sexta-feira, 25 de novembro de 2011

CRÔNICAS DA AVENIDA PAULISTA (CONTO)


"A JANELA VAZIA (FINAL)

Germano acompanhava diariamente o comportamento estranho da mulher misteriosa que, coincidentemente colocara-se na mira do seu binóculo. Ele começou a imaginar uma historia de suspense sobre a mulher. O que mais chamava a sua atenção era o tempo em que a mulher ficava em pé frente a estação de metrô: duas horas! Todas as manhãs, ela ficava esperando alguém que nunca chegava durante cento e vinte minutos. Tudo era muito estranho.
Ele começou a sonhar com ela, escreveu um conto de mistérios onde a personagem principal era ela, deu um nome a ela...
Até que um dia, ele, quase pirando de curiosidade, resolver descer e falar com a mulher. Ele costumava descer todas as manhãs para tomar café na Bela Paulista, uma padaria muito badalada da região. Era a hora em que a loiro misteriosa estava na esquina.
Aconteceu numa manhã cinzenta de outono. Germano desceu do seu prédio e dirigiu-se à padaria. Eram às nove da manhã. Ele sabia que ela ficava entre às 9 e as 11horas todos os dias. Quando voltou da padaria, lá pelas 10hs a mulher tinha desaparecido.
Uma mistura de surpresa e decepção tomou conta dele.
No dia seguinte, na janela, no seu binóculo, lá estava ela novamente. Ele decidiu descer imediatamente e ir falar com ela. Quando chegou à esquina, ela não estava mais lá.
O mistério continuava, dia após dia, meses após meses.
Certa manhã, Germano decidiu esperá-la antes das nove horas. Chegou às oito e meia e ficou do outro lado da rua. Quando olhou no seu relógio e percebeu que eram às nove em ponto, viu a mulher aparecer na esquina, do nada. Não deu outra e Germano atravessou a rua como louco, e não desviava o seu olhar à da mulher.
Quando estava no meio da avenida, notou que a mulher olhou para ele e sorriu. Ele sorriu também, mas pouco antes de perceber um enorme carro que vinha veloz na sua direção. O carro o atropelou em plena avenida e Germano caiu no asfalto e ficou desacordado.
No meio do barulho das sirenes e da multidão curiosa que o rodeava, ele entreabriu os olhos e viu a mulher loira diante dele. Ela sorria e falou para ele se acalmar porque tudo passaria logo.
Ele, com um fio de voz, perguntou pelo seu nome. Ela respondeu: “Eu sou a morte. Eu estava esperando por você e você veio a mim. Agora você irá comigo, tranquilamente.”

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