sábado, 28 de fevereiro de 2015

REFLEXÕES DO COTIDIANO

Há um mês atrás, escrevi neste meio que estava “assustado” com a situação – grave e irrisória – em que chegou a Argentina. Eu escrevi naquela ocasião que as instituições argentinas não funcionavam, que o tecido social estava em frangalhos e me perguntava como eles chegaram até esse ponto, e como o povo argentino deixava ser governado por gente espantosa. Bem os comentários ao meu escrito foram positivos e alguns – alarmantes – do tipo: “A gente está chegando lá”.
Pois é. Um mês depois assistimos neste país a um espetáculo de horrores do tipo argentino. O governo federal recentemente empossado perdeu o controle da economia. Acuado por escândalos de corrupção da Petrobrás – para muitos, o maior escândalo de corrupção da era republicana – os inúmeros e desastrosos atos da “senhora Presidente”, cuja popularidade despencou altamente, é de dar medo.
Inflação em alta, crise de energia elétrica e hídrica, recessão no horizonte. O país está atolado na lama e não poderia estar pior. Então faço a pergunta que fiz anteriormente, mas agora com mais medo: como conseguimos chegar até este ponto no nosso destino político social?
Existem dois ditados populares muito famosos que sempre me chamaram a atenção. Um deles é “A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”, uma falácia do tamanho do universo. Nunca a voz do povo é a voz de Deus porque o povo se equivoca e muitas vezes, se equivoca feio. O povo é guiado por promessas ridículas de campanha eleitoral, é comprado por migalhas e o voto não poderia ser mais ridicularizado. Embora ele se equivoque – o povo – eu acho que deveria consertar o erro. Vemos protestos em massa na Venezuela, por exemplo, ou na Argentina, dois países em grave crise econômica e social da América Latina. Se o povo acha que foi lesado ou enganado, tem o direito de revoltar-se pelas vias legais estabelecidas na Constituição e tentar mudar o rumo.
O exemplo da Venezuela é alarmante. Onde está a posição do Itamaraty sobre as violações dos direitos humanos e políticos na Venezuela? E os países do Mercosul? Onde estão?. Não existe uma clausula no Tratado do bloco que autoriza a desvincular o país que sai do eixo democrático? Isso não aconteceu com o Paraguai quando o impeachment do Presidente Lugo? O país – membro fundador do Mercosul – foi expulso por ter saído dos canais democráticos ao tirar o Presidente naquele momento. E agora? O que está acontecendo na Venezuela não é motivo para expurga-lo do Mercosul? Então só posso dizer que tem “dois pesos e duas medidas” neste assunto.
O outro ditado famoso é TODO POVO TEM O DIRIGENTE QUE MERECE. Concordo plenamente com esta frase, e ela é consequência da outra anterior. O povo se equivoca, mas reafirmo que “todo povo que erra também tem o direito de consertar o erro”.
Outra questão que me deixa triste e perplexo é como o Ocidente (todos nós) assistimos anestesiados o que acontece na Siria e no Iraque. O massacre diário de cristãos mártires nessa região da terra em pleno século XXI é uma verdadeira vergonha e não fazemos nada. O grande erro das potências ocidentais é achar que o que está longe das nossas fronteiras não nos atinge. Tivemos o exemplo do atentado de Paris e de Copenhagen. Quando acontece dentro de casa, todo o Ocidente faz um escândalo, protesta, líderes se reúnem, os organismos internacionais tem muito a dizer. Quando ocorre longe do nosso ambiente, tudo bem.

Enquanto ouvi que mais uma centena de mulheres e crianças cristãs foram massacrados e quando as hordas bárbaras (porque isso é o que são) do grupo islâmico destruíram valiosos tesouros arqueológicos e históricos no Iraque, aqui, no nosso mundo encantado, uma postagem sobre a cor de um vestido, causou um interesse em toda a mídia internacional. Pode uma coisa dessas? Eu me pergunto: Até onde chegamos?

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