Há um mês atrás, escrevi neste meio que estava “assustado”
com a situação – grave e irrisória – em que chegou a Argentina. Eu escrevi
naquela ocasião que as instituições argentinas não funcionavam, que o tecido
social estava em frangalhos e me perguntava como eles chegaram até esse ponto,
e como o povo argentino deixava ser governado por gente espantosa. Bem os
comentários ao meu escrito foram positivos e alguns – alarmantes – do tipo: “A
gente está chegando lá”.
Pois é. Um mês depois assistimos neste país a um espetáculo
de horrores do tipo argentino. O governo federal recentemente empossado perdeu
o controle da economia. Acuado por escândalos de corrupção da Petrobrás – para muitos,
o maior escândalo de corrupção da era republicana – os inúmeros e desastrosos
atos da “senhora Presidente”, cuja popularidade despencou altamente, é de dar
medo.
Inflação em alta, crise de energia elétrica e hídrica,
recessão no horizonte. O país está atolado na lama e não poderia estar pior.
Então faço a pergunta que fiz anteriormente, mas agora com mais medo: como
conseguimos chegar até este ponto no nosso destino político social?
Existem dois ditados populares muito famosos que sempre me
chamaram a atenção. Um deles é “A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”, uma falácia do
tamanho do universo. Nunca a voz do povo é a voz de Deus porque o povo se
equivoca e muitas vezes, se equivoca feio. O povo é guiado por promessas ridículas
de campanha eleitoral, é comprado por migalhas e o voto não poderia ser mais
ridicularizado. Embora ele se equivoque – o povo – eu acho que deveria
consertar o erro. Vemos protestos em massa na Venezuela, por exemplo, ou na Argentina,
dois países em grave crise econômica e social da América Latina. Se o povo acha
que foi lesado ou enganado, tem o direito de revoltar-se pelas vias legais
estabelecidas na Constituição e tentar mudar o rumo.
O exemplo da Venezuela é alarmante. Onde está a posição do
Itamaraty sobre as violações dos direitos humanos e políticos na Venezuela? E
os países do Mercosul? Onde estão?. Não existe uma clausula no Tratado do bloco
que autoriza a desvincular o país que sai do eixo democrático? Isso não
aconteceu com o Paraguai quando o impeachment do Presidente Lugo? O país –
membro fundador do Mercosul – foi expulso por ter saído dos canais democráticos
ao tirar o Presidente naquele momento. E agora? O que está acontecendo na Venezuela
não é motivo para expurga-lo do Mercosul? Então só posso dizer que tem “dois
pesos e duas medidas” neste assunto.
O outro ditado famoso é TODO POVO TEM O DIRIGENTE QUE MERECE.
Concordo plenamente com esta frase, e ela é consequência da outra anterior. O
povo se equivoca, mas reafirmo que “todo povo que erra também tem o direito de
consertar o erro”.
Outra questão que me deixa triste e perplexo é como o
Ocidente (todos nós) assistimos anestesiados o que acontece na Siria e no
Iraque. O massacre diário de cristãos mártires nessa região da terra em pleno
século XXI é uma verdadeira vergonha e não fazemos nada. O grande erro das potências
ocidentais é achar que o que está longe das nossas fronteiras não nos atinge.
Tivemos o exemplo do atentado de Paris e de Copenhagen. Quando acontece dentro de
casa, todo o Ocidente faz um escândalo, protesta, líderes se reúnem, os
organismos internacionais tem muito a dizer. Quando ocorre longe do nosso
ambiente, tudo bem.
Enquanto ouvi que mais uma centena de mulheres e crianças
cristãs foram massacrados e quando as hordas bárbaras (porque isso é o que são)
do grupo islâmico destruíram valiosos tesouros arqueológicos e históricos no
Iraque, aqui, no nosso mundo encantado, uma postagem sobre a cor de um vestido,
causou um interesse em toda a mídia internacional. Pode uma coisa dessas? Eu me
pergunto: Até onde chegamos?
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