Gerard Dupont costumava jantar, pelo menos uma vez por semana
com seus colegas de trabalho da Universidade. Além de Henri Duvalle e de
Jacques Bresson, também costumavam aparecer na casa, algum professor que Claire
não conhecia ou alguma colega de meia idade que tinha algum cargo elevado na
Sorbonne ou simplesmente casais de amigos. Claire costumava não jantar com
eles, ficava no quarto lendo ou simplesmente estudando. Quando o jantar era com
Duvalle e Bresson, a quem Claire conhecia muito bem, ela gostava de participar,
senão, ficava no seu quarto até o pai vir e lhe dar o beijo de boa noite.
Mas acontecera que, um dia de primavera o pai lhe dissera que
na noite seguinte eles receberiam um amigo muito apreciado por Gerard. Alguém
do passado que não morava em Paris e que costumava visita-lo de vez em quando.
Era Monsieur Jean du Clermont que viria com seu filho desde Nantes, no interior
da França.
Jean du Clermont e
Gerard eram amigos dos tempos de estudantes da Sorbonne. Inclusive Jean era
casado com uma prima da esposa de Dupont, a sempre recordada Martine. E numa
noite agradável de finais de maio, Monsieur Du Clermont apareceu na porta da
casa dos Dupont. Era um homem alto de olhar agradável, barba e óculos, bem
trajado e todo perfumado, de sorriso agradável e muito, muito gentil. Abraçou
Gerard com alegria e dirigiu-se a ela sorrindo.
- Então esta é a pequena Claire, sua nova filha dos trópicos.
Muito prazer, Jean Du Clermont, um grande amigo do seu pai.
- Prazer, Monsieur Clermont – disse Claire um pouco atordoada
com tanta gentileza.
- E este é o meu filho, Paul.
Um jovem também muito alto e atraente, de uns vinte e poucos
anos estendeu-lhe a mão e disse quase em tom tímido:
- Prazer Mademoiselle Dupont. Paul Du Clermont.
- Muito prazer – disse Claire um pouco sem jeito.
- Muito bem, muito bem, vamos nos sentar. Querem beber algo?
– disse Gerard enquanto se dirigia até o pequeno bar para preparar os drinques.
Claire observara que durante todo o jantar, o jovem Clermont
não tirava os olhos dela. Ele era muito elegante, pensou ela. Tinha olhos azuis
e era muito atraente, um tipo de atração que provocava nela um pouco de
apreensão e timidez ao mesmo tempo.
De todos modos, ela tentou não olhar muito para ele durante o
jantar. Monsieur Du Clermont disse que o filho recém formado em Administração
pela Universidade de Nantes, gostava de negócios e grandes empreendimentos.
Pelo que Claire compreendeu durante o jantar, os Clermont
eram ricos proprietários de terras no sul da França, além de vinhedos e de
agricultura, também tinham algumas empresas de alimentos de origem animal e o
jovem Paul já trabalhava nessas empresas da família. O pai, como médico, tinha
só o controle final de tudo, mas Paul, de apenas vinte e quatro anos, era a
promessa de grande empresário.
Claire ouvia tudo isso sem o menor interesse. O jovem Paul
parecia ter saído de um conto de fadas, um príncipe azul distante e
inacessível. Até esse momento, e apesar dos olhares furtivos do rapaz, Claire
não pensou que poderia chamar a atenção do moço.
O jantar fora um êxito. E no dia seguinte, durante o
desjejum, Gerard começou a falar deles.
- Bem, cherrie, o que você achou dos nossos convidados ontem?
- Agradáveis, e muito gentis. Gostei muito deles.
- Vi que o jovem Paul não tirava os olhos de você
- Ah e?, não tinha percebido –disse a moça adoçando o seu
café.
- É um rapaz de grande futuro. Parece ter êxito na profissão,
e isso é importante. Também é muito inteligente e agradável. Como o pai.
- Você conhece Monsieur Du Clermont há muito tempo?
- Sim, desde os tempos da faculdade. Ele estudava medicina e
eu biologia. Ele casou com a prima da Martine, Marie Therese, e foram morar em
Clermont-Ferrand, ao sul do país. Tiveram um só filho. A pobre Marie faleceu no
parto, e Jean casou-se de novo após alguns anos, mas, também não tivera sorte.
A mulher faleceu de uma doença incurável oito anos depois. Ele teve que criar o
filho sozinho. Eu admiro muito o Jean, ele é um homem excelente e um pai
exemplar.
- Nossa Papá, que história triste.
- Sim, a família Clermont era proprietária de muitas terras
no sul e no norte do país, Jean conseguiu administrar todas elas e
transforma-las num colosso econômico. Graças a Deus o filho está interessado em
administrar todo esse patrimônio e o meu amigo pode dedicar-se exclusivamente à
medicina, que é a sua grande paixão.
- Interessante – disse Alma bebendo o seu café, pensativa.
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