terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ALMA, A FILHA DO DESTINO - CAPITULO II - PARTE IV


A chuva que veio na manhã seguinte amenizou os ânimos controversos de Alma. A moça acordou com dor de cabeça. A imagem de Augusto e a leveza com que ela sentiu ao estar do lado dele, contrastava com a presença sinistra de Gerônimo Bezerra. Levantou-se e foi até a pequena cozinha da casa para tomar o desjejum. Sua mãe estava sozinha tomando um café puro, como sempre fazia. Olhou para a filha intrigada.

- Bom dia minha filha, o que você tem?

- Bom dia mãe,  acordei com uma leve dor de cabeça. Só isso.

- Humm – disse Maria das Dores e continuou fitando a filha – Ontem a noite vi o doutor Augusto falando muito com você, de que conversaram?

- Nada importante. Gostei da irmã dele.

- Acho que o doutorzinho gostou de você. Não desgrudou a noite toda.

- Eu também gostei muito dele. Ele me faz sentir bem, não sei, mais leve, diria.

- Sei o que é isso! – Disse Maria das Dores sem emoção, e assim concluiu a conversa. – Toma seu café porque devemos ir visitar o seu avô.

Pouco tempo depois, Maria das Dores e a filha chegavam ao Posto do velho Malta. Fazia muito calor e ainda não era dez da manhã. O velho Malta estava deitado na cama mas, com semblante muito melhor. “Graças a Deus”, pensou Dadá quando viu o pai muito contente essa manhã.

- Bom dia Pai, vejo que o senhor esta melhor hoje.

- Bom dia minha filha, estou muito bem,...e vejo que a minha neta parece bem disposta – disse sorrindo para Alma.

- Bom dia vovô, benção,,

- Deus te abençoe minha filha. Você parece feliz..

Alma limitou-se a sorrir um pouco acanhada.

- Bem – disse o vovô Malta – o doutor Augusto esta chegando. Mandou dizer que vinha me visitar.

Ao ouvir o nome do médico, Alma corou mas ninguém notou.

- Que bom Pai, - disse Dadá – o doutor Tristão é um médico muito bom. Todos falam muito bem dele na cidade. Em pouco tempo ficou muito popular.

- Com certeza minha filha. Eu gosto muito dele. Ele não é só o meu médico de confiança, é também um homem decente, um amigo.

Nesse instante, Alma viu o médico chegar à venda, junto com a irmã Clemência. Só ouviu quando o irmão mais velho cumprimentava Augusto com muita cordialidade.

- Bom dia doutor, o meu avô já esta esperando.

Segundos depois, Augusto entrava no quarto de Seu Damião.

- Bom dia Seu Damião...como acordou hoje?

- Bom dia doutor, muito bem...

Guto olhou para Alma e sorriu.

- Bom dia dona das Dores, Bom dia Alma.

- Bom dia doutor,  - disse Dadá – meu pai já o estava esperando ansioso.

- Bom dia – disse Alma tímida.

- Minha irmã veio comigo, Alma, quer fazer companhia a ela enquanto cuido do seu avô?

- Claro, com prazer.

Minutos depois, Alma e Clemência estavam conversando na porta da Venda.

- A festa foi muito boa, gostamos muito, mas na verdade vim para falar com você Alma. Gostaria de convida-la para tomar o café conosco hoje à tarde, pode ser?

- Claro,  obrigada.

- Minha mãe e eu estaremos felizes em te receber, o que acha às quatro e meia da tarde?

- Para mim, esta ótimo. 

- Então, esta combinado – disse Clemência com um sorriso que deixou Alma muito a vontade.

Na verdade Alma gostou de Clemência desde o primeiro momento em que a viu. A  irmã do doutor era um par de anos mais velha e mais experiente. Era da capital, Recife, e sabia muito da vida. Era natural que uma menina como Alma, que crescera no sertão, ficasse muito impressionada com a elegância, a simplicidade e também com a experiência de sua interlocutora.

Pouco depois, Augusto saiu em companhia de Dadá.

- Meninas, hora de ir. Tenho que trabalhar muito. Prazer em te ver, Alma.

- O prazer é meu, - disse a moça, quase sorrindo.

Alma os viu caminhando em direção ao hospital e não percebera que sua mãe estava bem detrás dela.

- Eles são muito decentes! – disse Dadá confiante.

- Sim, a senhorita Clemência me convidou para tomar café hoje a tarde, com ela e com a mãe.

- Muito bom – limitou-se a dizer Dadá.

 

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