Em algum lugar escrevi sobre “o escrever”e, em algum lugar da
minha memória estava escrito, nas linhas do pensamento que, escrever era uma
hemorragia emocional e quase uma loucura.
Escrever também pode ser um bálsamo que me libera da
ansiedade, da agonia, daquela sensação que as vezes a vida nos da de ser,
totalmente impotente ao sofrimento da vida mesma, de sentir as vezes o “não sentir nada”, de estar a vezes
navegando no marasmo da solidão e do vazio.
Escrever também é um retorcer da alma, é um jorro de emoções contraditórias,
é simplesmente entrar num caleidoscópio de múltiplos sentimentos que não sabemos
para onde nos leva. Quando escrevo, escrevo só pra mim, para o me outro eu,
para tentar explicar, talvez, o que se passa nas profundezas do mar sem fim da
minha própria existência.
É certamente uma tarefa solitária. Essa solidão vem só
acompanhada da inspiração, as vezes caótica, as vezes mais estruturada, mas no
final, é a expressão mais fiel do meu pensamento.
Escrever pode ser uma experiência mágica e algo misteriosa.
Como adoro essas duas palavras: magia e mistério. Elas estão sempre nos meus
anseios, nas minhas duvidas, nas minhas noites estreladas de silenciosa meditação,
no meu cotidiano, no caos do dia a dia.
Nesta tarde bucólica de domingo, lembro-me de uma música que
diz “Vou ficar bem de mansinho, para ver se acontece alguma coisa nesta tarde
de domingo”. Por enquanto está acontecendo algo que é sempre importante e
singular na minha vida: escrever. Escrevo sobre escrever, escrevo sobre o amor,
os sentimentos, os meus medos, o meu silêncio e, como sempre, sobre o meu mistério.
Há algo de mistério em tudo que escrevo. Nada é o que parece ser...Isso faz com
que a vida seja maravilhosa.E é tão impressionante quando percebemos que a vida
é complexa, dura, fácil as vezes, feliz e triste, trágica e fantástica.
Pretendo escrever sempre sobre a vida, pois dela eu conheço um pouco e
pretendo, cada vez mais, conhecer mais e mais, porque só assim alcançarei o
momento mais importante do viver: o conhecimento – pelo menos parcial – do meu próprio
EU.
Escrevo sobre isso, escrevo sobre tudo. Escrevo para seguir
vivendo.
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