Hoje vi uma bola redonda amarelada
e furiosa, parecia feita de fogo. Era assustador mas ao mesmo tempo
impressionantemente belo. Era o sol se pondo entre os edifícios da grande
cidade. O meu contentamento era tal que todo o barulho do transito da cidade se
calou, não ouvi nada ao meu redor, só o silencio, esse momento mágico em que
parece que tudo se apaga e se acende ao mesmo tempo com a visão maravilhosa da
natureza mágica e monumental. A natureza está unida a mim com o silencio. É o
momento da plena contemplação, da atração efêmera e fugaz que a minha alma
sente ao contemplar a beleza que, a cada momento me fascina e me faz sentir
plenamente vivo.
O silêncio também traz uma calma
necessária ao meu ser completo, alma e corpo, pois através dele posso sentir os
latidos do meu coração e os fluidos do meu sangue que alimenta o meu cérebro e
que me leva à inspiração.
O barulho do mundo é cacofonia, o
silêncio e uma eufonia. Me agito demasiado quando estou no meio do transito
confuso da cidade, quando escuto as pisadas fortes de milhares de pés
caminhando rápido num redemoinho de pressa na inútil corrida contra o tempo. O
tempo e o silêncio vão sempre de mãos dadas. Com o silêncio compreendo melhor o
tempo em que vivo. Ele me traz inspirações profundas e necessárias para o meu
futuro, e uma nostalgia profunda e sadia do meu passado. Com o fechar dos
olhos, posso relembrar aquelas imagens do meu passado distante e imaginar o
misterioso futuro.
Existe também aquele silêncio
quando se escuta uma boa música. Com Debussy e Satie, por exemplo, eu consigo
absorver o silêncio que as notas musicais tão fascinantes do impressionismo
francês trazem aos meus ouvidos.
Adoro o silêncio da madrugada, é
a minha hora preferida do dia. Antes do amanhecer, a cidade parece adormecida
num leve ambiente de silencio e mistério. É o mistério da vida, que acontece
quando os pensamentos estão quietos e calmos, quando só esse silencio é
quebrado pelo canto dos pássaros e pela brisa suave que espairece toda
esperança ao redor. É o mistério maravilhoso de ser e estar vivo. Um pequeno
traço de eternidade, um verdadeiro milagre da natureza e da própria existência.
É nesse momento em que contemplo a fina linha do horizonte alaranjado por onde
logo nascerá o sol anunciando o novo dia. É nesse momento em que a inspiração
aflora. É nesse momento que uma xicara de café bem fresquinho é capaz de
produzir um turbilhão de emoções e sensações maravilhosas.
O silêncio, além de inspiração e
calma, também traz um traço de eternidade.
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