quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SILÊNCIO E TRASCENDÊNCIA



Hoje vi uma bola redonda amarelada e furiosa, parecia feita de fogo. Era assustador mas ao mesmo tempo impressionantemente belo. Era o sol se pondo entre os edifícios da grande cidade. O meu contentamento era tal que todo o barulho do transito da cidade se calou, não ouvi nada ao meu redor, só o silencio, esse momento mágico em que parece que tudo se apaga e se acende ao mesmo tempo com a visão maravilhosa da natureza mágica e monumental. A natureza está unida a mim com o silencio. É o momento da plena contemplação, da atração efêmera e fugaz que a minha alma sente ao contemplar a beleza que, a cada momento me fascina e me faz sentir plenamente vivo.
O silêncio também traz uma calma necessária ao meu ser completo, alma e corpo, pois através dele posso sentir os latidos do meu coração e os fluidos do meu sangue que alimenta o meu cérebro e que me leva à inspiração.
O barulho do mundo é cacofonia, o silêncio e uma eufonia. Me agito demasiado quando estou no meio do transito confuso da cidade, quando escuto as pisadas fortes de milhares de pés caminhando rápido num redemoinho de pressa na inútil corrida contra o tempo. O tempo e o silêncio vão sempre de mãos dadas. Com o silêncio compreendo melhor o tempo em que vivo. Ele me traz inspirações profundas e necessárias para o meu futuro, e uma nostalgia profunda e sadia do meu passado. Com o fechar dos olhos, posso relembrar aquelas imagens do meu passado distante e imaginar o misterioso futuro.
Existe também aquele silêncio quando se escuta uma boa música. Com Debussy e Satie, por exemplo, eu consigo absorver o silêncio que as notas musicais tão fascinantes do impressionismo francês trazem aos meus ouvidos.
Adoro o silêncio da madrugada, é a minha hora preferida do dia. Antes do amanhecer, a cidade parece adormecida num leve ambiente de silencio e mistério. É o mistério da vida, que acontece quando os pensamentos estão quietos e calmos, quando só esse silencio é quebrado pelo canto dos pássaros e pela brisa suave que espairece toda esperança ao redor. É o mistério maravilhoso de ser e estar vivo. Um pequeno traço de eternidade, um verdadeiro milagre da natureza e da própria existência. É nesse momento em que contemplo a fina linha do horizonte alaranjado por onde logo nascerá o sol anunciando o novo dia. É nesse momento em que a inspiração aflora. É nesse momento que uma xicara de café bem fresquinho é capaz de produzir um turbilhão de emoções e sensações maravilhosas.
O silêncio, além de inspiração e calma, também traz um traço de eternidade.
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