segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
CRÔNICAS DA AVENIDA PAULISTA (CONTO)
O SONHO DE ROGER (I)
Rogério Damasceno tinha só vinte anos quando deixou a sua Barbacena natal, em Minas Gerais e mudou-se para São Paulo numa tarde chuvosa de inverno. A cidade grande podia ser um pouco fria e assustadora para um rapaz solitário e homossexual, rejeitado pela família e, com muitos sonhos na bagagem.
Rogério desceu do ônibus, respirou fundo e, como se estivesse diante de uma criatura ameaçadora: a cidade ; decidiu conquistá-la a qualquer custo.
Suas exíguas economias só lhe ajudariam para sustentar-se por um ou dois meses, no máximo, Rogério não se importava. Ele queria ser um designer de modas, um artista, trunfar nas passarelas da vida.
O seu primeiro lar fora uma pobre pensão no final da Rua Augusta, perto do centro da cidade. Com a firmeza que lhe era característica, conseguiu um trabalho num atelier de costura. Ele sempre soubera costurar roupas femininas, já que a mãe era uma costureira muito requisitada na sua cidade natal.
A dona do atelier, uma mulher agradável e caridosa foi com a sua cara e decidiu dar- lhe uma chance. Enquanto trabalhava e acumulava experiências no estabelecimento de dona Margarida, Rogério – agora conhecido como ROGER pelos colegas – mudara-se a um pequeno apartamento na mesma Rua Augusta, muito próximo à Avenida Paulista.
A primeira noite que ele caminhou pela Paulista ficara impressionado. No meio dos grandes edifícios, antenas de radio e TV, do tráfego incessante e o vai e vem dos transeuntes, vira luzes de neon que espalhavam cores por toda a avenida. Desde o primeiro momento, ele amara o lugar e, decretou para si, no fundo do seu pensamento, que ele teria um dia, uma loja , sua própria loja, nesta avenida.
A vida é uma caixa de surpresas e nunca e sabe o que pode nos acontecer. Um dia, a dona Margarida faleceu e os filhos resolveram não seguir com o atelier. Todo mundo foi mandado embora, e Roger, pela primeira vez, viu-se desempregado.
Começou então a sua verdadeira luta. Comprara uma pequena máquina de costura e fazia vestidos que, pessoalmente vendia nas ruas da cidade.
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