
Maria Eduarda foi criada pela avó materna Dona Virginia, numa casa enorme cheia de plantas numa pequena cidade do interior do estado. Quando tinha quinze anos, a vovó Virginia faleceu e Maria Eduarda foi, finalmente morar com os pais numa outra cidade vizinha.
A criação de Maria Eduarda tinha sido muito feliz. A avó lhe ensinara tudo o que a vida tinha de bom, lhe ensinara a ler , inclusive antes de entrar na escola, lhe ensinara a ter amor pelos livros, pela poesia, pela música. Dona Virginia insistira para que ela estudara piano no único conservatório da cidade pequena e pacata, e com isso Maria Eduarda se abriu para a sensibilidade estética da arte.
Após a morte da avó, Maria Eduarda terminou o colegial e foi fazer faculdade em São Paulo. Como boa aluna e estudante dedicada, passou o vestibular e entrou no curso de Música da USP. Continuou os estudos de piano e em pouco tempo já foi contratada para entrar na Orquestra Sinfônica Municipal, como segunda pianista.
Aos vinte e três anos, Maria Eduarda conheceu João Paulo, um jovem carioca que tocava violino na orquestra e que acabara de chegar do Rio de Janeiro. Aos poucos os dois jovens foram apaixonando-se e, no meio dos ensaios e das notas musicais o amor floresceu.
Maria Eduarda alugava um apartamento antigo e muito grande no centro da cidade. João Paulo foi morar com ela e juntos faziam planos para melhorar na carreira e para formar família. João Paulo e Maria Eduarda desejavam uma bolsa de estudos em Paris. No meio dos sonhos e desejos os dois jovens desfrutavam de um relacionamento intenso e romântico. Nada poderia ser melhor neste mundo.
Maria Eduarda, quase tonta de felicidade, pensava na vovó Virginia e queria tanto que ela estivesse viva para poder abrir-lhe o coração de felicidade e contar-lhe todos os detalhes da vida tão feliz que levava.
O tempo foi passando, Maria Eduarda e João Paulo afiançavam a relação. Até que chegou o dia em que saiu a bolsa para Paris. Para infelicidade da Maria Eduarda, só o João Paulo conseguira. Eles conversaram muito e decidiram que o João Paulo iria para a França, ficaria lá um ano, e depois Maria Eduarda iria se encontrar com ele.
No começo de Setembro, quase com a chegada da primavera, João Paulo partiu para a Europa. Entre lágrimas e saudades, Maria Eduarda tinha que se acostumar a ficar sozinha.
A comunicação entre os dois era fluida no começo. Emails e telefonemas eram algo muito comum entre eles. As vezes, na solidão da noite, Maria Eduarda sonhava com Paris, sonhava que estava passeando com o João Paulo pelas ruas românticas da cidade. Toda a sua energia, os seus desejos, se concentraram em Paris. Maria Eduarda sonhava acordada e isso era um antídoto para suportar a lôbrega monotonia da rotina.
Continuava com o trabalho na orquestra sinfônica. A música era a sua companheira, o seu consolo nos dias de solidão.
Os meses foram passando. A primavera passou, o verão deu passo ao outono. Um certo dia, João Paulo escreveu um longo email. Dissera a ela que estava apaixonado por uma francesa e que ele a pedira em casamento. João Paulo decidira ficar na França para sempre.
O choque emocional que a coitada sofreu é simplesmente indescritível. Maria Eduarda chorou durante dias e semanas, preocupando os amigos e parentes. Ela emagreceu e começou a ficar deprimida. Não podia acreditar que o grande amor da vida dela desaparecera para sempre.
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