Os fogos de artifício anunciavam a
festa. Muita gente juntou-se à praça principal de Inajá para participar dela.
Entre eles, os Bezerra, autoridade máxima da cidade. O prefeito Damásio
Bezerra, sua mulher e seu filho Gerônimo estavam presentes. Do outro lado da
praça, a família Rocha e os Tristão que apareceram logo depois.
Augusto ficou impressionado com a
beleza de Alma, que estava usando um vestido florido, mais bem primaveril do
que correspondente ao outono, a estação do momento. Mas o vestido ficava tão
bem na menina, que o doutorzinho não resistiu e se aproximou dela.
- Boa noite , Alma....gostaria de
dançar comigo?
- Claro doutor – disse a moça
sorrindo.
Os dois se juntaram ao grande grupo
de dançarinos que estavam na praça. A banda de Recife começou a tomar um forró
conhecido e a alegria tomou conta dos casais.
Gerônimo, que estava ao lado dos
pais, olhava com atenção à Alma e o doutor. Desde que começara a festa, queria
convidar a moça para dançar, mas o doutorzinho adiantara-se. Isso o deixou
apreensivo e um tanto alterado. Decidiu que em qualquer momento ia convidar a
filha dos Rocha para ser o seu par, e por toda a noite.
A banda parou, o prefeito Bezerra
pronunciou algumas palavras e a festa continuou. Augusto e Alma não desgrudaram
um minuto só. Foi quando nesse momento, Gerônimo apareceu diante dos dois,
acompanhado do irmão de Alma.
- Boa noite Alma, boa noite doutor!
- Boa noite – disse Augusto.
- Alma, gostaria de dançar com
você....me concede esta dança?
- Vá Alma, vá dançar, divirta-se –
disse Damião Rocha à irmã sorrindo.
Ela aceitou sem emoção. Guto viu a
moça desaparecer no meio da multidão.
- Bem, doutor, está gostando de
Inajá? – disse Damião ao Guto.
- Sim, estou gostando muito. Acho que
ficarei por muito tempo.
- Isso é uma boa noticia. Todos
gostam do senhor.
- Bem, isso também ajuda – disse Guto
sorrindo – Como está o seu avô?
- Melhorando. Mas ele não quis vir à
festa hoje. Preferiu descansar.
- Faz muito bem. Amanha irei
visitá-lo.
- Com licença doutor, minha mãe me
chama.
Augusto viu Alma e Gerônimo no meio
dos casais e percebeu que a expressão da moça era de desânimo.
- Alma, só vim para esta festa para
te encontrar...Estou feliz de rever você – disse Gerônimo.
Alma ficou em silencio.
- Você está bem, Alma?
- Sim, um pouco cansada, só...
- Então vamos parar, acho que já
dançamos muito...Quer beber alguma coisa?
- Não, obrigada. Me leva até os meus
pais, esta bem?
- Sim, claro. Mas, gostaria de dançar
mais com você esta noite.
- Desculpe, não estou me sentindo
bem. Acho que não quero dançar mais.
O rapaz ficou decepcionado.
- Aconteceu alguma coisa? Você esta
sentindo alguma coisa?
- Não, não, um pouco de dor de
cabeça, só..
- Tudo bem...- disse o rapaz,
levando- a até o outro lado da praça.
Gerônimo voltou até o grupo onde se
encontrava Damião e alguns amigos e ficou com eles. Depois de algum tempo,
procurou alma por toda a praça e não a encontrou.
- Damião, você viu a sua irmã?
- Sim, ela estava perto do carrinho
de sorvete, com o doutorzinho.
Um súbito estremecimento tomou conta
de Gerônimo Bezerra. Nesse momento percebeu que o doutorzinho era uma pedra no
seu caminho.
“Doutorzinho atrevido de meia tigela”
– pensou – “Quem acha que ele é?”
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