domingo, 8 de setembro de 2013

ALMA, A FILHA DO DESTINO ( CAP.I PARTE X)


Nos cálidos dias de setembro, o Seu Damião Malta adoeceu. Sentira uma dor no peito e Dadá o levou para o hospital. Foi então que os médicos do pequeno hospital de Inajá aconselharam à família levar o doente para Recife. O medico local suspeitava de problemas cardíacos e era necessário a sua remoção urgente para a capital.

Lá ele foi tratado e lá sentiu-se muito melhor, pois a presença – ao menos uma vez por semana – do neto preferido, Damião, era um conforto. Após os testes de rotina, descobriram um problema na válvula mitral e o Seu Damião tinha tido um pré-infarto. Dadá deixou o pai aos cuidados do irmão Genésio e de sua mulher, Genoveva. O outro irmão, Teodoro também viera visitar o pai doente. Dadá ficou encarregada de administrar a venda durante o período em que o pai estivesse em Recife.

Dadá percebera que o filho mais velho, Damião estava muito mais maduro e centrado. Os meses no serviço militar – e que estava prestes a terminar – o transformaram num verdadeiro homem. Ela ficara orgulhosa do filho e assim que chegou à Inajá, contou para o marido que o filho mais velho era todo um orgulho para a família.

Já o mais novo era todo o contrario. Zé Rubião era incontrolável. O pai tinha muito trabalho em controlá-lo mas, ao voltar, a mãe tomou as rédeas do caso. Zé Rubião tinha que entrar na linha.

Aconteceu então uma noite chuvosa, Damião voltava para o quartel quando se deparou com um carro estacionado no meio da rua. As luzes estavam acesas e o motorista desmaiado. Ele se aproximou, viu que o carro estava amassado na frente, abriu o carro e pegou o motorista pelo braço tentando reanimá-lo.

- Você está bem? Eii, acorda companheiro!

O Motorista não respondia. Foi então que ele conseguiu tira-lo do veiculo e o colocou na calçada escura e chuvosa. Então conseguiu reanimá-lo e o motorista com o rosto assustado olhou para ele:

- Quem e você? Onde estou? – disse quase gritando.

- Não se preocupe, você desmaiou e eu te tirei do carro...O que aconteceu?

O Motorista olhou ao redor e disse que batera o carro num poste por ali perto e que conseguiu dirigir um pouco mais. Sentira uma forte dor de cabeça e desmaiou.

- Sim, - disse Damião – eu vi que o carro estava batido na frente. Mas, vamos, vou te levar ao hospital, a sua cabeça está sangrando..

Como estavam perto do hospital, Damião ajudou o rapaz a caminhar até o local. Assim que entraram, o rapaz foi acudido pelos médicos. Ele se virou para o Damião e disse quase sorrindo:

- Obrigado por me ajudar...Qual é o seu nome?

- Damião – respondeu o rapaz sorrindo.

- Obrigado Damião, meu nome é Gerônimo.

Damião Rocha acenou com a cabeça e disse :

- Sem problemas Gerônimo. Quer que avise a alguém que você está aqui?

- Não, obrigado. Estarei bem...

- O meu avó está aqui internado, eu virei visitá-lo amanhã e aproveitarei para te visitar também...Precisa de algo?

- Obrigado, estarei bem...obrigado.

*******

A família Bezerra estava inquieta. A noticia do acidente do único filho de Seu Damásio e de dona Arminda, deixaram a todos em estado de nervos. Eles se transferiram imediatamente para Recife, assim que receberam a noticia.

Era a primeira vez que os Bezerra recebiam uma noticia desse tipo, especialmente vindo do Gerô. Eles sabiam que os jovens eram inquietos e que, a muito contragosto Damásio dera um carro de presente para o filho. Afinal, ele conseguira entrar na faculdade de medicina e isso era mais do que um orgulho para o patriarca dos Bezerra.

Após saber do acidente do filho e de como tudo acontecera,  Seu Damásio quis conhecer o jovem que havia ajudado o Gerô. Damião tinha ido varias vezes visita-lo e a amizade entre os dois jovens havia florescido.

Seu Damásio Bezerra ficou profundamente surpreso ao saber que o jovem em questão era nada mais nada menos que o filho de Dadá Rocha.

- Obrigado meu jovem, por ajudar e salvar o meu filho. Serei eternamente grato a você.

- Não precisa agradecer, Seu Bezerra. Fiz isso com o maior prazer.

- Foi uma grande surpresa saber que você é o filho de Rubião Rocha, da nossa cidade. Está fazendo o serviço militar em Recife?

- Sim, e já estou terminando no próximo mês. Voltarei para Inajá assim que o meu avô se recuperar.

- Como está o Seu Malta?

- Está reagindo muito bem. Os médicos acreditam que receberá alta em uma semana e, voltaremos todos para Inajá.

- Fico feliz em saber isso.

A partir desse dia, Damião Rocha e Gerônimo Bezerra haviam ficado amigos. Todos os dias, ao visitar o avô, o jovem Rocha ia visitar o novo amigo. Dias depois, quando Gerônimo voltou para casa, a amizade ficou mais estreita.

A recuperação do seu Damião Malta ocorreu graças aos médicos de Recife que o trataram muito bem, mas especialmente a um jovem médico que estava terminando a sua residência nesse ano, o Doutor Augusto, de apenas 29 anos. O velho Malta tinha se afeiçoado muito a esse jovem médico que o tratava com muito cuidado e profissionalismo.

Quando o paciente recebeu alta, apareceu o jovem médico na porta com o seu sorriso característico que fez o velho sorrir com alegria.

- Bem, seu Malta – disse o jovem Galeno – espero que agora o senhor se cuide e siga estritamente as instruções nossas.

- Pode deixar, doutor Augusto, vou me cuidar e prometo que logo,logo, estarei trabalhando.

- Vamos com calma, primeiro é preciso de muito repouso, depois virá o resto.

O seu Malta olhou o jovem médico com atenção. Era alto, como os seus dois netos, tinha cabelos encaracolados, não muito longos, e olhos cor de mel. Era moreno claro, de boa presença e também era muito gentil. O tipo de médico que ele gostaria de ter em Inajá.

- Obrigado, doutor, prometo me cuidar muito. E quando o senhor tiver alguns dias livres, por favor,  vá me visitar em Inajá, vou recebê-lo com muita satisfação.

- Obrigado pelo convite, irei visitá-lo sim...

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