Naquela tarde, Joan e Claire voltaram para a loja de Madame
Brigny. Entraram pela porta principal mas a Madame não estava por trás do
balcão. Então, Joan tocou a campainha para ser atendida. Elas esperaram um
pouco quando, a porta lateral da loja abriu-se e apareceu um jovem alto, com
algumas caixas na mão. Era magro, alto, branco, de cabelos castanhos, olhos escuros
e de olhar profundo.
- Pois não? – disse colocando as caixas no chão.
- Gostariamos de falar com Madame Brigny, por favor.- disse
Joan.
- Ela não está neste momento. Posso ajuda-las. – Os olhos
profundos dirigiram-se à Claire. Esta corou imediatamente.
- Bem, nos estivemos aqui no outro dia e ela ia nos dar
alguma informação sobre essências e aromas. Estamos interessadas no assunto –
continuou Joan.
- Bem, terão que esperar. Ela deve demorar mais quarenta
minutos mais ou menos. Mas fiquem a vontade, eu só estou mudando estas caixas e
já volto.
- Claro, obrigada. – Disse Joan novamente.
As meninas se olharam surpresas. Não esperavam encontrar um
jovem na loja.
- Deve ser um empregado da Madame – disse Joan em um
sussurro.
Claire assentiu com a cabeça e continuou olhando as
essências. Joan continuava curiosamente sua incursão pelo estante de aromas e
ervas, Claire foi atraída pelos diversos cheiros de aromas que vinham da porta
lateral da loja. Lentamente, ela aproximou-se do canto e pelo canto da porta
pode ver o rapaz mexendo algumas garrafas de vidro e cheirando uma a uma. Ela
viu a cena extasiada, tanto pelo cheiro das essências como pela delicadeza em
que o rapaz parecia misturar os líquidos aromáticos.
De repente, ele percebeu sua presença e sorriu para ela.
- Pode entrar? Estou misturando essências para fazer
perfumes.
- Des...desculpe, eu não queria te perturbar.
- Não está perturbando. Venha, vou lhe mostrar as essências.
Claire observou as garrafas com cuidado.
- Cheira elas. Olha esta. O que me diz do cheiro?
- Hum, deliciosa, algo selvagem, não?
- Exatamente. É PAMMOU, essência de uma erva tropical das
Ilhas Maurício.
- Que maravilha! Tem cheiro de floresta agreste e suave!
- Nossa, vejo que você entende de ervas, onde aprendeu?
- Com os índios do Brasil. Eles me ensinaram
O jovem ficou surpreso, agradavelmente surpreso. Não era todo
dia que aparecia uma jovem tão exótica e tropical diante dele.
- Então você é brasileira?
- Sim, nasci no Brasil.
- E por acaso, usou algumas ervas na sua pele? Percebi que
tem uma pele brilhante, é muito raro.
- Sim, na tribo me ensinaram a misturar algumas ervas para
passar no rosto e no corpo todo.
- Interessante! – os olhos do rapaz brilhavam de entusiasmo.
Claire sentia-se bem a vontade com ele e esquecera até da
amiga que permanecia na loja.
- Cheira esta garrafa. É VANILHA do
Taiti. É uma orquídea rara da Polinésia Francesa.
- É muito exótica mesmo. É suave e
forte ao mesmo tempo.
- Sim, esta é a tradicional LAVANDA
da Provence.
- Esta essência eu conheço. Uso muito
em casa. Meu pai gosta muito também.
- Seu pai é brasileiro?
- Não, é francês, é o meu pai
adotivo. Meus pais já faleceram, no Brasil.
- Sinto muito.
Nesse momento, uma voz gritou desde a
loja.
- Claire....Claire....onde você está?
Claire colocou a garrafa encima da
mesa e disse sorrindo.
- Desculpe, vou ver a minha amiga.
Eu, esqueci dela, acredita?
- Sim, ..claro....mas como é o seu nome? – disse enquanto a garota já saia pela porta.
- Claire...Claire Dupont.
- Prazer, eu sou Henri...
No momento em que Claire entrou para
a loja, Madame Brigny acabava de chegar.
- Bom jour meninas..
- Bom Jour, Madame...Viemos visita-la
- Mas que prazer. Eu tive que sair
fazer algumas diligencias rotineiras. Aceitam um chá?, um café?
- Um chá está bem – disse Joan
olhando para Claire, e quando a senhora entrou pela porta lateral onde
encontrava-se Henri, ela olhou para a amiga com olhos curiosos – onde você
esteve? Achei que tinha ido embora.
- Eu entrei naquela porta para ver as
essências. O rapaz..
Nesse momento, o jovem entrava com
algumas garrafas na mão.
- Claire, achei mais duas garrafas
que queria te mostrar. Olha esta, é Jazmin de Madagascar e esta é a famosa
CALÊNDULA AFRICANA. Nós a chamamos de NOIR AFRICAINE.
Claire cheirou as essências e sorriu
satisfeita.
- Adorei a CELÊNDULA....Cheira, Joan.
- Que cheiro delicioso!
Nesse momento, Madame Brigny entrava
com as xicaras de chá.
- Ah, vejo que já conheceram o meu
filho, Henri.
Claire olhou para a dona da loja um
tanto surpresa.
- Filho?
- Sou Henri Brigny, prazer novamente
Claire Dupont.