quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.V PARTE II)



Assim que chegaram a Paris, Dupont a matriculou na Saint Margarete, pois conhecia a diretora, a Madre Joanne Lacroix, e ademais era um dos colaboradores da instituição. Eles não tiveram problema em recebe-la para os cursos elementares de Francês, História, Matemáticas e Ciências naturais e Sociais.
Após as primeiras semanas muito difíceis para Alma, ou seja, Claire, ela começou a se acostumar com a sua nova situação. Na verdade, Paris a arrebatou imediatamente, fora amor à primeira vista, mas o clima era desfavorável e para sua desgraça, ela chegara no final do outono e no começo do inverno. Inverno cru e muito congelante, a moça tropical teve que enfrentar menos de zero graus no período do natal. Mas, para surpresa de seu novo pai, ela acostumou-se muito rápido, e começou a gostar das roupas quentes e aquecidas do inverno, as leituras em francês junto com seu pai frente à lareira logo foram um prazer incrível para ela.
Depois de duas semanas já podia ir sozinha para a escola. Para sua felicidade, conheceu uma colega que gostou muito dela e que a ajudou nas lições acadêmicas: Joan Mantriex, três anos mais nova, mas muito agradável e simpática. Com Joan, Claire aprendeu as ciências exatas, já que a colega era muito rápida nos números e nas contas, com o pai aventurava-se na literatura e em outras ciências humanas, assim como na biologia e ciências naturais. Joan era ruiva e sardenta, tinha olhos azuis intensos e um sorriso enigmático, era franca e muito objetiva e assim que vira aquela menina morena de olhos escuros, de pele extraordinariamente perfeita e de olhar enigmático, disse para si que seria sua amiga. Filha única de um dono de café em Montmartre, Joan sempre foi considerada uma intelectual isolada pelos outros. Era com grande sacrifício que o pai de Joan pagava seus estudos e especialmente a condução já que ela morava bem longe da escola. Montmartre ficava ao norte da cidade e no bonde, a jovem demorava quase uma hora para chegar até Saint Margarete. A chegada da nova colega vindo das Américas deu a ela uma oportunidade de sair desse isolamento que os outros colegas de curso a forçava. O interesse por aprender era voraz e a mente de Claire abriu-se para a cultura francesa. A pobre menina do interior do sertão de Pernambuco quase desapareceu diante da nova Claire Dupont. E digo quase porque, nas horas de solidão, no profundo da calada da noite, a visão do incêndio e da tragédia familiar voltava à sua mente com força. Os pais e os irmãos, Augusto e o velho Pajé cobravam vida nos seus sonhos e na sua imaginação. Ela aprendera a esconder os seus sentimentos mais cruéis de vingança, mas quando essas figuras do passado a visitavam, ela relembrava e todas as noites prometia para si mesmo que um dia ela voltaria para se vingar.
Mas agora tinha que ser uma menina obediente, tinha muito que aprender e Paris era uma cidade maravilhosa e cheia de atrativos. Lentamente, ela saiu do seu casulo e conheceu a cidade luz, o seu novo lar.

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