terça-feira, 18 de setembro de 2012

CÉU E MAR - UMA HISTORIA DE AMOR


As ondas batiam suavemente a embarcação que parecia adormecida num suave balanço das águas, ancorada numa pequena baia perto de uma praia deserta. Sempre que podiam, eles vinham até este lugar paradisíaco onde podiam encontrar-se a sós e poder desfrutar de umas horas, uns dias cheios de paixão.

Às vezes navegavam mar dentro e faziam uma peregrinação pelos arrecifes, pelas ilhas desertas do arquipélago, ou simplesmente passeavam pelo mar azul sem nenhum horizonte à vista. O sol intenso resplandecia em manhãs de primavera ou de verão, os corpos bronzeados dos dois pareciam emanar energia, e o sorriso, ah, esses sorrisos de grande alegria era o melhor que tinham, pois era a celebração pura de um amor puro, um amor que já durava tanto, pois era tão frágil e tão forte, tão efêmero e tão real, tão humano, talvez, demasiado humano.

Ela lembrava aquela manhã de outubro quando, passeando pela orla da praia teve vontade de entrar no mar, de se molhar, de sentir o gosto de sal na pele. Não percebera que o mar estava bravo e que as ondas eram ameaçadoras. Entrou na água, como quem se joga ao abismo de uma paixão, como quem deixou o medo de lado só para sair de órbita e, aproveitar ao máximo aquilo que a própria vontade lhe ditava. Entrou no mar e se molhou por inteira. E ali permaneceu.

Ela nadou nas águas do mar como uma sereia a procura do seu destino eterno. O ambiente azul e cristalino das águas espumosas lhe davam um prazer inenarrável.

A moça loira, alta, esguia de olhos azuis intensos e de sorriso maroto, nadava prazerosa e tranquila nas águas atlânticas. Foi então que, no meio do devaneio e da sensação de liberdade não percebeu que as ondas tinham lhe arrastado para longe da praia. Começou o desespero.

A cada braçada, as ondas a levavam para o mar adentro. Então começou a gritar, pedindo socorro.

Enquanto lutava, às forças iam decaindo até que as ondas a venceram. Ela pensou “Já estou morta. Vou morrer no mar”, e entregou-se a ele com resignação e tranquilidade.

De repente, sentiu duas mãos  fortes que a seguravam; mãos de marinheiro, mãos salvadoras.

O alivio misturou-se ao desespero. Então ela apagara. Então ela não pensara mais em nada.

A tarde estava quente, mas como era dia de semana, não tinha muita gente na praia.

Celeste, esse era o nome dela, foi colocada na areia, mas nada sentia. Tinha desmaiado. Então, como de um profundo sonho, ela foi chamada de volta e cuspiu água enquanto abria os olhos com surpresa.

Então ela viu, com esses olhos azuis, angustiados e aliviados – ao mesmo tempo- outro par de olhos azuis que lhe sorriam.

- Como está se sentindo? – disse o jovem que a salvara e que não tinha nada de marinheiro, mas bem, tinha um quê de surfista.

- Eu, eu estou bem, obrigada – disse um pouco tonta – obrigada novamente.

- Graças a Deus eu estava na praia. Ia pegar uma onda com a prancha quando a vi pedindo socorro. Que bom que está bem! – disse com certo alivio e alegria.

Ele sorriu. Era alto, loiro, pele bronzeada pelo sol. Uma figura imponente e uns olhos azuis como o mar.

- Meu nome é Marco. Prazer.

- Celeste – disse a meia voz – obrigada Marco.

O que parecia ser simplesmente um encontro entre dois jovens na praia do Leblon, na realidade foi um encontro de almas. A partir desse momento, Celeste e Marco encontraram seu destino comum: o céu se unira ao mar em um encontro eterno.

 

O veleiro “Liberdade” navegava lentamente pela baia de Angra dos Reis nessa tarde de verão.

O mar estava calmo, o sol resplandecia. Ao timão do veleiro, Marco observava a paisagem de uma da ilhas verdes. No pequeno convés, Celeste, leve como uma pluma, tomava banho de sol e seus pensamentos voavam sobre a superfície azul do oceano.

Céu e Mar, um encontro, uma eternidade.

- Mar?...Podemos ir até essa praia deserta?

- Vou tentar Céu, acho que tem pedras perto da praia, mas vou tentar.

Céu e mar estavam juntos há muito tempo. O encontro na praia fora uma experiência fascinante e a vida reservava-lhes  surpresas incríveis.

Mar era independente e, às vezes, um pouco soberbo. Céu era tímida e tranquila. Amava Mar de forma segura e se apoiava nele como uma rocha. As tempestades iriam e viriam sempre, mas ela se sentia segura na sua companhia.

Mar era, não só um companheiro, era um verdadeiro amigo, era o seu “totem”, o seu porto seguro, a sua ilha solitária e o seu futuro certo.

Para ele, Céu era o seu refugio indiscutível. Nisso se completavam e, juntos encontraram a verdadeira felicidade, aquela que é sustentada na confiança, no afeto e na pareceria, no calor e na solidão. A felicidade é uma questão de ser; ser Feliz é ser afável, ser confiável, ser amado e amar com todo o sangue do corpo; ser companhia perene, em cuja só presença o objeto do amor encontra a paz e a calma, a harmonia e a beleza.

Sobretudo amar é ter planos e objetivos em comum, ter gostos em comum que favorecem o espaço individual do prazer em comunhão com o outro.

Céu e Mar adoravam o mar. Adoravam velejar; tinham o maior prazer em  acordar num veleiro nas manhãs ensolaradas de verão. Ver o imenso azul do mar e sentir a brisa marinha no rosto.

E a noite, quando se entregavam ao supremo prazer do amor e da paixão, sentir o balanço manso das águas, que convidavam a ter mais prazer. Isso era o supremo deleite.

Céu e Mar, Celeste e Marco, unidos pelo infindável projeto de abraçar o mundo através do infinito oceano de paixão e mistério.

Eles não precisavam de mais nada nesta vida.
 

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