quarta-feira, 8 de outubro de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAPITULO V PARTE VIII)



A partir daquele dia, não passava dois dias sem que Claire e Joan fossem para a loja de Madame Brigny. O entusiasmo de Claire com as ervas e essências aromáticas da proprietária da loja e do seu filho Henri chamaram a atenção de Gerard.
- Mas filha, o que você e sua amiga fazem tanto naquele lugar?
- Henri, o filho da Madame Brigny esta me ensinando tudo sobre ervas e essências. Ontem mesmo, eu levei o meu caderno de receitas, aquele que anotei todas as dicas do velho Pajé Jabú sobre ervas tropicais e encontramos algumas ervas que são parecidas.
- Bem, parece interessante mas,  não deve perder o foco nos estudos. Quando são as provas finais deste período?
- Daqui a duas semanas, primeira semana de junho. Estamos estudando muito papai, não se preocupe.
Gerard percebeu que a sua filha parecia contente com as visitas à Madame Brigny, e decidiu que um dia passaria por lá para ver como andavam as coisas. Essa manhã, ele saiu de casa e foi andando, como sempre,  desde a Rue Danton, onde ficava o apartamento até a universidade. Atravessava a Boulevard Saint Germain, rue de Odeon até a Saint Sulpice. A rotina era diária e gostava apreciar as mudanças das estações, os transeuntes e o ar festivo que a cidade sempre oferecia.
Um grande prédio cor creme com colunas gigantescas era a sede da Faculdade de Biologia. Subiu os degraus do edifício e entrou na ala leste onde encontrava-se o seu escritório. O ambiente era bem académico, grandes estantes de livros, um gabinete de laboratório biológico e uma pequena área de recepção. Uma grande mesa de peroba estava coberta de livros, papeis e rascunhos. Ao sentar-se, encontrou uma carta do seu amigo, o Doutor Jean Du Clermont.
“Estaremos em Paris, meu filho e eu, na próxima semana. Gostariamos de convidar você e sua filha para jantar. Pode ser na quarta-feira à noite? Adorariamos rever vocês”
Gerard sorriu satisfeito. Escreveu aceitando em forma imediata. Ele sempre gostara de Jean Du Clermont, desde os tempos da universidade, quando todos eram estudantes e gostavam de se reunir nos cafés da cidade, após as aulas. Eram tempos antes da segunda guerra e a cidade efervescente, contribuía para este ambiente de camaradagem e amizade. Pensou no filho de Jean, Paul, que se transformara num rapaz com muito futuro. De repente pensou se Paul e Claire não poderiam ter um futuro juntos.
- Meu Deus Gerard – disse a si mesmo sorrindo – você parece um pai ambicioso demais. Melhor voltar ao trabalho.
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No sábado à tarde, quando o sol iluminava tênue, suave e morno sobre a cidade, Claire e Joan se encontraram frente a Fonte Medici nos jardins de Luxemburgo. A ideia era assistir a um espetáculo de fantoches, dar um pequeno passeio e ir até um café perto do parque e passar a tarde jogando conversa fora. Joan apareceu as três e meia da tarde, Claire já estava esperando a amiga. As meninas adoravam o lugar cheio de arvores verdes, de fontes de agua e de uma multidão interessante. Após terminar o espetáculo, elas caminhavam até o café quando Joan viu alguém que chamou a sua atenção.
- Claire, aquele não é o filho de Madame Brigny?
- Parece que sim, Henri Brigny. O que estaria fazendo por aqui?
- Como nós, passeando.
O rapaz estava do outro lado do jardim caminhando e tomando um sorvete. Estava sozinho. Vestia uma calça azul marinho, suspensórios, uma camisa clara e um boné azul. Parecia absorto em pensamentos.
- Henri – gritou Joan desde o outro lado da fonte.
O rapaz olhou para elas e caminho rapidamente ao seu encontro.
- Olá meninas, tudo bem?
- Que surpresa – disse Claire – passeando?
- Sim, resolvi dar um passeio. Gosto muito deste lugar, sempre que posso, venho para me refrescar um pouco. E vocês?
- Viemos assistir os fantoches e agora estamos indo para tomar um café logo ali, ao atravessar a rua. Quer vir conosco?
- Será um prazer.
O CAFÉ SAINT PETRE, ficava na rua de Medici a poucos metros do Boulevard Saint Michel. Os três jovens passaram duas horas agradáveis até o pôr do sol da primavera parisiense anunciar que era hora de ir embora para casa. Claire e Joan conversaram muito com Henri. O filho de Madame Brigny estudava engenharia agronômica e gostava de passar os finais de semana na propriedade da família, no sul de Paris, na beira do Sena, a uns 40km da capital. Um lugar que ele adorava e de onde colhiam as flores e ervas aromáticas para a elaboração de essências. Claire ficara muito curiosa em conhecer o lugar. Henri percebeu pelas perguntas que ela fazia. Fora uma tarde agradável.
-Amanhã mesmo estou indo para SAINT ASSISE, onde fica a propriedade da família.
- Fica longe de Paris? – perguntou Joan.
- Perto, menos de uma hora de carro. Eu vou sempre aos finais de semana. Não fui neste porque amanha tenho provas na faculdade. Espero que vocês conheçam algum dia – disse olhando para Claire e sorrindo.
Claire Dupont ficara bem corada. Percebeu que sentia-se um pouco inquieta na presença de Henri Brigny.
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