Em princípio era apenas uma impressão, depois de ouvir várias
pessoas sobre o assunto, percebi que estava certo. Esta é a primeira vez que
uma eleição política no Brasil está colocando a população, os eleitores, numa
cruzada de opiniões, curiosidades e, por assim diz, um interesse fora do comum.
E a razão é muito simples. Fazia muito tempo que não tínhamos um terceiro
candidato subindo nas pesquisas, uma tragédia, e os contornos de um debate que
já está muito acirrado entre a Marina Silva e a Presidente Dilma Rousseff, do
PT, nestas últimas semanas.
A tragédia da morte de Eduardo Campos, candidato à
Presidência pelo PSB, trouxe a sua então vice presidente Marina Silva na
berlinda e a colocou no foco de todas as atenções, principalmente porque em
poucas semanas ela conseguiu o que o candidato da oposição Aécio Neves do PSDB não
obteve: subir nas pesquisas e ficar tecnicamente
empatada com a atual Presidente da República.
Até então, o panorama eleitoral era a polarização política,
tão comum neste país, entre o PT e o PSDB. Mas o surgimento de Marina Silva
mudou totalmente este quadro político.
Hoje o PT está com as baterias apontadas para Silva, com tudo
o que tem de desprezível na política. O governo está pegando pesado com a
Marina e além de desqualifica-la para o cargo, a chama de “vira-casaca”, como
se isto não fosse comum na política nacional. A guerra passou para o lado econômico.
E nesta questão a Marina tem arsenal suficiente para atacar o atual governo que
tem dado mostras de uma enorme incapacidade de frear a inflação (que já
alcançou o teto da meta) e o pífio crescimento econômico em 2014, inclusive
muito atrás de países vizinhos.
O fato é que, se as pesquisas não falharem, teremos segundo
turno entre Marina e Dilma. Duas mulheres de temperamento aparentemente
opostos. Muitos eleitores acham que o PT não tem mais condições de seguir no
governo (eu me incluo nesse grupo) pois acho que a alternância no poder é a
forma mais salutar da democracia. O governo petista esgotou-se num ambiente de
corrupção, ineficiência administrativa e pessimismo econômico. O PSDB está
perdendo a grande chance de ser realmente uma opção de governo.
Por outro lado, Marina Silva ainda é um enigma político. Sua
adesão a fé pentecostal, seu desconhecimento da máquina pública e sua ambígua posição
sobre temas muito controversos e fundamentais da sociedade (como a homofobia, casamento
gay e aborto) causa muita desconfiança
na figura da candidata. De qualquer modo, para aqueles que, qualquer um serve
com tal de tirar o PT do poder, Marina Silva, certamente, bem ou mal, é uma
opção.
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