A chuva que veio na manhã seguinte
amenizou os ânimos controversos de Alma. A moça acordou com dor de cabeça. A
imagem de Augusto e a leveza com que ela sentiu ao estar do lado dele,
contrastava com a presença sinistra de Gerônimo Bezerra. Levantou-se e foi até
a pequena cozinha da casa para tomar o desjejum. Sua mãe estava sozinha tomando
um café puro, como sempre fazia. Olhou para a filha intrigada.
- Bom dia minha filha, o que você
tem?
- Bom dia mãe, acordei com uma leve dor de cabeça. Só isso.
- Humm – disse Maria das Dores e
continuou fitando a filha – Ontem a noite vi o doutor Augusto falando muito com
você, de que conversaram?
- Nada importante. Gostei da irmã
dele.
- Acho que o doutorzinho gostou de
você. Não desgrudou a noite toda.
- Eu também gostei muito dele. Ele me
faz sentir bem, não sei, mais leve, diria.
- Sei o que é isso! – Disse Maria das
Dores sem emoção, e assim concluiu a conversa. – Toma seu café porque devemos ir
visitar o seu avô.
Pouco tempo depois, Maria das Dores e
a filha chegavam ao Posto do velho Malta. Fazia muito calor e ainda não era dez
da manhã. O velho Malta estava deitado na cama mas, com semblante muito melhor.
“Graças a Deus”, pensou Dadá quando viu o pai muito contente essa manhã.
- Bom dia Pai, vejo que o senhor esta
melhor hoje.
- Bom dia minha filha, estou muito
bem,...e vejo que a minha neta parece bem disposta – disse sorrindo para Alma.
- Bom dia vovô, benção,,
- Deus te abençoe minha filha. Você
parece feliz..
Alma limitou-se a sorrir um pouco
acanhada.
- Bem – disse o vovô Malta – o doutor
Augusto esta chegando. Mandou dizer que vinha me visitar.
Ao ouvir o nome do médico, Alma corou
mas ninguém notou.
- Que bom Pai, - disse Dadá – o doutor
Tristão é um médico muito bom. Todos falam muito bem dele na cidade. Em pouco
tempo ficou muito popular.
- Com certeza minha filha. Eu gosto
muito dele. Ele não é só o meu médico de confiança, é também um homem decente,
um amigo.
Nesse instante, Alma viu o médico
chegar à venda, junto com a irmã Clemência. Só ouviu quando o irmão mais velho
cumprimentava Augusto com muita cordialidade.
- Bom dia doutor, o meu avô já esta
esperando.
Segundos depois, Augusto entrava no
quarto de Seu Damião.
- Bom dia Seu Damião...como acordou
hoje?
- Bom dia doutor, muito bem...
Guto olhou para Alma e sorriu.
- Bom dia dona das Dores, Bom dia
Alma.
- Bom dia doutor, - disse Dadá – meu pai já o estava esperando
ansioso.
- Bom dia – disse Alma tímida.
- Minha irmã veio comigo, Alma, quer
fazer companhia a ela enquanto cuido do seu avô?
- Claro, com prazer.
Minutos depois, Alma e Clemência
estavam conversando na porta da Venda.
- A festa foi muito boa, gostamos
muito, mas na verdade vim para falar com você Alma. Gostaria de convida-la para
tomar o café conosco hoje à tarde, pode ser?
- Claro, obrigada.
- Minha mãe e eu estaremos felizes em
te receber, o que acha às quatro e meia da tarde?
- Para mim, esta ótimo.
- Então, esta combinado – disse
Clemência com um sorriso que deixou Alma muito a vontade.
Na verdade Alma gostou de Clemência
desde o primeiro momento em que a viu. A
irmã do doutor era um par de anos mais velha e mais experiente. Era da
capital, Recife, e sabia muito da vida. Era natural que uma menina como Alma, que
crescera no sertão, ficasse muito impressionada com a elegância, a simplicidade
e também com a experiência de sua interlocutora.
Pouco depois, Augusto saiu em
companhia de Dadá.
- Meninas, hora de ir. Tenho que
trabalhar muito. Prazer em te ver, Alma.
- O prazer é meu, - disse a moça,
quase sorrindo.
Alma os viu caminhando em direção ao
hospital e não percebera que sua mãe estava bem detrás dela.
- Eles são muito decentes! – disse
Dadá confiante.
- Sim, a senhorita Clemência me
convidou para tomar café hoje a tarde, com ela e com a mãe.
- Muito bom – limitou-se a dizer
Dadá.
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