sábado, 21 de setembro de 2013
ALMA, A FILHA DO DESTNO CAP.I (FINAL)
Quando Dadá voltou para Inajá, foi ver como estavam às coisas na Venda do seu pai. Não gostou nada do que encontrou. Zé Rubião juntava os amigos das redondezas para beber frente à venda e a administração estava longe de ser boa. Dadá chamou a atenção do filho e tomou as rédeas da venda. Levou a filha Alma para ajudá-la e colocou limites ao filho que, teve que aceitar as ordens da mãe autoritária sem protestar.
Foi então numa tarde de novembro, quando a brisa primaveril começava a soprar no Sertão do Moxotó, o avô, recuperado da doença, voltara para casa. Como ainda se encontrava muito fraco, Alma e Dadá alternavam-se entre a Venda e os cuidados de Seu Damião Malta.
Uma semana após a volta do avô, o irmão de Alma, Damião Rocha, voltava de Recife e assumiu novamente a direção da Venda, para alivio de Dadá e de Alma que estavam exauridas com tanto trabalho.
- Alma, você se lembra de Gerônimo Bezerra? – perguntou um dia Damião à irmã.
- O vi uma vez só, no rio, e quer saber? Não gostei dele. Parece um tanto sinistro.
- Bobagens. É uma ótima pessoa, inteligente, decente, e muito amigo meu.
Surpresa, Alma olhou para o irmão.
- Amigo? Onde você o conheceu?
- É uma longa história. O conheci em Recife e o ajudei quando teve um acidente. Ficou no mesmo hospital que o nosso avô e, todos os dias, ao visitar o vovô, também o visitava. Ai ficamos amigos. É um bom rapaz, e me contou que te conheceu no rio.
- Sim, não me conheceu, me assustou na verdade. Sai correndo...Não gostei nada.
- Mas acho que ele gostou muito de você. Sempre pergunta por você.
- Mas ele não me inspira confiança. Na verdade se não fosse por...
- Por quem? – perguntou intrigado o irmão.
- Por nada, não quero mais falar nesse assunto. Vou para casa.
Damião Rocha olhou a irmã saindo com pressa da Venda e percebeu que teria muito trabalho em convencê-la que Gerô era um bom rapaz. Suspirou profundamente e voltou para o trabalho.
Os dias foram passando, e a verão chegou. Alma continuava o seu ritual banho no rio e tudo parecia voltar ao normal. Certa tarde quente, ela viu o velho pajé no outro lado do rio. Nadou até ele.
O velho Jabú, reconheceu a menina e sorriu.
- Boa tarde menina....você está bem?
- Boa tarde Seu Jabú, estou bem. Faz tempo que não vinha por aqui.
- Sim, tive que ir para outros lugares. Então, fez a mistura que lhe ensinei?
- Sim, três vezes por semana. Estou gostando muito.
- Posso ver.O seu rosto está ficando cada vez mais fino. Isso ai, continua com a mistura. Não pare não, está bem?
- Vou sim seu Pajé. E o que me conta de novo?
- Estou a procura de outra erva que cresce neste lado do rio. Chama-se “JURUTÉ”, tem um sabor amargo, mas faz bem para o estomago. Na minha aldeia há muito problema de estomago.
- Interessante.
- O que tem feito de novo menina?
- Nada. O meu avô ficou doente, mas já esta se recuperando. Esteve na capital internado, mas agora já está em casa. E continuo indo para a escola. Nada de novo.
- Respeito ao seu avô, ele não vai durar muito. Tem problemas sérios. É só uma questão de tempo. Respeito a você, tome cuidado. Alguém vai aparecer na sua vida lhe oferecendo tudo de bom e de melhor, mas não é uma boa pessoa. Não quer o bem de ninguém.
- Alguém? Quem?
- Você verá menina, você saberá quem é quando ele aparecer. Até mais..
- Mas, espera...Eu....
Alma viu o homem desaparecer no meio da mata. As palavras que escutou dele, ficou gravada na sua cabeça. Mas, de quem ele estava falando?
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