quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAPITULO VIII PARTE III)

O elegante restaurante Excelsior em Copacabana estava lotado nessa noite abafada de sábado. Após um dia de compras, Mariana e os pais, Seu José e dona Gertrudes Albuquerque jantavam numa mesa perto da janela onde a moça podia observar os transeuntes que circulavam apressados na avenida Atlântica.  A capital irradiava brilho e fulgor. Na noite anterior eles tinham assistido um espetáculo de Revista no teatro Recreio, com o célebre Oscarito e a grande Sara Amster.
O local refulgia com a elegância das damas com seus vestidos de noite e joias cintilantes. Nesse ambiente de agradável sensação de bem estar, os Albuquerque estavam jantando. No meio da noite, já quase no começo da sobremesa, Marianinha olhou para a mesa do lado e percebeu que um homem alto e moreno, de terno branco e camisa escura olhava para ela com curiosidade. Ser observada deixou a moça encabulada primeiro, depois orgulhosa de ser notada. De vez em quando ela disfarçava na conversa com os pais para voltar a olhar. O homem não tirava os olhos dela. Em um momento, ele sorriu e levantou a taça de vinho que bebia em forma de brinde. Marianinha estava gostando dessa paquera e também sorria.
- Marianinha, o que está acontecendo? Você parece inquieta
- Nada mamãe, está um pouco quente aqui não?
- Sim, muito, mas o Rio é sempre quente, mas nossa Recife também.
E assim Mariana tentava desconversar. Momentos depois, o garçom apareceu com uma garrafa de champagne.
- Senhores, aquele cavalheiro que está naquela mesa, está oferecendo esta garrafa de champagne para vocês.
- Quem?- perguntou Seu José olhando para a mesa.
- Cortesia do Senhor Gerônimo Bezerra, de Pernambuco.
- Bezerra? Nunca ouvi falar dele.
- Papai, fica mal se não aceitarmos um presente de um dos nossos- disse Mariana sorrindo para o cavalheiro.
- Bem, então diz para o cavalheiro que aceitamos e agradecemos.
- Sim, senhor.
No final do jantar, Seu José Albuquerque aproximou-se da mesa do gentil rapaz e lhe agradeceu pessoalmente.
- Muito obrigado, senhor Bezerra. Então o senhor é de Pernambuco?.
- Sim Senhor, sou da região do Sertão do Moxotó, de Arcoverde.
- Não me diga, bem, esta é a minha família, minha esposa Gertrudes e minha filha Mariana.
- Muito prazer. Sua filha é uma moça encantadora – disse o rapaz beijando a mão de Marianinha.
Mariana sorriu com contentamento. Este rapaz simplesmente era um cavalheiro, pensou.      
- Imagino que estarão de férias – disse Gerônimo ao pai da moça.
- Sim, de fato, voltamos a Recife na próxima semana. E o senhor?
- Eu moro no Rio de Janeiro. Sou médico residente do Hospital Souza Aguiar e também atendo no Universitário.
- Interessante. E qual é sua especialidade?
- Cardiologia
- Muito bem. Então não me preocuparei do coração no Rio – disse Seu José sorrindo.- bem, muito prazer meu rapaz, mas temos que ir andando. Vamos chamar um taxi.
- Por favor, eu ofereço leva-los até o hotel, será um prazer.
- Oh, muito obrigada- disse Mariana- você é muito gentil

- Sim, obrigada meu rapaz, muito obrigada- completou dona Gertrudes.

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