segunda-feira, 9 de agosto de 2010
A FILHA DO DESTINO
Desde pequenina sempre fora um ser humano intrigante e curioso. Intrigante no meio de uma família nordestina e pobre já era uma coisa diferente. Os pais, camponeses, sobreviviam no meio de penúrias e miséria, tirando o sustento do que dava no pequeno sitio que tinham no agreste pernambucano. A única menina entre cinco irmãos mais velhos tinha o costume de acompanhar a mãe para lavar roupa no pequeno riacho ao fundo do terreno em que moravam. Lá a menina, em vez de lavar as roupas com a mãe, ficava procurando pedrinhas. Era fascinada por pedras. As que encontrava eram de todas as cores, brancas, pretas, marrons, azuis...Elas os lavava e as guardava.
A vida pode nos reservar surpresas agradáveis ou desagradáveis. Basta estarmos atentos.
Entre as pedras que juntava todas as manhãs a menina de sete anos achou um dia uma pedrinha. Esta não era igual as outras, esta brilhava. Lavou-a cuidadosamente e a guardou junto com as outras.
Mais tarde, colocou a pequena pedra que achara no riacho com as outras. Ela brilhava com uma intensidade que nunca vira antes. A menina sorriu com satisfação. Pensou que tinha encontrado um verdadeiro tesouro. Fechou os olhos e imaginou um colar com essa pedra esculpida. Pegou um papel velho, pobre e amarelo e um lápis pequeno, o único que tinha e que usava na escola, e começou a desenhar o colar que imaginava.
- Diamante – gritou a mãe – venha me ajudar na cozinha.
A pequena Diamante, totalmente absorta pelo desenho, nem ouvia a mãe chamar por ela. Foi o começo de tudo. Nunca mais deixou de desenhar.
Diamante Rocha era o nome dela. Diamante tinha um tesouro escondido, uma pedrinha brilhante e guardou esse valioso presente da natureza por muitos anos, e até se esquecera dela.
Quando tinha quinze anos ela terminara a instrução primaria e abandonara a escola. Então o destino interveio, pela primeira vez para tira-la do agreste. A mãe de Diamante tinha um tia idosa que ficara viúva havia pouco tempo. A tia Laurinda morava em Recife e escrevera uma carta pedindo se a sobrinha neta poderia cuidar dela e fazer companhia.
Foi assim que Diamante conheceu a cidade grande. No começo ficou impressionada com as ruas cheias de gente, o mercadão central, os prédios, o barulho da cidade, a beleza dos canais. Recife era, sem dúvidas, algo que ela nem tinha imaginado que fosse.
A tia Laurinda morava numa pequena casa, num bairro não tão longe do centro. Era viúva e sem filhos, por tanto a chegada da moça na casa foi um alivio e uma alegria para a velha senhora.
Ela notou em seguida que a menina era muito inteligente e imediatamente providenciou um colégio para ela. Diamante destacou-se como umas das melhores alunas. E nas horas vagas continuava desenhando jóias.
Pensando no futuro da sobrinha, Laurinda fazia planos para que a menina estudara a faculdade. Diamante terminou o colegial com vinte anos e, devido a suas notas excelentes ganhou uma bolsa da prefeitura do Recife para estudar a faculdade.
Diamante se tornara bonita e elegante. Longos cílios, olhos cor de mel, cabelo longo e preto, um sorrido encantador. Levemente tímida e introvertida, era generosa e bondosa.
Ela escolhera estudar Desenho gráfico e artístico. Causou surpresa na tia Laurinda que queria que ela estudasse enfermaria pois poderia arranjar logo um emprego garantido, mas a Diamante insistiu e mostrou firmeza e entrou na faculdade seguindo o seu desejo.
O período universitário foi como um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo. A tia Laurinda adoeceu e era evidente que com o salário de aposentada e algumas economias a situação financeira das duas não era das melhores. Diamante resolveu procurar emprego enquanto estudava.
