As águas tranqüilas do Lago Orion, no condomínio de Aldeia da Serra pareciam acordar lentamente nessa manha de primavera. A noite anterior tinha chovido muito. A grama na beira do lago estava molhada, e alguns galhos das árvores que caíram nas águas, flutuavam até uma pequena enseada.
Era domingo. Alguns moradores do condomínio costumavam caminhar ou correr ao redor do lago. Todos viam de longe o chalé de madeira e se perguntava como uma pessoa poderia viver sozinha naquela casa. Os novos vizinhos ouviam historias sobre Dona Ana Bela. Diziam que ela enlouquecera quando a morte do marido, e que quase nunca saia de casa, e que nas noites de lua cheia, pegava um bote e gritava o nome do marido por todo o lago. Eram historias, misturadas com lendas, que ninguém vira de fato.
Mas o fato é que desapareceram pessoas no lago ou perto do lago. Todos homens jovens e formosos, um estudante de medicina, um jovem engenheiro, um turista italiano que alugara uma casa por perto e um hospede do condominio. Este fora o último a desaparecer. O curioso do caso era que os corpos nunca foram encontrados. Nenhum deles, mas todos os vestígios indicavam que eles estiveram na beira do lago, e sempre os desaparecimentos aconteceram a noite.
O delegado Silveira, com um calendário nas mãos percebeu que todos os rapazes sumiram na penúltima e ultima semana do mês. Ou seja, no período de lua cheia. O caso era mais complexo do que ele imaginara.
No mês seguinte, Silveira mandou patrulhar o lago todas as noites nesse período do mês e nada acontecera. As pessoas que freqüentavam o condomínio, lhes era aconselhado a não perambular a beira do lago na noite escura.
Passaram-se mais alguns meses e nada acontecia. Silveira desistiu do patrulhamento intenso, só colocou alguns dos seus homens para que, algumas noites, pudessem verificar as imediações. O mistério persistia.
De Dona Ana Bela, ninguém mais ouvira falar.
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