segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.VI PARTE IV)



A cidade de Clermont-Ferrand, 400km de Paris, estendia-se através da colina mais alta da região Auvérnia, no sul da França. É também a capital da região e do departamento de Puy-de-Dôme. A cidade de setenta mil habitantes, tinha 2000 anos de história, mas só progrediu como polo econômico francês no século XIX. Durante a guerra foi ocupada pelos alemães que estabeleceram seu quartel general no sul do país. Quando se chega até ela desde a vizinha cidade de Vichy, a paisagem é monumental. Ela fica encravada num vale, rodeada de colinas verdes. No centro da cidade, está a majestosa Cathédrale Notre-Dame de l’Assomption, com suas torres de estilo gótico e seus vitrais incríveis. La place de Jaude é a principal praça da cidade. Encontram-se nela monumentos, prédios administrativos e mansões senhoriais. Mas, a cidade exibia o seus mais belas paisagens através das áreas verdes de sua zona rural.
Apenas há 3km do centro da cidade, na colina de Royat, estendia-se a propriedade dos Clermont, família descendente dos antigos senhores feudais da região de Auvérnia. O Château du Royat, era uma construção de pedra, datada do século XVI. Era um conjunto imenso de torres, galerias pátios internos, salões com vistas à cidade, sacadas e terraços bem distribuídos e construídos com elegância e magnificência.
Os Dupont chegaram ao anoitecer depois de viajar em trem por horas. Foram recebidos pelo jovem Paul e seu motorista. Com um sorriso de satisfação, o jovem Clermont ajudou com as malas e ao entrar no carro, disse que o pai os estava esperando na casa.
A estação ficava perto da praça principal. Claire viu algumas pessoas apressadas na rua, muitos jovens na praça em grupos bebendo e conversando alegremente. Ainda estava claro apesar de passar das sete da noite. O verão era luminoso.
Quando subiram a colina do Chateau, Claire viu que a casa estava iluminada com tochas. A impressão era magnifica. A moça nunca vira uma mansão assim. Era evidente que os anfitriões, além de serem ricos proprietários da região, tinham bom gosto.
Alto e elegante, o anfitrião o recebeu com mostras de alegria na porta principal.
- Meu caro Gerard, mademoiselle Claire, sejam bem vindos a Royat!
- Obrigado meu querido amigo – disse Gerard abraçando Jean – foi uma viagem incrível. A pequena Claire pôde observar toda a paisagem do interior do país.
- Olá pequena Claire, espero que tenha gostado da viagem.
- Olá Monsieur Clermont, foi agradável sim, obrigada.
- Vamos entrar. Esta é Gertrude, minha governanta, ela vai lhes mostrar seus quartos, vamos, entrem.
Uma senhora alta e elegante, de uns sessenta anos mais ou menos, muito educada, os cumprimentou.
- Monsieur Dupont, mademoiselle, sejam bem vindos, por favor, sigam-me.
- Obrigado – disse Gerard.
Gerard e Claire acompanharam a governanta pelo salão principal. Claire viu uma fileira de estatuas e esculturas, quadros, moveis antiquíssimos e um lustre de tirar o folego. Uma grande escadaria de pedra os levou ao piso superior. Claire acreditava estar num conto de fadas e em qualquer momento apareceriam bruxas ou fadas voando sobre ela. O quarto era imenso. A janela dava para o pátio interno onde ela viu várias pessoas, que deviam ser empregados do Castelo, limpando e preparando uma mesa a luz de velas. Ela não sabia dizer ao certo se a casa era assombrada ou romântica, mas gostou do lugar. Tinha uma hora para descansar e se vestir para o jantar.
Pouco depois, quando desceu, encontrou os homens na sala de estar, junto à sala de jantar. O recinto era espaçoso, cheio de fotografias de familia e quadros. Tanto seu pai como Jean du Clermont usavam jaquetas claras e Paul estava trajada de jaqueta azul e calças brancas que parecia um marinheiro recém chegado do mar. Todos estavam elegantes e parecian alegres. A conversa era ruidosa e misturada de risos saudosistas.
Paul foi o primeiro a avista-la. Viu Claire descende as escadas de vestido branco, com os braços expostos, sua cor morena brilhante que tanto chamava a atenção, e um sorriso no rosto.
- Boa noite a todos! – disse timidamente.
- Boa noite Claire – disse Paul, quer beber alguma coisa?
- Está elegante Claire! – disse Jean com um sorriso. Gerard Dupont não disse nada. Observou a beleza da filha com orgulho. Claire estava transformando-se numa linda e atraente mulher.
Após o jantar, Paul a acompanhou até o terraço superior. A vista da cidade, iluminada por uma linda lua minguante, era simplesmente fascinante.
- Que lindo lugar Paul – disse a moça com um suspiro.
- Sim, nossa casa tem uma vista privilegiada da cidade, justamente por estar na colina mais alta.
De repente um cheiro especial tomou conta da brisa de verão.
- Meu Deus, que cheiro delicioso de flores....que cheiro é esse?
- É o cheiro de Muguet, o lírio do campo. Nosso jardim está logo ali.
- É simplesmente maravilhoso.
- Amanha te mostro. É uma flor típica da França.
Claire fechou os olhos e sentiu aquele cheiro suave  e rustico que a remeteu, de repente, ao Sertão do Moxotó.

Nenhum comentário:

Postar um comentário