Meu amigo DUDA acabou de chegar de Nova Iorque após oito
meses sem vir ao Brasil. Nem ele, nem ninguém poderia imaginar a situação atual
do país que encontrou. Oito meses atrás, os escândalos da Petrobrás, chamada
LAVAJATO deixou o meu amigo de cabelo em pé, mas agora, após mais e mais
escândalos - diria escândalos diários – meu amigo está simplesmente estarrecido
diante de tanta crise.
Assim que chegou, ele me ligou pedindo para que o encontrasse
num café, e ficou surpreso quando disse a ele para escolher outro lugar e não a
avenida Paulista.
DUDA: Por que não a avenida Paulista?
TINNY: Porque deve estar um caos devido a protestos. Todos os
dias tem protestos.
DUDA: Meu Deus...até isso...Bem, escolhe você o lugar.
Então escolhi o charmoso CAFÉ GIRONDINO no largo de São Bento
esquina com a Rua Boa Vista, em frente ao Mosteiro de São Bento. Duda chegou
sorridente e me disse que nunca tinha visto rostos tristes e preocupados no metrô.
TINNY: Pois é, infelizmente é o sinal dos novos tempos, ou
melhor dos velhos tempos. Esta situação está durando demais, a crise está se
estendendo muito e não sabemos aonde iremos parar.
DUDA: Meu Deus, Tinny, mas...como vocês conseguem?
TINNY: Bem, se é algo que aprendi observando o povo
brasileiro é sua incrível paciência e sua fé no futuro. De alguma forma ou de
outra, a situação vai passar. Essa também é a minha impressão.
DUDA: Bem, eu era criança nos anos 80 quando o país passou
por uma crise terrível na economia, mas esta é inédita, nunca vivemos algo
semelhante. Não a minha geração.
TINNY: Ah, Duda, se fosse só a economia tiraríamos de letra,
mas o pior é que a crise política é ainda pior. A Presidente mal consegue se
sustentar, o governo está no ar, o Congresso é o mais irresponsável que já
existiu, e ainda por cima a LAVAJATO está perseguindo parlamentários,
executivos, banqueiros, todos os estamentos econômicos na lama, e isso é
notícia de todos os dias.
DUDA: Meu Deus, mas isso está acabando com o país.
TINNY: Sem dúvidas, isso vai forçar um impeachment da
Presidente, ou teremos que sangrar até morrer. Eu não vejo outra alternativa.
DUDA: Preocupante.
TINNY: Sim, mas você já deve estar sabendo tudo sobre os
escândalos políticos e econômicos do país, por tanto, agora me fale de você,
como andam as coisas na América?
DUDA: Muito bem. Lá as preocupações são outras, mas são
terríveis mesmo assim. Os atentados de Paris voltou a nos preocupar. O governo
e o congresso estão preocupados com as ameaças terroristas. Pois é, a crise agora
é internacional. E vem do Oriente médio, da Síria, do ISIS, e tudo mais.
TINNY: Pois é, vivemos momentos convulsionados. 2015 foi um
ano em que aconteceu tudo, tudo mesmo. Um ano em que vivemos em perigo. Ainda
bem que está acabando, mas quase me esqueci. Você lembra que um dia você me
perguntou sobre o espirito do Natal?
DUDA: Sim, por que?
TINNY: Porque já estamos no Advento, o tempo de preparação do
Natal, é o momento de entrar no espirito do natal, mesmo que pouco a pouco.
DUDA: Não sei como você consegue. Eu estou longe do espirito
do Natal. Até agora só vi agruras e tristezas.
TINNY: Mas é por isso mesmo. O natal é um período de alegria
e de paz. Isso deve nascer dentro de nós, ou melhor, está dentro de nós e temos
que colocá-lo para fora, temos que experimentar a alegria da espera, da
esperança em deixar que o Menino Jesus nasça nos nossos corações.
DUDA: Como se consegue isso?
TINNY: Com uma grande abertura espiritual. Deixar o coração
aberto. Meditar sobre o natal é trazer para o nosso cotidiano a alegria e a
paz, não importa se as coisas não vão bem, o mais importante é fazer com que
nossa alma fique tranquila, cheia de esperança em dias vindouros. É que tudo
mudará, tudo vai passar. Você conhece a expressão: Não há mal que dure cem
anos, não?
DUDA: Sim.
TINNY: Que tal se começamos a acreditar firmemente nisso a
partir de agora, aproveitando este tempo maravilhoso do advento. Longe de
rumores, de notícias péssimas e de tristezas, vamos nos concentrar que o Natal
traz seu próprio milagre. Ele existe para os que creem nele.
DUDA: É uma boa ideia. Você sempre otimista e cheio de fé.
Invejo você.
TINNY: Deixe de bobeiras, não me inveje, me imite, e você
verá...
DUDA: Pronto. Você conseguiu que eu esqueça toda a tristeza
do ambiente em que estamos imersos. Agora tudo parece ter outra perspectiva.
TINNY: Isso é o começo do espirito natalino.
DUDA: Muito bom. Está escutando os sinos?
TINNY: Sim, são os sinos de São Bento, os Monges estão
chamando para a oração das cinco. Você já entrou no Mosteiro?
DUDA: Não, não tive a oportunidade ainda.
TINNY: Que tal uma excursão por lá. Você vai adorar. É muito
linda.
DUDA: Ótimo. Gostei. Algo diferente para elevar um pouco a
alma.
TINNY: O espirito do Natal.
DUDA: Exatamente!
Uma densa chuva caia sobre a cidade. A névoa espaireceu-se
por entre os prédios do centro da cidade. Os transeuntes apressados dirigiam-se
ao metro, os guarda-chuvas multicores ofereciam um ambiente de alegria
primaveril. Dentro do Mosteiro, os dois amigos sentiram um momento de paz e
alegria. E paz e alegria são as bases do espirito natalino.
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