sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

SETE SEGUNDOS


Há pouco tempo atrás, o MOMA  (Museu de Arte Moderno de Nova Iorque) publicou uma pesquisa em que dizia que uma pessoa passava, em media, sete segundos diante de uma obra de arte.

Em uma entrevista televisiva, o Ator Antonio Fagundes, mencionava que, em 2000 tinha escrito uma peça de teatro onde abordava este assunto. Segundo ele, na peça chamada “Sete minutos”, ele pensava que, naquela época (doze anos atrás), o público gastava sete minutos de concentração na contemplação da arte. “Isso, - dizia o ator – foi há mais de dez anos atrás; agora só temos sete segundos e o tempo vai diminuindo”- concluiu Fagundes.

Até onde vamos chegar? Na há duvidas que, vivemos um século XXI de tecnologia vertiginosa e espantosa. Já tinha escrito várias crônicas sobre isto. Que a modernidade facilitou a nossa vida é fato, mas ao mesmo tempo, está dificultando a nossa comunicação humana.

E quando falo de comunicação, não estou falando da tecnológica
( internet, GPS, celulares, tablets), mas daquela antiga e inata capacidade da humanidade de se comunicar e, através dela, compartilhar amizade, afeto, amor e caridade, entre outras coisas.

Olho ao meu redor e vejo gente “absorvida” em aparelhos eletrônicos, sem nem sequer olhar para o próximo. As palavras gentis, os gestos polidos e educados, a graça da linguagem e da verbalização emotiva, deram passo às frias mensagens SMS, aos chats e, tantos outros meios de comunicação moderna onde tudo transcorre num abrir e fechar de olhos.

Também estamos perdendo a capacidade de concentração. A leitura rápida das manchetes da internet, o email telegráfico e lacônico substituiu o charme e glamour das cartas manuscritas, deixam a nossa humanidade num estado permanente de ansiedade e impaciência.

Enquanto vou filosofando sobre o assunto, vejo pessoas nas ruas falando ou teclando nervosamente os aparelhos telefônicos. Nada do que escrevi é exagero e acho isso preocupante. De repente escuto uma velha canção numa esquina da grande avenida:

“Vou te contar, meus olhos já não podem ver, coisas que só o coração pode entender, fundamental é mesmo amor, é impossível ser feliz sozinho”

Um sorriso veio do meu interior. Enquanto houver vida, haverá possibilidades de comunicação humana e, enquanto houver comunicação humana, haverá amor. Enquanto houver pensamento critico, haverá muito mais tempo do que sete segundos para apreciar a beleza da vida.

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