sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O JARDIM MÁGICO (II)



A Fada tirou do bolso uma varinha brilhante e olhando para a menina fez um gesto rápido. No mesmo instante, Joaninha percebeu que estava vestindo um vestido branco cintilante, um vestido de festa. Nesse momento pensou na avó Gertrudes e nos contos de fadas que ela lhe contava. Estava vivendo um desses contos e sentia-se muito feliz.
Percebeu que todas as outras fadas e duendes os seguiam em direção ao palácio da rainha. Subiram uma escada branca que parecia de mármore. Nos dois lados, duendes iluminavam os caminhos com lanternas brancas. Todas as fadas tinham uma rosa branca nas mãos.

- Por que vocês tem rosas brancas nas mãos?
- Porque a rosa branca é o símbolo da nossa rainha. Ela adora rosas brancas e quando levamos nas mãos uma rosa branca estamos significando que honramos a nossa rainha e o nosso reino.
- Interessante, também gosto de rosas brancas.

Lentamente foram chegando até um salão imenso cheio de fadas. Estas eram especiais. Eram mais altas e as asas eram douradas. Faziam parte da corte da rainha.
Uma dessas fadas disse em voz alta:

- Sua Majestade, a Rainha Ellinor de Sarkamanda.

Todos, inclusive Joaninha, fizeram uma reverencia.
Do alto de uma escada branca, rodeada de fadas , apareceu a fada rainha Ellinor, branca como a neve, de uma beleza que Joaninha nunca vira antes. Ela sentou-se no trono branco e fez um gesto para que todos levantassem a cabeça.

- Quero conhecer a nossa ilustre hospede... por favor, aproxime-se.

Freda fez um gesto para a Joaninha e ela caminhou sozinha até o trono.

- Então você é a pequena Joana – disse a rainha sorrindo – me conte o que achou do reino das águas profundas.
- Achei linda e surpreendente, Majestade.
- Seja bem vinda. Sabemos que você acredita nos contos de fadas e que gosta de plantas e animais. Por isso quisemos convidá-la para conhecer o nosso reino. Aqui a natureza é protegida. Nos sempre seremos gratos a você se você continuar amando a natureza e protegendo-a de qualquer perigo.
- Sim Majestade, vou continuar amando a natureza, as plantas, os animais
- Muito bem. Quando você quiser, sempre que quiser, feche os olhos e pense em nós. Iremos a sua busca e a traremos aqui.
- Obrigada, Majestade.

Joaninha fez uma reverencia e voltou junto a Freda e Sigfried. Nesse momento tocou uma música suave e as fadas foram uma a uma se aproximando da rainha e conversando brevemente com ela.
A menina ficara impressionada com a beleza da rainha.

- Ela é realmente bela
- Sim, uma princesa encantada. Perdeu o amor da sua vida mas ganhou o amor de todas as fadas.
- Muito linda...muito linda....Este lugar é encantador....Quero ficar aqui para sempre.
- Joaninha querida, você sabe que isso é impossível. Temos que voltar, lá fora já está amanhecendo e a sua avó costuma acordar cedo. Logo, logo você estará de volta. Lembre-se, você não poderá dizer nada do que viu aqui pra ninguém. É um segredo.
E assim fizeram o caminho de volta.
Durante o trajeto de volta, na escada de pedras que levava a entrada da árvore, Joaninha começou a sentir sono, um sono pesado e profundo. Fechou os olhos enquanto caminhava de mãos dadas com Freda. Acordou na cama dela.
Pensou que tivera o sonho mais real que nunca tivera antes.
Levantou-se da cama e quando ia para o banheiro escovar os dentes, umas pétalas de rosas brancas caíram no chão.
Joaninha ficou impressionada. O sonho era mais real do que imaginava....O que era isso? Era muito estranho.

Ao longo de todas as suas férias de infância a pequena Joana costumava deitar-se na cama e pensar no nome SARKAMANDA. Fechava os olhos e apareciam Freda e Sigfried ao seu lado para levá-la ao reino das águas profundas.
Era a viagem mais emocionante de toda a sua vida. Joaninha esperava impaciente todos os anos para visitar a avó em Itu durante as férias.
Os anos foram passando e a vovó Gertrudes faleceu. A Joana tinha então doze anos quando isso acontecera e ela nunca mais voltou para Itu. Sempre lembrava dos sonhos lindos que tivera durante as férias, era como se vivera um conto de fadas.
Quando Joana fez vinte e um anos, acompanhou os pais para Itu para pegar alguns moveis da avó, pois a casa tinha sido posto a venda.
Quando chegaram à casa, Joana percebeu com tristeza o abandono da mesma. Restavam poucas arvores, e o jardim quase sem plantas. Tudo estava cheio de mato e sujeira.
Joana caminhou por entre a mata onde foi o jardim da avó, e viu a grande árvore que restara dele. Sentou-se à sua sombra e fechou os olhos. Sentiu-se como naqueles sonhos da sua infância, quando sonhava com o reino das águas profundas, dos duendes e das fadas.
De repente uma chuva de pétalas de rosas brancas caiu sobre ela. Percebeu que tudo o que ela achava que era sonho, na verdade era realidade.
O jardim da vovó era mágico e ela vivera dessa magia durante toda a sua infância.
Lembrou-se das palavras da rainha Ellinor de proteger a natureza e anos depois, passou a ser uma das maiores defensoras do meio ambiente do seu país.
O mero pensamento de SARKAMANDA, a encorajava a cumprir com o seu dever e com a sua missão. Isso lhe dava uma felicidade impar.

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