sábado, 11 de outubro de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.V PARTE IX)

Pelo menos duas vezes por semana, Claire e Joan iam até a loja de Madame Brigny. Elas estavam muito interessadas nos aromas, essências e ervas perfumadas. Madame Brigny mostrava, com paciência, todos os segredos dos perfumes e cremes, e Claire especialmente era todo ouvidos.
As vezes ela ia sozinha pois Joan tinha que ajudar o pai na cafeteria. Poucas vezes via o filho da dona da loja. Ele estava absorvido nos exames da faculdade ou ele estava no campo trabalhando. O fato era que, entre Claire e a mãe de Henri estabeleceu-se uma relação, talvez a primeira, depois do seu pai,  em que o afeto tinha um papel muito importante.
Gerard Dupont começou a se preocupar com o interesse da filha pela Madame Brigny. De fato, ele ficara surpreso quando Claire não demostrara nenhum interesse em aceitar o convite dos Clermont para visitar sua casa, no sul da França. Os Clermont jantaram com os Dupont há duas semanas atrás e o jovem Paul tinha mostrado um interesse obvio em Claire. Gerard ficou satisfeito, pois conhecia Jean du Clermont havia muito tempo e gostava muito deles. Mas Claire só tinha cabeça para as ervas, essências e aromas perfumadas, de uma pequena loja em Montmartre, e só falava nisso.
Durante o jantar, quando o jovem Paul lhe perguntou se ela gostaria de conhecer Clermont-Ferrand, ela perguntou se como era a topografia do lugar, especialmente as plantas. Paul estava mais interessado nos produtos agrícolas ou nos vinhedos da família, mas garantiu à moça que sim, tinha uma diversidade de flores e ervas aromáticas e que durante a primavera, o campo enchia-se de um perfume único que ele nunca tinha cheirado em outro lugar. Gerard percebeu que só nesse momento a filha mostrara-se interessada, mas mesmo assim, disse que um dia conheceria o lugar, mas que agora estava muito ocupada com os estudos, que talvez no verão seguinte poderia visitar Clermont.
O biólogo pensou que já era tempo de visitar Madame Brigny e ver in situ o que estava acontecendo com sua filha.
Numa tarde quente de junho, Dupont chegou até a loja de Montmartre. Sua filha ainda estava na escola, em pleno período de provas finais, quando ele viu uma senhora de meia idade, de baixa estatura, magra, de cabelos encaracolados e bem claros, loiros, de olhos verdes e um sorriso enigmático.
- Pois não?
- Boa tarde, gostaria de falar com Madame Brigny.
- Sou eu mesma.
- Sou Gerard Dupont, pai de Claire.
Após essa rápida visita à loja de Madame Brigny, Gerard Dupont percebeu que aquela menina que adorava o barro, que gostava de misturar ervas aromáticas e testar todas elas com sua pele, tinha um talento especial para a beleza. Madame Brigny disse a ele que nunca vira uma moça tão interessada nesses assuntos. Que ela estava aprendendo tudo em pouco tempo, e que com o livro que ela tinha trazido do Brasil e com o conhecimento das flores e ervas francesas, Claire estava aprendendo tanto que, no futuro, poderia ser dona de alguma loja de perfumes ou cremes, ou talvez, produzir algum produto de beleza. Mas ela concordava que, de uma forma ou de outra, Claire tinha muito futuro, e um futuro de sucesso.
Com isso na cabeça, Gerard começou a incentivar a filha a seguir os passos que ela tinha escolhido. O nome de Henri Brigny começou a ser pronunciado dentro de casa, quando um dia, Claire pediu ao pai um mapa da França.
- Aqui está o mapa filha.
- Olha Pai, estou procurando um lugar, uma pequena cidade ao sul de Paris chamada SEINE PORT, fica uns 40kms, a beira do rio Sena.
- Por que esse lugar?
- Porque é o lugar onde Madame Brighy tem sua propriedade e onde ela cultiva as flores que usa na mistura das essências. O lugar chama-se Saint Assise, e o Henri trabalha lá quando não está estudando.
- Henri, quem Henri?
- Henri é o filho de Madame Brigny, ele trabalha com a mãe e é um expert em aromas e essências. Ele estuda engenharia agrônoma e é muito inteligente.
Gerard Dupont percebeu que a filha estava muito mais interessada no filho de Madame Brigny do que em outra coisa.

“Ele é muito inteligente”. Gerard Dupont não esqueceu essa frase.

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