De repente ela se encontrou correndo, livre e solta por um
campo cheio de flores. O lugar lhe proporcionava uma liberdade tal que ela
nunca vira antes. Sentiu-se plena de alegria e satisfação. O campo florido
estava rodeado de montanhas altas, muito altas, cujos cumes estavam cobertos de
neve. Uma brisa suave de primavera lhe beijou o rosto. Ela fechou os olhos com
uma sensação incrível de felicidade. Era mais do que um sonho, era uma espécie
de realidade virtual repleta de contentamento.
Ao abrir os olhos, viu uma figura alta e magra se
aproximando. Era difícil reconhecer, mas percebeu que era um rapaz. Em nenhum
momento sentiu-se ameaçada, ao contrário, sentiu-se protegida.
Ela esperou esse intrigante visitante que parecia dar ainda
mais cor a esse ambiente tão agradável. Quando ele chegou muito perto dela, ela
percebeu que era Henri. O querido e amado Henri.
- Henri! – gritou ela e correu ao seu encontro. Se jogou nos
braços dele. Não poderia ser mais feliz.
- Claire, Claire mom amour! Por que você está tão triste
pequena Claire?
- Triste?, Eu estou feliz...
- Não Claire, isto aqui é apenas uma ilusão. Vim falar com
você. Você precisa voltar à sua vida, ao seus projetos, seus planos, seus
desejos...
- Mas, eu estou bem
- Não Claire, você sabe que não está. Tem uma visita pra
você, atenda-a por favor, vai ser de grande ajuda para você.
- Mas, Henri – ele tinha desaparecido diante dela –
Henri....Henri – ela gritou quando viu que tudo escurecia ao seu redor. De
repente as montanhas ficaram ameaçadoras e parecia que iam cair sobre ela. Uma
tempestade se aproximava. O campo de flores desapareceu e deu lugar a um lugar
tenebroso, cheio de pavor e medo. Ela começou a ouvir um barulho estranho, como
um rufar de tambores que vinha de longe mas que se aproximava cada vez mais.
Ela começou a correr mas o barulho parecia querer domina-la.
Quando acordou assustada e ofegante e ouviu alguém tocar na porta.
- Claire, Claire?
- Sim...pode entrar – disse arrumando o cabelo e tentando
secar o suor do rosto com o lençol.
- Minha pequena Claire – Madame Brigny abraçou a moça com
carinho.
- Madame Brigny, eu, eu....- disse e prorrompeu em prantos.
- Chora minha menina, chora.....não se preocupe, vim cuidar
de você....você vai voltar à realidade....já é hora minha filha...
Claire, então lembrou do sonho que tinha tido com Henri e
compreendeu que Margarete era a visita que ele tinha falado. Percebeu que Henri
queria que ela recuperasse o gosto pela vida, que seguisse o seu próprio rumo e
que tentasse ser feliz.
- Obrigado por ter vindo – disse Claire abraçando Madame
Brigny com carinho e tranquilidade.
O paroxismo da dor já estava passando.
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