Os dez dias que Tita e Luiz Eduardo passaram em Buenos Aires
foram inesquecíveis. A capital da Argentina era a pérola da América do Sul
nesse tempo. Eles foram ver espetáculos de tango, jantaram em restaurantes
elegantes, fizeram compras para a viagem a Paris e passearam de mãos dadas
pelas ruas dos bairros mais finos e sofisticados da cidade.
Em Buenos Aires o feliz casal pegou o voo para Paris. A
exposição de Clemencia no “Palais des Artes” seria em mais duas semanas, por
tanto eles tinham quinze dias para aproveitar a Cidade Luz.
Paris pareceu uma cidade encantada aos olhos de Tita. Era a
primeira vez que ela visitava a capital da França, e nessas últimas semanas de
setembro, o outono já começava mas ainda o verão mantinha os dias ensolarados e
noites frescas.
O pequeno mas charmoso hotel na Rue Danton, perto do
Boulevard Saint Germain era aconchegante. Durante todos os dias, eles passearam
pela cidade, foram ao Louvre, aos Jardins de Luxemburgo, visitaram a Catedral
de Notre Dame e subiram à Torre Eiffel. Comeram em restaurantes e bistrôs em
Montmartre e passearam em barco pelo rio Sena. Fizeram compras na Galeria
Laffayette e café com croissant nas ruelas encantadoras e, as vezes, sentavam a
beira do rio tomando sorvete. Paris era romântica e linda, segundo Tita, e ela
estava apaixonada pelo Dudu, por tanto nada mais adequado.
Faltando cinco dias para a abertura da exposição, eles foram
até o Palácio das Artes para ver como eram colocados os quadros que estarão na
mostra. Ela foi recebida pelo Diretor do Instituto, que os acompanhou até o
salão de exposições. Tita ficou satisfeita com o local e aproveitou para ver
outras obras ali expostas.
Quando só faltavam dois dias para a exposição, Tita recebeu
uma carta de Mariana, sua prima.
“Prima querida,
Você não imagina a
minha felicidade. Estou noiva, e muito feliz. Gerônimo me pediu em casamento e
neste final de semana irei até a fazenda dos pais dele para conhece-los. Eles
moram em Inajá, perto de Arcoverde. No princípio fiquei surpresa, porque era a
cidade onde Guto exerceu a sua carreira e faleceu infelizmente. Que
coincidência, não é?
Espero e desejo que sua
exposição seja um sucesso. Você merece.
Beijos
Marianinha.”
Ao ler a carta da prima, Tita ficou pálida. De repente
lembrou-se do namorado, o tal Gerônimo e, como num raio, associou o nome à
Família Bezerra. Sim, o namorado de Marianinha era Gerônimo Bezerra, o filho do
Prefeito de Inajá que todos desconfiavam estava por trás do assassinato de Guto
e do irmão de Alma.
Ela tremia como uma folha quando Dudu entrou e a viu
totalmente descomposta.
- Tita, querida, o que foi?
- Leia esta carta Dudu, leia por favor, é de Marianinha.
Luiz Eduardo leu a carta e olhou para sua mulher surpresa.
- Tita, esse rapaz é de Inajá?, mas ela não falou que ele era
de Arcoverde?
- Essa tola não sabe o que diz, nem sabe de nada. Meu Deus, é
o Gerônimo Bezerra, a família que, achamos estava por trás dos assassinatos.
Isto é terrível!
- Calma meu amor, calma. Não temos provas suficientes de que
eles foram os mandantes, existem indícios, mas eu te prometo querida, que vou
descobrir, mas acho que até lá você não deve falar nada para sua prima.
- Sim, mas ela não pode se casar com ele
- Sim, isso seria trágico e provocaria decepção na família.
- Coitado do papai, coitados dos tios, quando souberem....Meu
Deus, não quero nem pensar.
- Querida, tenta não pensar nisso, pensa na sua exposição,
afinal estamos aqui também para isso não é?
- Sim, tem razão......- ela ia tomar banho quando parou e
olhou para ele – agora sei porque achei o olhar desse homem tão estranho!
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