CAPÍTULO V
“CLAIRE DUPONT”
Uma densa nevoa de inverno cobriu Paris nessa manhã de
fevereiro. O natal e o ano novo de 1948 pareciam dar um ar de renovação à
cidade apenas há três anos de acabar a guerra. Alguns bairros da cidade ainda
mantinham cicatrizes dos anos terríveis de ocupação nazi mas, lentamente a
capital da França recuperava o brilho do passado. Nas ruas elegantes do
Boulevard Sait Germain, ou perto dos Jardins de Luxemburgo, ou mesmo ao redor
do Bois de Boulogne, um sentimento de esperança invadia o coração dos
parisienses. Começava um novo ano, e com ele ressurgimento do país. Os cafés da
cidade continuavam sendo “a alma” do povo, os restaurantes, os shows imortais
do Moulin Rouge, continuavam a dar aquele brilho que Paris sempre deu ao mundo.
Tudo acontecia na capital da França. Ao redor do rio Sena, apesar do frio,
podia ver-se transeuntes que davam comida aos patos quase congelados de frio.
Os mercados de rua continuavam sendo lugar de multidões curiosas. A nevoa de
inverno trazia à cidade não uma visão catastrófica ou triste, mas uma sensação
bucólica de tranquilidade e paz. A guerra já era parte do passado e agora o
país preparava-se para o seu novo destino.
No meio dessa nevoa, surgia uma pequena capela de Saint
Margarete com duas torres e um elegante relógio antigo em uma delas,
destacava-se na rua Boulevard Saint-Michel, a duas quadras do rio e da ponte do
mesmo nome. Era uma pequena escola elementar religiosa onde uma jovem de
cabelos e olhos escuros, vestindo um casaco de pele azul, botas pretas, um
chapéu elegante de lã e cachecol xadrez, saia pela porta dianteira. Um homem de
meia idade a esperava na porta e a conduziu até um pequeno carro preto. A moça
chamava-se Claire Dupont, filha do biólogo e professor da Sorbonne, Monsieur
Gerard Dupont.
A moça, de dezessete anos, florescia como uma rosa no meio do
frio invernal de Paris. Estava ficando cada vez mais alta e elegante. A outrora
figura pequena e desajeitada, dava lugar a uma mulher jovem e bonita. Mas o que
mais atraia aos olhos curiosos e estrangeiros, era a sua pele brilhante e
terna. Todos coincidiam que a beleza de Alma Rocha, ou conhecida agora como
Claire Dupont, a única filha adotiva do famoso biólogo da Sorbonne, Gerard
Dupont, era sem dúvidas uma beleza exótica, vinda de algum lugar desconhecido e
algo mágico.
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