sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O JARDIM MÁGICO (I)


A pequena Joana tinha só tinha sete anos quando foi visitar a avó Gertrudes, pela primeira vez nas suas férias em Itu.
Dona Gertrudes morava numa casa grande, rodeada de árvores, num sitio próximo a cidade do interior de São Paulo.
Joaninha gostou imediatamente do lugar. A casa da vovó tinha um corredor cumprido que rodeava a casa. A entrada da casa era possível através de uma fileira de pinheiros e outras arvores frutais. A casa estava pintada de branco, as portas e janelas azuis. Um quintal enorme por trás e um incomparável jardim do lado.
Joaninha logo gostou do jardim, cuidado com muito carinho por Dona Gertrudes. Tinha muitas árvores, plantas e uma linda grama verde. As trilhas no meio das plantas tão bem cuidadas levavam até uma pequena ponte onde passava um córrego entre as pedras.
No centro do jardim tinha uma árvore muito grande. Joaninha acostumava brincar ao redor dela e descansar na sua sombra.
Como Joaninha era filha única e não tinha primos, acostumava passar longas horas da tarde ao lado da vovó que lhe contava historias do lugar. Dona Gertrudes tinha o dom da palavra. Ela era professora de português aposentada e conhecia muitas historias de da literatura brasileira.
Joaninha conheceu as obras de Monteiro Lobato pela boca da vovó Gertrudes. Os contos das Mil e Uma Noites e tantos outros que deixavam a menina impressionada e curiosa.
Certa noite quente de verão, a vovó sentou ao lado da cama da neta e contou uma historia para ela.
No fundo do mar existia um reino das águas profundas habitado por duendes e fadas. Era dirigido pela fada rainha e o seu séquito. Os duendes eram verdes e pequeninos e todos viviam felizes. Diziam que a rainha fada foi uma princesa que perdeu um grande amor e que de tanto chorar a beira do lago se transformou em fada. Graças a sua beleza e inteligência, passou a ser a rainha do reino das águas profundas. A partir desse dia nunca mais chorou, mas também nunca mais ficou triste.
Joaninha escutava com atenção e assombro todos os contos da vovó Gertrudes e assim dormia tranquilamente.
Uma noite de lua cheia, Joaninha foi para a cama cedo. Deixou a janela aberta para ver a luz do luar. A lua estava tão linda, que ela ficou olhando para ela até pegar no sono.
De repente acordou no meio da noite. Sentia que tinha que ir ao jardim. Algo lhe dizia para ir até lá.
Ela se levantou devagar. Descalça e sem fazer barulho saiu pela porta dos fundos. A luz da lua iluminava tudo. Em nenhum momento sentira medo.
Ouvia na mente uma voz que dizia: “Venha até a árvore Joaninha, venha”.
A menina caminhou devagar em direção a grande arvore que estava no centro do jardim. Quando chegou até ela, viu muitas pétalas de rosas brancas ao redor e um pequeno buraco embaixo dela. A voz suave e feminina vinha do buraco: “Joaninha, entra, entra, não tenha medo”.
A menina sentiu uma curiosidade intensa e se aproximou do buraco. Na medida em que se aproximava o buraco se abria como se fosse a entrada de uma pequena caverna. Joaninha viu sair dele uma pequena criatura verde. Era um duende.

- Olá Joaninha – disse sorrindo – sou o duende Sigfried e com a minha amiga Freda vamos te levar a um lugar que você vai adorar...
Joaninha o olhou um tanto assustada.

- Que lugar é esse? – disse com medo.
- Não tenhas medo Joaninha, não tenhas medo. Fica embaixo desta árvore. Você vai adorar.

Nesse momento saiu do buraco uma mulher jovem com asas de borboleta. Tinha um rosto de donzela, um sorriso encantador, as suas asas eram transparentes. Voava ao redor da menina e tinha nas mãos uma rosa branca.

- Olá Joaninha....Sou a Fada Freda. Eu e Sigfried vamos te levar para dentro da árvore. Mas não se preocupe que você vai gostar muito. Será só por pouco tempo.
A menina concordou com a cabeça e deu as mãos para o duende e a fada e entrou no buraco. Desceram uma escada de pedras. O caminho estava iluminado por tochas grandes. Caminharam um bom tempo e chegaram até um lugar misterioso e mágico, um jardim. Era diferente ao da avó porque este jardim tinha plantas que brilhavam como estrelas e era tão bem cuidado que parecia um paraíso. A grama verde cintilava e se debruçava até um pequeno lago. Freda e Sigfried levaram a Joaninha até a beira do lago.

- Agora – disse Sigfried – respire fundo que vamos mergulhar no lago.
- Mas, eu não sei nadar – disse a menina assustada.
- Não se preocupe querida – disse a Fada – quando mergulharmos você vai ter pulmão de peixe e vai respirar como se estivesse fora da água.
- Pronto Joaninha? – perguntou o duende.
- Pronto...vamos...

Freda segurou no braço da menina, elevaram-se sobre o lago e mergulharam de cabeça.
Joaninha viu-se nadando no meio de algas e peixes douradinhos. A sensação era maravilhosa. Depois de passar por uma espécie de túnel, chegaram a uma porta de pedra onde grandes tubarões nadavam ao redor. Mas eles não os perturbaram. Deixaram a Freda abrir a porta com uma chave dourada que ela tirara de um pequeno bolso.
A porta de pedra se abrira e eles entraram rapidamente. Joaninha viu então uma cidade submersa e milhares de fadas iguais a Freda e duendes como Sigfried nadando entre as pequenas casas, se reunindo em grupos conversando e rindo.
Joaninha sentiu que o reino das águas profundas era um lugar de fadas e duendes felizes. No alto da colina, um castelo de pedra com duas torres se elevava soberbo. Era o palácio da Fada Rainha.

- Bem vinda ao reino de Sarkamanda – disse Freda sorrindo.
- Sarkamanda? ...Que lugar lindo!! – disse Joaninha – Adorei!
- Falei que você ia gostar – disse Sigfried.
- Bem, agora vamos ao palácio, temos um encontro com a Fada Rainha.
- Fada Rainha? Meu Deus, mas, - disse a menina olhando para a sua vestimenta – não estou vestida adequadamente, estou vestindo um pijama...
- Não se preocupe – disse Freda – vou providenciar um vestido adequado.

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