domingo, 7 de setembro de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.V PARTE III)



Quando a neve começava a desaparecer e dava lugar a dias de tímido sol e temperatura mais amena com a iminência da chegada da primavera, Claire e Joan exploravam a cidade. Os jardins de Luxemburgo, mais próximo da casa de Claire era um lugar encantador para se conhecer, especialmente aos domingos. Junto com Gerard Dupont, elas também iam tomar chocolate quente no FLEURS, uma “chocolateria” deliciosa perto da colina de “Sacrae Coeur” em Montmartre. Algumas noites de sábado Dupont levava a filha à “Comedie Française”, perto da Praça da Bastilha e, claro, aproveitou também para que Claire conhecesse um novo mundo no teatro da música. Ela fora a primeira vez a ópera no grande teatro. No começo ela sentiu-se muito apreensiva pois desconhecia por completo o que era uma ópera. Quando chegou ao teatro, pegou a luneta e começou a vir e ouvir essa arte tão consagrada, sentiu-se no sétimo céu. Claire Dupont começou a amar a ópera. No começo não entendia nada, depois foi ouvindo os velhos discos do pai e iniciou-se no aprimoramento das óperas francesas e italianas, e mais tarde, na ópera alemã.
Além de Saint Germain, Claire adorava Montmartre. Como Joan morava lá, ela mostrara todo o seu bairro à nova amiga. A visão de Paris desde a colina de Sacrae Coeur era imponente e Claire não deixava de se surpreender. Joan morava na Rue des 3 Fréres, perto da colina de Montmartre onde estava edificada a famosa Catedral do Sagrado Coração que também era uma escola muito importante. Exatamente a uma quadra da casa de Joan, ficava a chocolateria preferida de Claire.
E quando chegou a primavera, como era agradável caminhar a beira do rio, conhecer lugares maravilhosos como a torre Eiffel, Montparnasse, passar um dia inteiro no Museu do Louvre, ou simplesmente descobrir pequenos “bistrôs” em cada bairro que visitavam. A vida em Paris foi tornando-se agradável, um descobrimento da própria felicidade para Claire, e a menina tropical, nascida no sertão brasileiro, lentamente foi transformando-se numa moça bonita, elegante e de boas maneiras. Aprendera a falar francês muito bem, inclusive o seu suave sotaque dava um ar exótico mas agradável ao interlocutor. Na escola era muito aplicada, dedicava-se aos estudos com muito afinco e o seu pai sempre estava ali disposto a ajudá-la.
A escola elementar de Saint Margarete pertencia ao sistema educativo da ordem das Irmãs de Santa Clara, fundada no século XVII. Todas as manhãs, antes de iniciar as aulas, as alunas tinham de rezar o Pai Nosso e o Ave Maria diante das professoras, sempre freiras. A escola também tinha um pavilhão exclusiva para as noviças recém chegadas no convento. Às vezes, Claire podia ver algumas delas rezando no jardim interior do prédio que, segundo sua amiga Joan, era o mais bonito do conjunto arquitetônico de Saint Margarete.
Ao terminar as aulas, Joan e Claire iam sempre tomar a merenda num café perto da escola. Depois iam passear no jardim de Luxemburgo e quando fazia um pouco de calor, tomavam sorvete. Esses passeios agradavam Claire que sempre tinha uma história diferente para contar ao pai quando chegava em casa.

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