segunda-feira, 14 de março de 2011

O MISTERIO DO LAGO (III) - CONTO (FINAL)


Foi então que aconteceu numa noite escura de lua cheia. Um jovem hóspede do condomínio do lago Orion dirigia o seu carro pela estrada a beira do lago. Eram mais de três horas da manha e a lua cheia era incrível. O lago adquiria uma cor prata ao ser iluminado pela lua. O jovem, cansado da balado em que estivera, ficou deslumbrado pela paisagem e estacionou o carro perto de uma pequena enseada. Sentou-se a beira da água e olhou para a lua. De repente percebeu que a uns metros dele, alguém se aproximava. Ficou assustado e levantou-se quando percebeu que uma jovem e bela mulher loira, de vestido longo branco que brilhava ao luar, sorriu para ele.
- Olá, - disse o jovem – está perdida?
- Sim, errei o caminho e não sei onde estou. O meu carro morreu perto daquela curva e preciso voltar a cidade.
- Não se preocupe, eu posso ajudar...Me diga onde está o seu carro.
- Por aqui – disse a mulher indicando o caminho. Ela estendeu-lhe a mão e ele a pegou.
A mulher misteriosa e bela o conduziu pela beira do lago onde havia um pequeno cais. Ela parou de repente.
- Podemos contemplar a lua um pouquinho. Está tão linda!
- Claro – disse o jovem embelezado pela mulher.
Nesse momento, a mulher se aproximou ainda mais dele e o abraçou e beijou. O homem não sentiu nada mais alem de uma agradável e maravilhosa surpresa. A mulher o empurrou para o lago e o jogou.
O jovem, surpreso e assustado, não conseguia sair da água. Uma força misteriosa o empurrava para baixo. Antes de sequer pedir socorro, ele desapareceu na água. A mulher entrou num pequeno bote ancorado perto do cais. Se dirigiu até o lado oposto, e atracou numa pequena praia. Um homem de branco a estava esperando. Ele, formoso e elegante, e a recebeu de braços abertos.
O corpo de Dona Ana Bela Medeiros fora encontrado no dia seguinte ao desaparecimento do quarto rapaz no outro lado do lago. Estava num pequeno bote ancorado perto da pequena praia deserta.
Jotamar Silveira entrou na cabana do lago e vasculhou os pertences da idosa a procura de alguma pista.
Um pequeno livro de capa de couro preto o chamou a atenção. Era o diário de Ana Bela. Silveira começou a folhá-lo e leu uma historia tão inverossímil quanto fantástica.
Angustiada pela morte do marido, Dona Ana Bela chorava a perda dele todas as noites de lua cheia passeando no seu bote pelo lago. Uma noite, surgiu das águas profundas uma bela mulher vestida de branco. Era uma sereia.
- Não se assuste Ana Bela, sou Christabel, a sereia do lago e sei da sua pena e da sua angustia. Vou ajudá-la se você me ajudar.
Ana Bela, surpresa, não conseguia falar.
- Vou te dar uma poção para você beber todas as noites de lua cheia e se transformar em uma jovem e bela mulher, que seduzirá ao primeiro rapaz jovem e bonito que vier a ver no lago. Você o jogará na água e ele se transformará em peixe, para a minha coleção. Em compensação, você verá o seu marido no outro lado do lago por uma hora, só por uma hora, e isso acalmará a sua dor.
Ana Bela aceitou a oferta da sereia e se transformara em uma mulher jovem e bonita que seduzia rapazes ingênuos e inocentes no lago Orion.
Quatro rapazes desapareceram. Se transformaram em peixes, por isso os seus corpos nunca foram encontrados. Silveira lia o diário incrédulo.
Então o que acontecera com Ana Bela?. Silveira concluiu que a idosa tinha se matado de alguma forma, para se juntar ao marido. Isso era outro mistério.
Mas a autopsia do corpo da idosa revelou o óbito por infarto fulminante. Os corpos das outras vitimas nunca foram localizadas.
Silveira, intrigado e desesperado, não conseguira desvendar o mistério do lago.
Quando fechou a casa de Ana Bela, olhou para o lago. As águas estavam tranqüilas e calmas e nada revelavam. Parecia um lugar sossegado e relaxante.
Mas ele sabia que por debaixo dessas águas, algo de segredo havia. Algo estava oculto. Algo que ele não podia desvendar. O mistério persistia.

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