Era evidente que no começo as dificuldades eram maiores por ela não ter experiência. Já completara os vinte e dois anos e nunca tivera carteira assinada. Começou a trabalhar como atendente de uma loja cujo dono era de uma crueldade moral execrável. Ele perseguia e assediava todas as atendentes e era evidente que a próxima seria Diamante, ainda por ser a mais bela das empregadas.
A moça só conseguiu resistir um mês e pediu demissão. Não agüentava mais. No mesmo dia em que perdera o emprego, ela sentou-se num banco de praça e começou a chorar. Uma senhora idosa passeava com um cachorrinho quando sentou-se ao seu lado e começou a consolá-la.
- Minha filha, o que aconteceu? Não chore minha filha....
Ela explicara à mulher desconhecida, mas gentil, o que acontecera. Que tinha que procurar outro emprego, que tinha uma tia doente.
A mulher olhou para ela e sorrindo disse.
- Você falou que trabalhou como atendente? Você gosta de jóias?
- Adoro jóias – disse à mulher, surpreendida -....por que jóias?
- Porque posso pedir pro meu marido, que tem uma joalheria aqui perto, ver se não arruma um trabalho pra você...Tenho certeza que lhe ajudará..Vamos, seque essas lágrimas e vamos agora mesmo, e logo ali, na esquina.
E assim, Diamante arranjara um emprego decente na joalheria do seu Jarbas, no centro de Recife. Foi ai que tudo começou.
Diamante mostrara ao seu Jarbas os seus desenhos : colares, anéis, brincos, pulseiras, e o homem ficara impressionado com eles. Decidiu mostrar os desenhos para um dos seus mais importantes fornecedores de jóias, o Senhor Dantas.
O Sr.Dantas ficou encantado e ofereceu a Diamante um emprego como desenhista de jóias na sua empresa, Quando Diamante terminou a faculdade aos vinte e seis anos já levava dois anos trabalhando para a empresa BRILHANTE JOIAS, do Sr. Dantas.
O seu Dantas tinha dois filhos. O mais velho, Agnaldo, trabalhava com o pai e era o seu braço direito. O mais novo Edmundo, estudava Administração e Finanças nos Estados Unidos e vinha ao Brasil duas vezes por ano de férias.
Numa dessas vindas, conheceu a Diamante e se apaixonou por ela.
Nessa época a tia Laurinda falecera, e foi um período muito duro para Diamante. Ela herdara a velha casa da tia e o Edmundo foi de grande ajuda moral.
Foi então, quando o jovem ainda cursava o ultimo ano nos Estados Unidos, Diamante teve a idéia de abrir o seu próprio negocio.
Edmundo a encorajou e lhe deu alguns conselhos práticos.
Com o casamento, um ano depois veio a parceria nos negócios.Diamante e Edmundo abriram a sua própria joalheria. Foi o começo de tudo.
Então a Diamante lembrou da pedrinha brilhante que achara no riacho quando era ainda uma menina de sete anos. Mostrou ao marido e ambos levaram a pedrinha ao Sr.Dantas, que era um perito em pedras preciosas. A descoberta foi simplesmente impressionante. Diamante tinha encontrado um diamante raro, muito raro e valioso. Foi então que desenhou o primeiro colar para ser usado por esse diamante e foi o começo da sua produção de jóias. A DIAMANTE ROCHA Joalheria acabara de nascer.
Diamante e Edmundo trabalharam muito no negocio que prosperou ao longo dos anos.
Então, a menina pobre do agreste pernambucana, que tinha nome de pedra preciosa, sem saber, tinha encontrado um diamante. Um presente surpresa revelado anos depois e que a ajudou muito a se transformar numa famosa designer de jóias.
Diamante Rocha transformara-se no maior expoente do negócios de jóias de todo o Nordeste Brasileiro.
A vida, realmente nos reserva surpresas agradáveis quando menos esperamos. Basta estarmos atentos.
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