sexta-feira, 1 de julho de 2011

CURTIR E AMAR



Não há dúvidas que vivemos no mundo da tecnologia. Já escrevi muito sobre o assunto, mas, uns dias atrás, li um ensaio de um escritor e ensaísta americano Jonathan Franzen na revista “Technology Review”, sobre a nossa relação com a tecnologia. O ensaio chama-se CURTIR E AMAR e nele, faz uma distinção interessante entre curtir a tecnologia e amar alguém; nada mais apropriado neste tempo tão conturbado onde as relações humanas ganham dimensões incríveis.
Em seu ensaio anterior I JUST CALLED TO SAY I LOVE YOU, onde colocava os celulares na berlinda, Franzen já analisava a “curtição” excessiva pelos aparelhos de avançada tecnologia, que “alienavam” ao ser humano e os deixava isolados socialmente.
Ele diz, - e concordo com ele- que a tecnologia pode ser bem aproveitada, mas com limites que não ameacem o relacionamento social (básico) do homem.
Por que é mais fácil curtir (algo ou alguém) do que amar? Segundo Franzen, quando amamos somos obrigados a confrontar uma parte de nos que até então, tínhamos que aceitar totalmente ou rejeitar absolutamente. E é no amor onde começam os nosso problemas pois, na paixão, metade é obsessão e a outra metade é amor.
É possível pensar na idéia de amar cada partícula de uma determinada pessoa. Não existe a possibilidade de curtir cada partícula da personalidade real de uma pessoa. O mundo da curtição acaba se revelando uma mentira.
O amor é questão de empatia ilimitada, nascida de uma revelação feita pelo coração mostrando que outra pessoa é tão real quanto você. O amor é sempre específico. Tentar amar a humanidade pode ser um empreendimento digno, mas mantém o foco no EU, no bem estar moral e espiritual do EU; ao passo que, para amar uma pessoa especifica e identificar-se com as lutas dela, como se fossem as suas, é preciso abrir mão de parte de si.
Apesar da dificuldade, as vezes faraônica, que nos é exigido quando amamos alguém de verdade, é o amor que nos faz mais humanos e mais dignos.

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