quinta-feira, 30 de maio de 2013

ALMA - A FILHA DO DESTINO (PARTE II)


Maria das Dores Malta, era uma mulher baixinha, de olhos escuros, cabelos curtos começando a ficar grisalhos, e uma coragem de dar inveja a qualquer mulher do universo.

Havia nascido no próprio Sertão de Moxotó quando Irajá era conhecida pelo nome de Fazenda do Espírito Santo. Filha de Damião Mata  e de dona Rosa da Purificação, eram os primeiros habitantes da região. Inclusive a primeira casa construída pertencia aos Malta.

Damião Malta chegou a ser um comerciante próspero. Na sua venda, conhecida como Posto Malta, vendia-se de tudo : carne seca, azeite, grãos, cachaça, queijo, cigarro e outros produtos que vinham de Recife.

Maria das Dores, conhecida como Dadá, era a única filha mulher. Seu Damião e dona Rosa tinham mais três filhos, todos mais novos que Dadá, que era a mais velha.

Quando Dadá completou vinte anos, os pais pretenderam arranjar um marido para ela. Dadá opôs-se  terminantemente. Ela se casaria só por amor e não aceitaria ninguém que não fosse do seu gosto.

Um dos candidatos apreciado pelos Malta era Damásio Bezerra, o filho do coronel Bezerra, uma espécie de cacique da região. Era proprietário da maior fazenda do Sertão de Moxotó e, décadas atrás eram proprietários de escravos quando este sistema imperava no país.

Damásio estava apaixonado pela Dadá, mas ela não quis saber nada e o jovem, decepcionado, foi para Recife terminar os estudos.

Foi então quando Dadá conheceu Rubião Rocha, de quem ficaria apaixonada.

O moço era originário de Arcoverde, uma cidade não tão distante de Inajá. Filho único de um modesto fazendeiro que ganhava a vida com a produção de cana de açúcar, Rubião Rocha ficara prendado pela Dadá assim que a conheceu.

O pai acabara de falecer e Rubião comprou um terreno a beira do rio Moxotó com o intuito de dedicar-se à plantação de tabaco e cana de açúcar. Vendera a fazendinha de Arcoverde e mudara-se para Inajá.

Costumava comprar no Posto Malta todas as provisões que necessitava e, numa dessas incursões, conheceu a filha do comerciante.

No começo a família Malta foi contra o namoro, mas a moça fora firme e conseguiu convencer os preocupados pais de que Rubião era o melhor homem para ela.

Um ano depois, em maio de 1922, casaram-se na Igreja do Divino Espírito Santo, com a presença de todos os habitantes de Inajá. Na festa uma ausência: a família Bezerra.

As capitanias hereditárias do Nordeste brasileiro estabeleceram um sistema de autoridade única que pertencia a determinadas famílias. Os mais poderosos denominavam toda a região, outros eram como senhores feudais de cidades, vilarejos e províncias. Geralmente os donos de grandes fazendas e plantações eram os “senhores” , quase absolutos, de suas regiões. A família Bezerra era uma delas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário