Também o Ato Gratuito se dá na solidão espiritual. Os monges
trapenses por exemplo, vivem isolados em oração e fazendo voto de silêncio.
Outros estão nas montanhas, nos vales, onde trabalham e oram pelo mundo e seus
tentáculos.
Uma vida asceta e isolada por motivos espirituais é muito
mais difícil que qualquer problema do mundo. A solidão por si só requer muita
coragem e o Ato Gratuito é revestido de coragem.
Na espiritualidade e nos exercícios espirituais adquire-se
uma fé sólida, sem a qual seria difícil o desenvolvimento do espirito. A fé
também requer muita paciência, sabedoria e muita esperança para que ela fique
sólida e que transforme tudo ao redor. O Ato Gratuito, por meio da fé, é um
conjunto de atitudes e comportamento humano que leva o homem a ter humildade,
serenidade, paciência, esperança, caridade e coragem para seguir aquilo que ele
acredita e que sente que é verdadeiro para sua alma. Isso transforma tudo ao
seu redor e para aqueles que tem o privilégio de compartilhar a vida com esse
homem de fé. O Ato Gratuito é quase imperceptível mas é cheio de estado de
graça, aquele estado efêmero que só se consegue com um milagre de vida.
Há um lindo poema de um desses homens que, mediante sua fé,
escolheu uma vida reclusa e cheia de coragem, refiro-me à Frei Luis de León,
espanhol que publicou um livro de poesias
e metafisicas no século XVI.
Na sua obra ODA À VIDA RETIRADA, ele escreveu:
“Oh, que vida mais
descansada
Tem aquele que foge do
ruído do mundo
E segue a escondida
trilha por onde foram
Os poucos sábios que no
mundo haviam sido”
Viver, quero comigo
Gozar quero do bem que
devo ao céu
A sós, sem testemunhas,
Livre de amor, de
ciúmes,
De ódio, de esperanças,
de receios”
Um exemplo bem acabado de um Ato Gratuito que pretende se
despojar das preocupações, do ruído, das tristezas do mundo.
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