Se a arte é a manifestação mais sublime do espírito humano,
ela é também o produto mais elaborado da inteligência prática do homem. Ela tem
o dom de provocar em nós, um turbilhão de emoções, sensações e nos move a profundas
mudanças em todos os aspectos de nossas vidas. Eis a função primordial da arte.
Ela não é entretenimento, ela é um motor que nos modifica, muda a nossa
perspectiva e nos estimula a seguir trilhas desconhecidas e impressionantes do
nosso intelecto.
Pois bem, ontem fui assistir (com Renato) a 31 Bienal de Arte
Contemporânea no Pavilhão do Ibirapuera. Como a cada dois anos, pretendo com
regularidade e paciência, entrar no mundo da arte contemporânea de maneira
simples, sem preconceitos, aberto a este novo mundo artístico que é tão
diferente da minha concepção original de arte
Este ano, o tema é CONFLITOS, ou seja confrontos não resolvidos,
versões contraditórias da mesma história ou entre ideias incompatíveis, e
através da imaginação artística, por sua vez, chegar a uma transformação que
mude à nossa visão da realidade.
E já começou com um conflito de interesses mesmo antes de sua
abertura. Artistas palestinos ameaçaram abandonar a Bienal ao saber que a
Curadoria recebeu apoio financeiro de Israel. A Bienal emitiu um comunicado à
imprensa informando que recebera patrocínios de vários países e instituições
internacionais. Resolvido o impasse, a Bienal abriu às portas no dia 6 de
setembro e vai até começos de dezembro de 2014.
Na entrada um painel de um corpo humano representando um
continente. O conflito humano característico em forma de mapa geográfico em que
os países são nomes de homens famosos e suas obras. Interessante.
Vimos instalações de artistas latino-americanos, fotos da
ditadura argentina, e muitos vídeos estranhos sobre o assunto, de várias partes
do mundo exibidos em pequenas salas escuras. Interessante.
Renato e eu começamos a ter um olhar curioso, sem sucesso.
Perguntei a ele qual era a palavra que descreveria a exposição. Palavras como EVASIVO,
VAZIO, ABSTRATO, ABSURDO, NADA, INCOMPREENSÃO, surgiam de nossos lábios sem
parar. Compreendemos então que, essa era a visão da arte contemporânea atual
para nós.
Através desses vídeos, dessas instalações estranhas,
performances, oficinas, discussões e simpósios sobre o caráter contemporâneo da
arte do nosso século, podemos observar, um tanto atônitos que a BIENAL não
provocou em nós aquilo que esperamos da arte: emoção!.
Talvez não estejamos na mesma sintonia emotiva, talvez. Talvez
justamente o absurdo e o nada sejam a mensagem desta edição da Bienal que é a
mais importante da América Latina e a segunda, em importância, do mundo atrás
da de Veneza. Mas o certo é que cheguei à conclusão, assustadora, de que, se a
arte contemporânea é o reflexo do que vivemos no século XXI, então estamos numa
época triste, cinzenta e muito perigosa, como disse uma vez a poetisa Adélia
Prado.
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