quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
O SONHO DE FLOPI ( FINAL )
Pampo perguntou ao Flopi como ele tinha chegado em Acquaria. Flopi lhe disse que desde pequeno, que não conhecera os pais nem sabia se tinha irmãos, e que já se acostumou a esse pequeno lugar rodeado de outros peixinhos e plantas. Mais tarde, Flopi apresentou outro amigo ao Pampo. Era outro peixinho dourado chamado Dalfinho. Este era de dorso azul brilhante, flancos dourados, ventre branco e amarelado com pintas escuras.
Assim como Flopi, Dalfinho sempre vivera em Acquaria.
Formou-se então o trio de pequenos peixinhos amigos : Flopi, Pampo e Dalfinho. Os três costumavam nadar por entre as pedras e as plantas do lugar. De vez em quando, eles se aproximavam da grande parede – o limite de Acquaria – de vidro, mas não se aproximavam muito porque, muitas vezes, eles viam criaturas estranhas com muitos olhos que os observavam. Alguém disse uma vez que estas criaturas poderiam ser Humanos, mas os três não acreditavam muito. Flopi até gostava de ver muitos olhos – de varias cores- que brilhavam através da parede. As vezes, apareciam umas mãos acenando. Se eram realmente Humanos, Flopi não sabia, mas sim, acreditava que eram criaturas muito estranhas.
Quando dormia, Flopi sonhava com o planeta Mar Azul. Sonhava que nadava, as vezes com Pampo e com Dalfinho, as vezes sozinho. Mas podia sentir, através dos sonhos, a inebriante experiência de nadar sem encontrar nenhuma parede de cristal. A liberdade – sonhava Flopi – era poder nadar sem parar o dia todo e saber que o infinito não existe, é uma mera ficção.
As vezes tinha pesadelo no Mar Azul quando nadava, porque se encontrava com os monstros marinhos que Pampo falava. Muitas vezes deparou-se com tubarões gigantes ou com polvos pretos que queriam devorá-lo, mas Flopi nadava e nadava.
Um dia, eles ouviram o estrondo da nave que se aproximava do céu de Acquaria. De repente as águas começaram a revirar-se como um tsunami. Apareceu então, diante de todos eles um tubarão de dorso azul acinzentado e de ventre branco. O corpo era delgado e moderadamente corpulento, focinho curto, longo e arredondado.
O aparecimento do tubarão causou estremecimento. Todos coincidiam que ele era o maior e ameaçador peixe que nunca tinham visto antes. Fidalgo, era o nome do tubarão, e ao menos que eles o respeitassem, Fidalgo poderia devorá-los em dois tempos.
Mas Fidalgo estava cansado demais para ameaçar alguém. Estava doente e fora mandado a Acquaria para se restabelecer. Lentamente, os peixinhos perceberam que Fidalgo era gente boa e se sentiam protegidos por ele.
Assim era o mundo de Flopi em Acquaria. Se era realmente feliz, ele não sabia, mas sim sonhava todas as noites com o grande planeta Mar Azul e fazia planos ilusórios com Pampo de um dia poder voltar juntos para lá. Pampo lhe disse que, se eles fossem para o Mar Azul, ele o mostraria tudo de bom que tinha o seu habitat.
Passou-se um tempo. A amizade entre Flopi, Pampo e Dalfinho afiançara-se. Os três eram muito amigos, até que chegou o fatídico dia da despedida.
Todos sabiam que um dia a nave apareceria e levaria um deles de volta, e claro, apareceriam outros peixinhos em Acquaria. Mas os três amiguinhos não estavam preparados para a separação. Pampo foi levado pela nave uma noite escura, quando as luzes de Acquaria estavam quase todas apagadas. Flopi, desconsolado, chorava pelos cantos sem saber o que fazer. Pampo era um de seus melhores amigos. Pouco depois, foi a vez de Dalfinho. Flopi sentiu-se terrivelmente sozinho. Não comia, não nadava, e, como era de esperar-se, adoeceu.
Estava com os olhos quase fechados de tão debilitado, deitado no meio de uma pedra. Sonhou que estava nadando feliz em Mar Azul. De repente, sentiu um estremecimento e percebeu que,lentamente, era transportado para cima por umas mãos brancas que pareciam tentáculos de polvo. Estava muito debilitado para reagir. Entregou-se ao que ele pensava era a própria morte.
Fechou os olhos e nem viu quando o colocaram dentro da nave. Estava na dúvida se era sonho ou realidade.
Quando Flopi abriu os olhos, sentiu como se estivesse voando e pouco depois sentiu a sensação que estava na água. Olhou ao redor e viu milhares de peixinhos nadando a sua volta. Tudo era azul. Então percebeu que, por fim, estava no Grande Planeta do Mar Azul. Ouviu alguém gritar o seu nome : FLOPI, FLOPI...Aqui!!! Virou-se e viu o Pampo e o Dalfinho que o esperavam com os flancos abertos.
Feliz, imensamente feliz, Flopi nadou até eles. O seu sonho se tornara realidade. Estava no Mar Azul e junto aos seus amigos da alma.
Nunca devemos duvidar dos nossos sonhos. Eles são faros que nos iluminam os caminhos – as vezes escuros – das nossas vidas. Sem os sonhos, teríamos uma existência tão árida, vazia, e tão triste.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário