quarta-feira, 27 de agosto de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTNO (CAP.V PARTE I)



CAPÍTULO  V
“CLAIRE DUPONT”

Uma densa nevoa de inverno cobriu Paris nessa manhã de fevereiro. O natal e o ano novo de 1948 pareciam dar um ar de renovação à cidade apenas há três anos de acabar a guerra. Alguns bairros da cidade ainda mantinham cicatrizes dos anos terríveis de ocupação nazi mas, lentamente a capital da França recuperava o brilho do passado. Nas ruas elegantes do Boulevard Sait Germain, ou perto dos Jardins de Luxemburgo, ou mesmo ao redor do Bois de Boulogne, um sentimento de esperança invadia o coração dos parisienses. Começava um novo ano, e com ele ressurgimento do país. Os cafés da cidade continuavam sendo “a alma” do povo, os restaurantes, os shows imortais do Moulin Rouge, continuavam a dar aquele brilho que Paris sempre deu ao mundo. Tudo acontecia na capital da França. Ao redor do rio Sena, apesar do frio, podia ver-se transeuntes que davam comida aos patos quase congelados de frio. Os mercados de rua continuavam sendo lugar de multidões curiosas. A nevoa de inverno trazia à cidade não uma visão catastrófica ou triste, mas uma sensação bucólica de tranquilidade e paz. A guerra já era parte do passado e agora o país preparava-se para o seu novo destino.
No meio dessa nevoa, surgia uma pequena capela de Saint Margarete com duas torres e um elegante relógio antigo em uma delas, destacava-se na rua Boulevard Saint-Michel, a duas quadras do rio e da ponte do mesmo nome. Era uma pequena escola elementar religiosa onde uma jovem de cabelos e olhos escuros, vestindo um casaco de pele azul, botas pretas, um chapéu elegante de lã e cachecol xadrez, saia pela porta dianteira. Um homem de meia idade a esperava na porta e a conduziu até um pequeno carro preto. A moça chamava-se Claire Dupont, filha do biólogo e professor da Sorbonne, Monsieur Gerard Dupont.
A moça, de dezessete anos, florescia como uma rosa no meio do frio invernal de Paris. Estava ficando cada vez mais alta e elegante. A outrora figura pequena e desajeitada, dava lugar a uma mulher jovem e bonita. Mas o que mais atraia aos olhos curiosos e estrangeiros, era a sua pele brilhante e terna. Todos coincidiam que a beleza de Alma Rocha, ou conhecida agora como Claire Dupont, a única filha adotiva do famoso biólogo da Sorbonne, Gerard Dupont, era sem dúvidas uma beleza exótica, vinda de algum lugar desconhecido e algo mágico.

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