segunda-feira, 16 de agosto de 2010
ELA E O MAR
Hoje ela acordou cedo. Quando saiu do seu prédio, o sol brilhava com intensidade. Soberba manhã de setembro.
Foi até o Leme, no posto 1 e começou a sua caminhada silenciosa como se estivesse sozinha num lugar misterioso.
Pensou em Clarice Lispector. Ela morava no Leme. Observou algumas gaivotas voando perto do mar.
O mar, o misterioso e eterno ser, possuidor de mistérios. Azul ou verde, imensidão calma e ameaçante ao mesmo tempo.
Plácida e turbulenta, as ondas suaves e impetuosas pareciam recebê-la com brio. O mar é um braço do oceano que derrama os seus mistérios sobre a terra, pensou. Natureza intrépida e majestosa.
Assim ela via o mar, o mar que a acolhia e que a influenciava, que a atraia e que a protegia.
Claude Debussy fez uma composição chamada LA MER, onde a musica começa tranqüila e depois com força, simbolizando as ondas. Tem uma vibração única.
Toda vez que olhava o mar, ela se acalmava. Toda vez que olhava o mar, o seu pensamento voava ao infinito.
Ela fechou os olhos e sentiu a brisa marinha bater-lhe o rosto. Um dia – pensou – navegarei até a imensidão. Verei o por do sol no mar e o amanhecer. Dois momentos mágicos da natureza, os mais incríveis e românticos.
Lua cheia, praia solitária, o canto das ondas. Era tudo o que precisava para sentir o seu espírito se acalmar.
Sentiu o calor no rosto e continuou caminhando.
Copacabana. Os banhistas e turistas começavam a chegar. Já estava quente. O lindo e ensolarado dia convidava a ficar na praia e aproveitar o dia. Ela continuou caminhando.
Passou pelas barracas de água de coco e outras bebidas e olhava o mar profundo. Agora a cor era de um azul escuro, muito escuro, quase sem ondas. Passou frente ao Copacabana Palace, no posto 2. Estava tudo muito quieto.
No Posto 4, decidiu ir para a areia da praia e caminhou nela. Começou uma ventania. Sentiu o cheiro do mar e areia no rosto. Que sensação maravilhosa!.
Ficou de frente para o mar. Ela e ele, só os dois. Ninguém mais parecia estar ao seu redor. Era só ela e o mar. O mistério e o enigma.
Voltou ao calçadão e sentou-se numa barraca e bebeu água de coco. De repente viu grandes navios de guerra e submarinos da Marinha fazendo o famoso desfile naval. Os canhões soavam em intervalos curtos em homenagem à pátria. Hoje é o dia da independência, lembrou. De certa forma, todos estavam como protegidos por esses navios imensos e colossais.
O sol já estava muito forte. Olhou novamente para o mar. Desta vez percebeu que a cor era de um azul céu, mais claro. Já havia ondas grandes e espumosas.
Voltou a sentir a brisa marinha. Olhou o mar novamente, silenciosamente. Era um encontro de dois seres e dois mistérios nesta manhã singular de setembro.
Ela e o mar, o mar e ela. Um encontro. Um mistério. Uma eternidade.
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